Relatório enviado à Fifa aponta políticos ligados à CBF na Lava Jato
Daniel Brito
*Com Marcel Rizzo
Está a caminho de Zurique, na Suíça, um relatório recheado de informações acerca do grupo que está no poder na CBF. São diversos dados, informações, atualizações e denúncias públicas já divulgadas no Brasil sobre Marco Polo Del Nero e sua equipe. Eles foram compilados pelo grupo político que tinha como figura central Delfim Peixoto, presidente da Federação Catarinense de Futebol, morto no acidente com o avião da Chapecoense no final do mês passado.
Um dos capítulos de relatório conta da relação da confederação nacional com políticos brasileiros. Vai apontar para parlamentares como Romero Jucá (PMDB- RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado. A Fifa será informada – e se já tiver esta informação, será relembrada -, de que ambos estão no centro do escândalo de corrupção em apuração pela operação Lava Jato.
Além disso, a atuação de ambos no plenário do Senado foi decisiva para sepultar as investigações da CPI do Futebol, encerrada há uma semana. Na reta final dos trabalhos, quando havia provas concretas de que a CBF bancou caixa dois em campanha eleitoral de Gustavo Feijó para prefeitura de Boca da Mata-AL, os pemedebistas manobraram para travar o andamento da CPI. Feijó além de ter sido eleito (e reeleito neste ano) prefeito no município alagoano é vice-presidente da CBF.
Jucá usou de sua influência para aprovar um relatório final da CPI classificado como chapa branca, porque não pediu o indiciamento de nenhum cartola, em que pese as robustas provas de ilicitudes. Um relatório paralelo, confeccionado pela equipe dos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Romário (PSB-RJ), de quase 1.300 páginas será anexado ao relatório enviado à Fifa.
O documento que irá à Fifa também deve incluir o presidente do Senado, destacado artigo do estatuto da CBF que diz que a entidade não deve ter atividades político-partidárias. É importante lembrar que a confederação possui um diretor de assuntos legislativos. Vandembergue Machado é mais assíduo no Congresso do que muitos deputados e senadores. Compareceu em todas as sessões da CPI e, por vezes, passava orientação aos parlamentares do baixo clero que não tinham segurança no discurso da CBF.
O relatório lembrará que dois diretores da entidade são deputados federais – Marcelo Aro (PHS-MG), de ética e transparência, e Vicente Cândido (PT-SP), de assuntos internacionais. E um é vice-presidente: Marcus Vicente (PP-ES). Vicente, Marco Polo e outras seis pessoas tiveram pedido de indiciamento no relatório paralelo da CPI, aquele que Jucá ignorou no encerramento da comissão.
Em poder dessas informações sobre políticos brasileiros, a Fifa não pode fazer muita coisa. Até porque até decisão do STF tem sido desconsiderada no Senado por esses dias, mas o grupo que se opõe a Marco Polo na CBF acredita que sirva como base para denúncia contra o cartola no Comitê de Ética da Fifa.