Blog do Daniel Brito

Propina não daria cadeia a José Maria Marin no Brasil, diz MPF
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Daniel Brito

O Ministério Público Federal (MPF) esbarra em um entrave penal para auxiliar nas investigações sobre o caso de corrupção na Fifa envolvendo dirigentes brasileiros. A legislação brasileira não prevê sanções para casos de suborno no setor privado.

“Há uma carência legislativa de determinado tipo penal, que está previsto na Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, que é a prática de corrupção no setor privado, o suborno”, explicou Vladimir Aras, secretário de Cooperação Jurídica Internacional do Ministério Público Federal. ''É algo que pode ocorrer no caso da investigação de corrupção da Fifa'', lembrou Aras.

É uma preocupação pertinente, uma vez que a apuração da Justiça dos Estados Unidos vasculha, entre outras coisas, o pagamento de propina em transações entre grupos particulares, como a CBF e empresas de compra e venda de direitos de transmissão. Ministério da Justiça, Polícia Federal, MPF auxiliam as investigações.

A declaração de Aras foi dada durante uma das sessões da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle na Câmara dos Deputados, que debateu sobre as suspeitas de evasão de divisas, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro por parte de correntistas que tinham contas secretas no banco HSBC, na Suíça.

Em maio, na esteira das prisões efetuadas na Suíça com dirigentes investigados pelo FBI, entre os quais José Maria Marin, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, falou sobre o caso. E confirmou que a PF só pode investigar crimes tipificados pela legislação brasileira. ''Se no caso houver, e é bem provável que tenha, delitos configurados perante a legislação brasileira, a PF abrirá os inquéritos e fará as investigações rigorosas”, explicou Cardozo,

O suborno no setor privado ainda não é crime no Brasil, mas pode acarretar em sonegação e até mesmo lavagem de dinheiro. Esses, sim, tipificados na legislação do país.

Propina por direitos de transmissão
Em uma das conversas gravadas que fizeram parte da investigação do FBI no caso, o empresário J. Hawilla negocia com Marin, detido desde o final de maio em Zurique, a distribuição de R$ 2 milhões de propina relacionada aos direitos de transmissão da Copa do Brasil. Esse dinheiro seria um acordo de pagamento anual ao dirigente, segundo revelou a Justiça dos EUA.

O FBI divulgou o conteúdo da conversa, gravada pelo empresário. “Quando [Hawilla] perguntou se era realmente necessário continuar pagando propinas para seu antecessor na presidência da CBF, Marin disse: 'Está na hora de vir na nossa direção. Verdade ou não?'.Hawilla concordou e disse: ''Claro, claro. O dinheiro tinha de ser dado a você [ou vocês]'. Marin concordou: ''É isso''.

Há a suspeita de que o autal presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e o ex-presidente, Ricardo Teixeira, tenham recebido propina nesta participação, embora o processo não dê nome aos envolvidos que não estão presos como Marin. Del Nero nega que tenha embolsado qualquer quantia de suborno.

Os direitos de transmissão da Copa do Brasil pertencem à Globosat, uma das principais empresa das organizações Globo, da qual faz parte o canal a cabo Sportv. O grupo tem acordo com a TV Bandeirantes e a ESPN Brasil para exibição do certame, mas sobre essas não há indícios de que possam ser investigadas.


Com resultados de Pequim, atletismo brasileiro perderia até para o sub-18
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Daniel Brito

A delegação montada pelo Brasil para disputar o Mundial adulto de atletismo encerrado no domingo, 30, em Pequim teria dificuldades de se destacar até mesmo no Mundial Sub-18, realizado em julho passado, em Cali, na Colômbia. As marcas foram tão inexpressivas na China que nem contra jovens de 16 e 17 anos os brasileiros conseguiriam ser campeões.

É o caso, por exemplo, dos nossos dois representantes nos 400m. Hugo de Sousa, de 28 anos, e Hederson Stefani, 23, não conseguiriam ser mais rápido que o jamaicano Cristopher Taylor, que ainda vai completar 16 anos em outubro. O atleta do caribe foi campeão mundial na categoria menor com 45s27. Hederson foi nove centésimos mais lento que ele em Pequim, e Hugo, 15.

Nesta mesma prova, no feminino, Geisa Coutinho, 35, estaria fora do pódio do Mundial menor com seu 52s72. Ela foi 50 centésimos mais lenta que a medalhista de bronze em Cali, a britânica Catherine Reid, 17. A campeã entre os jovens foi a baremita Sawa Eid Naser, com 51s50.

Curioso caso dos 800m
Situação pitoresca envolve o desempenho do representante nacional nos 800m no Ninho do Pássaro, Cleiton Abrahão, que completará 26 anos daqui oito dias. Com o tempo de 1min49s79, ele cruzaria a linha de chegada mais de quatro segundos após o Willi Kiplimo Tarbei, nove anos mais jovem, e campeão mundial na Colômbia. O curioso é que o tempo de Abrahão é inferior ao que o brasileiro Luis Fernando Pires, também de 17 anos, fez para conquistar a medalha de bronze nesta competição em Cali.

Assim, o brasileiro que disputou o mundial adulto nos 800m foi mais lento que o atleta que representou o país no mundial sub-18. Mas este, não foi a Pequim.

E a diferença do nível técnico entre os adultos brasileiros e a elite juvenil mundial prossegue em provas como salto em distância e triplo masculino, nos 200m masculino e nas provas com barreiras (embora essas, entre os menores, seja mais baixa).

Poucas exceções
Os únicos brasileiros que não seriam superados por juvenis são aqueles mais experimentados, como Keila Costa, 32, que apesar da 12ª posição em Pequim, com 13m90, não teria problemas contra os menores. E Rosângela Santos, 24, que caiu nas semifinais dos 100m em Pequim com 11s07, marca suficiente para não ser derrotada pelas novatas. Mas nos 200m ela perderia o ouro para a americana Candance Hill, 16, por 44 centésimos.

A comparação dos resultados dos adultos brasileiros com os campeões do Mundial menor só pode ser feita para as provas de pista e nos saltos. Nos eventos realizados no campo, os mais jovens utilizam peso, dardo, martelo e disco com medidas menores que os adultos.

Sem novidade
Esta não é a primeira vez que nossos atletas voltam do Mundial com marcas inferiores aos mais jovens. Há cinco anos, a CBAT (Confederação Brasileira de Atletismo) dava entrevistas confirmando a diferença do nível técnico e até com um certo tom de resignação.

E está difícil vislumbrar melhoria no nosso material humano até os Jogos Olímpicos do Rio-2016. Veja qual era a posição da CBAT antes do Mundial de Pequim. “ ''É, sem dúvida, uma prévia para a Olimpíada do Rio'', comentou Antonio Carlos Gomes, superintendente de Alto Rendimento da CBAT.


Com R$ 6,5 milhões de lei de incentivo, escola falará do Rio-16 no carnaval
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Daniel Brito

A União da Ilha do Governador vai levar os Jogos Olímpicos para o desfile das escolas de samba do carnaval 2016. Nesta semana, a agremiação foi contemplada com a aprovação de um projeto de captação de R$ 6,5 milhões por meio da Lei Rouanet, de incentivo à cultura.

O tema da apresentação da escola na Sapucaí no próximo carnaval será “Olímpico por natureza: Todo mundo se encontra no Rio de Janeiro”. De acordo com o projeto aprovado, “serão distribuidos 4.000 fantasias de diversos modelos e alas produzidas pelo projeto ‘A Comunidade da Ilha do Governador e Seu Entorno’.”

Esta não é a primeira vez que a União da Ilha garante recursos da lei de incentivo à cultura. Em 2011, a escola recebeu autorização do Ministério da Cultura para captar R$ 2 milhões para produzir material do desfile do carnaval de 2012. Coincidentemente, o tema daquele ano foi os Jogos Olímpicos de Londres-2012: “De Londres ao Rio: Era uma vez… uma Ilha''.

Para fazer um desfile digno de campeã, uma agremiação gasta algo entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões. Deste valor, estima-se que até R$ 6 milhões são provenientes da Rede Globo, prefeitura, governo do Estado do Rio, Liesa (Liga das Escolas de Samba) e patrocinador master do carnaval. O restante amealha-se com a venda de fantasias, que pode custar até R$ 1.000 ao folião, patrocínios direto ou via lei Rouanet.


Ex-braço direito de Blatter no Brasil agora comanda o vôlei de praia
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Daniel Brito

Fulvio Danilas foi diretor do escritório da Fifa no Brasil: hoje está na CBV

Fulvio Danilas foi diretor do escritório da Fifa no Brasil: hoje está na CBV

Fulvio Danilas foi o número 1 da Fifa no Brasil enquanto a entidade manteve seu escritório ativo por aqui. Respondia sobre a Copa do Mundo no país. Comandava o time da entidade na organização do evento no ano passado. Amigo do francês Jerome Valcke, que o indicou ao cargo, formado em economia e relações internacionais na USC (Universidade do Sul da Califórnia), hoje é diretor do departamento de vôlei de praia da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei).

Inverteu, agora, os papéis com outro partícipe da organização da Copa no Brasil, Ricardo Trade. Conhecido como Baca, Trade é o CEO da CBV desde fevereiro e chefiava o Comitê Organizador do Mundial no país, que respondia à Fifa. Foi ele quem convidou Danilas a se juntar à confederação de vôlei neste ano.

“A CBV é um exemplo de organização. Tudo é feito sob a orientação do presidente, mas tem uma nova gestão, que é do Ricardo Trade. A ideia é sempre aprimorar. Em pouco tempo que estou lá, pude acompanhar a evolução na gestão, com a transparência, com todos os números publicados. Temos um comitê de apoio que já atua, com jogadores e ex-jogadores, treinadores”, elogiou Danilas.

Ele conversou com o blog há pouco mais de 10 dias, durante etapa do Circuito Nacional de Vôlei de Praia, realizada, coincidentemente, no estacionamento do Estádio Mané Garrincha. Arena reerguida para a Copa do Mundo no valor de R$ 1,6 bilhão, recebeu apenas cinco partidas oficiais em 2015. O atual dirigente da CBV considera importante a construção do estádio.

“Este estádio é um equipamento fantástico, incrível, comparável aos melhores do mundo. Agora, cabe aos administradores da cidade fazer bom uso dele. É sabido que Brasília tem um público ávido por eventos esportivos, por isso é um privilégio da cidade contar com esta arena”, opinou.

''Escândalos'' na Fifa
Este não é o único assunto que ele relativiza quando a pauta diz respeito à Fifa. Perguntado sobre ''os recentes escândalos de corrupção envolvendo a entidade, Danilas disse: “Pessoalmente, tenho uma percepção de que a Fifa foi envolvida mas não participou. Entidades filiadas à Fifa, pessoas, mas não funcionários da Fifa, estão envolvidas. Não foram irregularidades encontradas em competições da Fifa”, disse.

“Para uma entidade tão grande como a Fifa, que tem eventos no mundo inteiro, que envolvem tanta gente, tanto dinheiro, controlar tudo o que acontece no futebol é praticamente impossível praticamente. Não estou aqui defendendo a Fifa, mas esse “escândalo” envolve pessoas ligadas à entidade, e não tem relação com a Fifa, mas sim com a Copa América, Copa do Brasil”, explicou, puxando no ar os dedos indicador e médio quando citou a palavra escândalo.

Retorno às origens
Fulvio Danilas não é um estranho no vôlei de praia. Ele atua na modalidade desde muito antes de ela ingressar no programa dos Jogos Olímpicos. O dirigente promoveu campeonatos desde a época em que ainda eram realizados nas areias de Ipanema – hoje, o Maracanã do vôlei de praia é Copacabana -, e tinha patrocínio de marca de cigarro. “Estamos falando aí de 1987, 88”, estima.

Seu envolvimento com o vôlei vem de muito antes. No início dos anos 1980, ele foi meio de rede do time montado pela extinta companhia aérea Transbrasil, em São Paulo. E, como o mundo dá muitas voltas, tinha como preparador físico ninguém menos que o Baca, hoje seu chefe na CBV.

“Meu ingresso na CBV foi um retorno para casa. Sempre atuei no vôlei de praia. Agora, estou reencontrando gente daquela época, que era jogador e hoje é treinador ou mantém-se envolvido com a modalidade até hoje. Isso é muito bacana, mostra que deu certo”, relata.

Koch Tavares
Depois que parou de jogar, Danilas formou-se nos Estados Unidos e voltou para o Brasil para trabalhar na promoção de eventos com a Koch Tavares. A empresa realizou diversos torneios de vôlei de praia no país e fora, entre outras modalidades. Mas foi por intermédio do futebol de areia que Danilas chegou à Fifa.

Após a promoção de uma série de competições pelo mundo, ele relata, chegou ao departamento de “Beach Soccer” da Fifa em 2005. Lá, conheceu Jerome Valcke, então diretor de marketing da entidade (hoje secretário geral), de quem mantém-se amigo até hoje.

O brasileiro acredita em mudanças na Fifa depois dos recentes “escândalos”. “Minha relação com eles [Blatter e Valcke] sempre foi muito boa. Desejo sorte ao Blatter nesta missão de fazer a transição na Fifa, para que a credibilidade seja restabelecida. Eu estive lá dentro e posso testemunhar que é uma entidade que trabalha com alta competência, com organização de altíssimo nível no mundo inteiro, e que a imagem da Fifa seja restabelecida para o bem do futebol. Para o bem do esporte”, desejou.


Blog do Daniel Brito estreia no UOL Esporte
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Daniel Brito

Olá! É com muito entusiasmo que inauguramos este espaço na galeria de blogs do UOL Esporte.

O intuito aqui é abrir mais uma frente para debate e discussão do esporte olímpico e paraolímpico no Brasil. A partir de Brasília, onde está o cofre que faz a engrenagem esportiva do país girar, vamos acompanhar os fatos, ouvir opiniões e contar histórias. Sem caça às bruxas e nem oba-oba.

Tudo com o selo de qualidade do UOL Esporte e sua talentosa equipe, que colaborará com frequência para este espaço.

Conto com a participação do leitor apaixonado por esporte. Sempre com responsabilidade e, principalmente, civilidade nos comentários, para tentarmos manter as discussões em um bom nível.

Mãos à obra.