Blog do Daniel Brito

Arquivo : tiro esportivo

Ela é recordista olímpica e faz campanha em prol das armas para Trump
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Daniel Brito

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A californiana Kim Rhode entrou para a história ao conquistar sua sexta medalha olímpica consecutiva durante a Rio-2016. Ela foi bronze no skeet, completando vinte anos de frequência em pódios dos Jogos. O feito inédito, no entanto, foi o assunto menos comentado na coletiva de imprensa após a cerimônia das medalhas em Deodoro, onde foram realizadas as provas de tiro esportivo. O assunto ali foi as eleições presidenciais nos Estados Unidos e a liberação da venda de armas no país.

Kim aproveitou para deixar bem claro seu posicionamento. “Eu sou totalmente a favor de Donald Trump”, disse no início da coletiva. Deu o gancho que os jornalistas precisavam para falar menos de Olimpíada e mais de política. “Seria incrível ter uma mulher como presidente dos Estados Unidos, mas que não seja Hilary”, disse, disparando uma gargalhada solitária na sala de imprensa.

Kimberly Susan Rhode, 37, é do sul da Califórnia, região repleta de imigrantes mexicanos. Os mesmos que Trump, seu candidato, quer ver fora do país. Mas não é a questão da imigração que une o controverso republicano à atiradora. “É uma lista de itens que faz você aderir a um candidato, mas para mim é basicamente a defesa da segunda emenda da constituição”, atribuiu.

O porte de armas está no centro do debate da política americana desde que Trump acusou a candidata democrata, Hilary Clinton, de “querer essencialmente abolir” a Segunda Emenda da Constituição, que se refere ao direito de porte de armas. “A segunda emenda é algo grande para mim, porque é a maneira como levo a vida e é algo apaixonante e importante para minha família há muitas gerações”, defendeu Kim na coletiva, durante a Rio-16. Na mesma ocasião, contou aos repórteres que seu filho de três anos já toma aula de tiros com rifle. Um jornalista francês ficou chocado na coletiva com essa informação.

Ela é frequentemente convidada para debates na TV sobre porte de armas, especialmente após massacres em escolas, shoppings ou outros locais públicos. Kim sempre tem um discurso pronto em favor do porte de arma e da liberação na venda.

Após conquistar a medalha de bronze na Rio-16, ela pediu para participar mais ativamente da campanha de Trump. Foi atendida. Recentemente, gravou seu segundo vídeo de 35 segundos que a campanha republicana pretende viralizar, com as propostas do candidato sobre porte de armas.

Sites e blogs republicanos apontaram discriminação da cobertura da imprensa do recorde batido por Kim na Rio-16, exatamente por ser pró-Trump. Segundo esses veículos, a notícia era muito importante e teve pouco destaque devido ao boicoite aos atletas que apoiam o candidato.

No final de semana que passou, Kim Rhode voltou a triunfar no cenário internacional: foi ouro na etapa da Copa do Mundo, em Roma. E isso, a imprensa dos Estados Unidos ignorou…


Quando o fator casa mais atrapalha do que ajuda na Rio-2016
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Daniel Brito

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Renato Portela, do tiro ao prato: “Torcida não costuma ajudar” (arquivo pessoal)

O goiano Renato Portela experimentará duas sensações jamais vividas até o próximo 12 de agosto. A primeira é  a de estrear nesse dia 12 em uma edição dos Jogos Olímpicos aos 53 anos de idade. A segunda: competir diante da torcida, especialmente, da família. Ele será o representante brasileiro na prova de skeet do tiro esportivo na Rio-16, modalidade na qual sagrou-se campeão nacional pela 11ª vez no final de semana que passou.

A idade não representa um problema neste esporte, dado que seis melhores em Londres-2012, três estavam tinham 40 anos ou mais. Atualmente, 20% dos top 30 do ranking mundo estão nesta faixa etária.

Já a presença da família é um obstáculo que Renato e os demais atiradores brasileiros terão de superar. Nenhum deles está acostumado a competir com torcida. O tiro é um esporte solitário e com raro apelo de público. Uma modalidade que tem dificuldades de se popularizar no Brasil, embora tenha sido dela o primeiro pódio olímpico do país na história moderna dos Jogos.

Desde que começou no skeet, há 18 anos, Portela disse que nunca participou de uma competição em que seus familiares estiveram presentes. Mas no Rio-16 não dá para não ir.

Estão com passagens para o Rio e ingressos comprados a mulher, a filha, a sogra, a irmã, duas sobrinhas e um cunhado.
“Não sai da minha memória uma competição que disputei no Peru. Um atirador da casa contava com o apoio da torcida e ele tinha um certo favoritismo na prova. Mas ficou tão nervoso que acabou decepcionando”, rememorou o goiano.

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Portela, 53, começou a praticar tiro ao prato há 18 anos (Arquivo pessoal)

Dirigentes do COB (Comitê Olímpico do Brasil) costumam repetir em entrevistas que competir em casa pode fazer diferença no resultado. A pressão da torcida pode influenciar o julgamento de um árbitro, fazer tremer a perna de um atleta rival ou dar um ânimo no brasileiro que precisa de um pouco mais apoio na hora da decisão.

E o fator psicológico caminha de mãos dadas com a técnica no skeet. Não basta ter reflexo apurado e bom de mira, é preciso ter controle emocional aguçado para obter uma boa performance. Portela prepare-se para os Jogos Olímpicos sem a ajuda de psicólogos. “Estou muito feliz de poder competir diante dos meus familiares, isso é motivo de orgulho para mim. Mas estou interiorizando desde agora que o Rio-16 será em condições bem diferentes das outras competições que já participei. Por isso, estou tranquilo, com os pés no chão, já ciente do que vou encarar”, avisou.

O que é skeet?

Skeet é uma das categorias do tiro esportivo. Nela, o atirador dispara em oito posições, em pratos de até 105g e 109mm de diâmetro. Eles são arremessados ao ar por máquinas situadas em casas altas e baixas e podem atingir uma velocidade de até 90km/h. No evento teste para a Rio-2016, houve uma queixa dos participantes estrangeiros quanto ao material com que foi feito o prato. Segundo o relato de Portela, muitos atiradores reclamaram que por ter sido produzido por um material diferente do habitual muitos deles não quebraram ao impacto da bala.

Uma curiosidade das provas de tiro ao prato é que nenhum dos integrantes da equipe brasileira pertence às Forças Armadas, que prefere investir nos atletas das provas de pistola e carabina.

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Portela é 11 vezes campeão nacional no skeet (Danilo Borges/ME)


Ela é prima de miss, fez balé e será primeira a disputar medalha na Rio-16
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Daniel Brito

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Rosane vai competir às 8h30 do dia 6 de agosto na carabina de ar de 10m (arquivo pessoal)

A catarinense Rosane Budag, 42, terá a responsabilidade de ser a primeira atleta brasileira a disputar medalha nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Ela entra em ação na prova da carabina de ar de 10m, de tiro esportivo, às 8h30 da manhã do dia 6 de agosto, horas após a cerimônia de abertura, na noite do dia 5, no Maracanã.

Este será o primeiro evento a dar medalha no Rio-2016. Diferentemente do torneio olímpico de futebol, em que as seleções brasileiras estrearão antes mesmo da abertura e a tabela se estenderá até o último dia dos Jogos, a prova feminina da carabina de ar de 10m promoverá a primeira cerimônia de pódio no Rio-16 antes mesmo do fim da manhã daquele 6 de agosto.

Rosane é campeã brasileira e sul-americana, e vice do Íbero-americano, e já se prepara para a enfrentar a pressão. Está se submetendo a treinamentos, inclusive psicológicos, para não sucumbir. “Faço um treinamento que é chamado de neuro-feedback, que é uma maneira de isolar o pensamento de ideias ou situações que te façam perder o foco no objetivo principal, que no meu caso é a prova”, explicou Rosane.

Ela espera uma presença grande de imprensa, ávida por notícia dos primeiros brasileiros a competir no Rio-16, além dos familiares e amigos, o que só aumenta a pressão. E este é um fator decisivo no tiro esportivo. “Nossa modalidade e 30% de técnica e 70% de equilibrio emocional, por isso o neuro-feedback ajuda bastante a não se desconcentrar”, disse a atiradora.

Mudança de hábitos
A presença de público e imprensa em sua prova é algo com o qual Rosane tem pouco hábito, dado que as competições de tiro dificilmente atrai atenção de torcedores e jornalistas. Mas mudar de hábitos não parece ter sido um problema até aqui para a catarinense de Blumenau.

Ela foi bailarina clássica, participou de apresentações para o público em seu Estado, que possui uma grande tradição em dança. “Há muito em comum entre o balé clássico e o tiro: a percepção corporal, o equilíbrio, a concentração”, enumerou a ex-bailarina.

Antes de aderir ao tiro esportivo, Rosane era gerente executiva de uma multinacional em Joinville, Santa Catarina. Para desestressar-se, ia ao estande de tiro com então marido e praticava a modalidade. Começou a disputar competições na cidade até adotar de vez a condição de atleta.

Ingrid Budag: Miss Brasil-75 (arquivo)

Ingrid Budag: Miss Brasil-75 (arquivo)

Ocupação um pouco diferente do que já fez alguns outros membros da família Budag, de origem alemã. Rosane é prima de Ingrid Budag, Miss Brasil em 1975 e uma das 12 finalistas do Miss Universo daquele ano. “Minha família tem umas três Misses Santa Catarina, tem a Ingrid que foi Miss Brasil, é muita gente bonita na família, tu precisas ver”, disse, divertindo-se. Perguntada se nunca tentou aderir ao mundo de concursos de beleza e passarela, Rosane foi taxativa: “Não. Meu pai nunca deixou”, explicou antes de cair na gargalhada.


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