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Atleta russa que “deve medalha” olímpica ao Brasil se recusa a entregar
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Daniel Brito

Time russo de revezamento comemora o ouro em Pequim-08, perdido anos mais tarde (Al Bello/Getty)

A corredora Yulia Gushchina, 33, amargou a experiência de ter suas três medalhas olímpicas perdidas por causa de doping. Mas não foi por causa dela, e sim, por conta de suas companheiras de equipe. Ela acumulou um ouro, uma prata e um bronze em Pequim-2008 e Londres-2012 em provas do revezamento do atletismo. Mas perdeu todas porque uma ou mais parceiras testou positivo no exame antidoping. Gushchina, no entanto, jamais foi flagrada.

Uma dessas medalhas interessa ao Brasil. A Rússia foi ouro no revezamento 4x100m rasos em Pequim-2008. Porém, uma das componentes do time russo falhou no reexame das amostras de urina e sangue feitas pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) entre 2015 e 2016. Assim, a Rússia perdeu o ouro, O Brasil – que terminara aquela prova na quarta colocação com Rosemar Coelho, Lucimar de Moura, Thaissa Presti e Rosangela Santos – herdou o bronze. As belgas ficaram com o ouro, e as nigerianas, com a prata.

Doping de companheiras de equipe tirou as medalhas de Gushchina (Getty)

Quando consultada pela imprensa russa sobre a perda das medalhas, Gushchina soltou o verbo. “Eu não sei das outras garotas, mas eu não devolvo a minha”, afirmou a corredora após ser informada da terceira perda consecutiva, desta feita em reexames de urinas coletadas em Londres-2012. “Já estou levando uma vida completamente diferente, estou esperando meu segundo filho, não vou aos tribunais por causa disso”, completou.

O regulamento do COI diz que, em caso positivo de doping, o atleta medalhista é obrigado a devolver a láurea. Veja, por exemplo, o caso de Usain Bolt. Ele perdeu o ouro no revezamento 4x100m de Pequim-2008 e já devolveu sua medalha, apesar de o doping ter sido confirmado em um companheiro de equipe e não nele.

Mas os russos que estão sendo flagrados por atacado em reexames do COI de Pequim-08 e Londres-12, estão demorando para devolver. O presidente do Comitê Olímpico Russo, Alexander Zhukov, disse às agências internacionais de notícias que nenhuma desportista flagrado em doping havia devolvido a medalha. Havia a suspeita de que esse fosse um pedido expresso de Vitaly Mutko, ministro do esporte, e home forte do governo Putin. O governo, no entanto, recusou-se a comentar o caso.

O Brasil já faz planos de receber as medalhas do quarteto que herdou o bronze em Pequim-2008. Agora em março deve haver um pódio temporão.

Brasileiras celebrarão a medalha de Pequim-08 nove anos mais tarde (Al Bello/Getty Images)


O que aconteceu à corredora que ajudou a rival que caiu em prova na Rio-16?
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Daniel Brito

RIO DE JANEIRO, BRAZIL - AUGUST 16: Abbey D'Agostino of the United States (R) and Nikki Hamblin of New Zealand react after a collision during the Women's 5000m Round 1 - Heat 2 on Day 11 of the Rio 2016 Olympic Games at the Olympic Stadium on August 16, 2016 in Rio de Janeiro, Brazil. (Photo by Ian Walton/Getty Images)

Abbey D’Agostino (número 6) rompeu o ligamento cruzado do joelho esquerdo na prova dos 5.000m (Walton/Getty)

Foi uma das cenas mais marcantes dos Jogos Olímpicos Rio-2016. Aconteceu em um fim de manhã quente de agosto, na pista azul de atletismo do Estádio Olímpico Nilton Santos. Dezessete mulheres disputavam a segunda bateria dos 5.000m. Na altura dos 3.200m, a neozelandesa Nikki Hamblin tropeçou na japonesa Misak Onishi e foi ao chão. Imediatamente atrás, vinha a americana Abbey D’Agostino, que não conseguiu frear e tombou ao lado. A japonesa nada sofreu e seguiu a corrida.

Abbey rapidamente se recompôs e, em vez de sacudir a poeira e terminar sua prova, puxou Nikki pelo ombro e disse algumas palavras de incentivo. Ao tentar retomar o ritmo, desabou no chão. Só no replay do tropeção é que dá para perceber.

A perna esquerda da americana fizera um movimento brusco, quase formando uma letra S, que resultou na ruptura total do ligamento cruzado anterior do joelho, além de lesão no menisco e torção no ligamento medial colateral. Quem já sofreu este tipo de contusão sabe o quão angustiante é ver alguém vivendo esta experiência.

Lesão pouco frequente no atletismo

RIO DE JANEIRO, BRAZIL - AUGUST 16: Abbey D'Agostino of the United States (R) and Nikki Hamblin of New Zealand react after a collision during the Women's 5000m Round 1 - Heat 2 on Day 11 of the Rio 2016 Olympic Games at the Olympic Stadium on August 16, 2016 in Rio de Janeiro, Brazil. (Photo by Ian Walton/Getty Images)

(RIan Walton/Getty Images)

Quantos jogadores de futebol já não saíram de maca, aos prantos, após romper os ligamentos do joelho? É uma contusão até certo ponto comum em modalidades em que se exige a mudança de direção do atleta, como futebol e outros esportes com bola (basquete, vôlei, handebol). No atletismo acontece, mas com frequência irregular.

Pois Abbey tombou com o joelho esquerdo em frangalhos. Aí foi a vez da neozelandesa Nikki Hamblin retribuir a delicadeza e incetivá-la a terminar a prova. “Quando eu caí, me flagrei pensando: ‘Deus, o que aconteceu, por que eu estou no chão?’ Aí eu senti uma mão no meu ombro, era Abbey D’Agostino dizendo: ‘Levante-se, vamos terminar esta prova, estamos nos Jogos Olímpicos’”, relatou Nikki Hamblim aos jornalistas após a bateria.

O que D’Agostino fez a seguir parecia impossível para quem acabara de romper um ligamento, torcer o outro e lesionar o menisco. Completou os 1.800 metros restantes e fechou a prova em 17min10s02 (mais rápido que o blogueiro – o que não é difícil). Na soma do tempo de todas as participantes, a americana foi a antepenúltima, à frente de uma atleta das Ilhas Salomão e do Congo, porém, três minutos mais lenta que a campeã olímpica dos 5.000m, a queniana Vivian Cheroiyot.

Abbey D’Agostino deixou a pista em cadeira de rodas. Ganhou uma vaga na final, porém, não tinha a menor condição de competiu. E não o fez desde então. No dia seguinte já estava tudo pronto para a cirurgia de reconstrução do ligamento (praticamente do joelho todo) nos primeiros dias de setembro.

Status de campeã olímpica em casa
A partir daí, ela se tornou celebridade. Sua imagem puxando Hamblin para retomar a corrida foi tão vista pelo mundo quanto a conquista dos ouros de Phelps e Bolt ou o penâlti de Neymar contra a Alemanha. Entrou para o hall de momentos inesquecíveis, como o da maratonista Gabrielle Andersen, ao final da maratona dos Jogos de Los Angeles-84, totalmente debilitada a dar a última volta no estádio olímpico para cumprir os 42km da prova.

Abbey retornou a Boston, onde mora e estuda. Foi homenageada em um jogo do Boston Red Sox, no mítico estádio de Fenway Park, também compareceu em um jogo da NFL para receber honrarias do New England Patriots, e no jogo do Boston Celtics, da NBA. Juntou-se à judoca Kayla Harrison, que faturou o bi olímpico na Rio-16, e outros medalhistas do Estado de New England e foi laureada pelos feitos.

Espera-se que agora em janeiro ela possa retomar os treinos normalmente. “Eu espero, de verdade, que possa voltar a correr em alto nível, que ainda tenha uma jornada para seguir no mundo do atletismo”, disse ao Boston Globe, em dezembro, Abbey D’agostino.

RIO DE JANEIRO, BRAZIL - AUGUST 17: New Zealand distance runner, Nikki Hamblin and American runner, Abbey D'Agostino pose for a portrait on August 17, 2016 in Rio de Janeiro, Brazil. Hamblin and D'Agostino came last in their 5000m heat on Tuesday after they collided and fell midway through their race. The pair have been commended for their sportsmanship after they helped each other up to finish the race. (Photo by Chris Graythen/Getty Images)

Abbey (à esq.) e Nikki se tornaram amigas após o incidente (Chris Graythen/Getty Images)


O mais antigo recorde do atletismo faz 33 anos. E a história é polêmica
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Daniel Brito

Czech athlete Jarmila Kratochvilova wins the 800 m event in a time of 1:54.68 at the 1983 World Championships in Athletics, Helsinki, August 1983. (Photo by Steve Powell/Getty Images)

Jarmila Kratochvilová celebra o titulo mundial dos 800m em 1983 (Steve Powell/Getty Images)

Jarmila Kratochvilová é a corredora de atletismo da imagem acima, em registro fotográfico que, neste mês, completa 33 anos. Foi em julho de 1983 que a atleta da então Tchecoslováquia quebrou o recorde mundial dos 800m com o tempo que nenhuma outra corredora conseguiu chegar perto desde então.

Kratochvilová cumpriu a distância em 1min53s28 e as condições em que atingiu a marca enchem de suspeitas esta efeméride.

Kratochvilová tinha 33 anos, nunca havia feito parte da elite do atletismo, e essa idade dificilmente representou o apogeu de um competidor de 800m. O recorde foi em 26 de julho de 1983, em Munique, às vésperas do Mundial de Atletismo, em Helsinque, na Finlândia. Recaía sobre os países do Leste Europeu uma enorme dúvida quanto ao doping sistêmico em seus atletas, como uma forma de mostrar pujança esportiva da Cortina de Ferro.

Chegou-se até a suspeitar de que pudesse se ser o caso de  hiperandrogenia, quando o corpo produz hormônios masculino acima da média das demais de modo natural. Kratochvilová tinha corpo de lutador de wrestling, com ombros largos, músculos bem definidos, atípicos para atletas daquela geração, e até o hábito de manter os pelos nas axilas. Ela fez o teste de feminilidade na época e nada ficou comprovado. O exame hormonal, tal qual é realizado hoje em testes de dopagem, só começou a ser adotado dois anos após o recorde de Kratochvilová.

A imprensa dos Estados Unidos, ainda movida pela polarização da Guerra Fria, incentivou uma pequena campanha contra Kratochvilová. Foram ouvidos médicos, treinadores, atletas, todos a contestar a tcheca. Ela, no entanto, jamais foi flagrada em exame antidoping. Sua carreira também foi fugaz. Começou para valer ali por 1977, aos 27 anos, e em 1985 já não estava nas principais competições.

Não disputou os Jogos Olímpicos de Los Angeles-1984 porque a Tchecoslováquia acompanhou o boicote liderado pela então União Soviética. Já estava em casa, aposentada com as láureas do recorde mundial quando o mundo viu surgir uma das grandes meio-fundistas de todos os tempos, Maria Mutola, moçambicana, três vezes campeã mundial e campeã olímpica.

Nem Mutola conseguiu se aproximar dos 1min53s de Kratochvilová. Sua melhor marca foi, arredondando, 1min55s. O recorde dos 800m no feminino havia sido quebrado 20 vezes desde a II Guerra Mundial, jamais foi ameaçado de 1983 para cá. No ano passado, a queniana Eunice Sun foi a melhor do mundo na distância, com 1min56s.

LONDON - AUGUST 21 : Jarmila Kratochvilova #183 of Czechoslovakia heads towards the finishing line in the 800 metres during the 1983 Europa Cup Final at the Crystal Palace National Sports Centre on August 21, 1983 in London, England. (Photo by Trevor Jones /Getty Images)

Kratochvilová atingiu o ápica da carreira de meio-fundista aos 33 anos, idade incomum (Trevor Jones /Getty)

A prova dos 800m obteve bastante destaque no feminino com algumas atletas de histórico curioso, como a sul-africana Caster Semenya, esta sim hiperandrogênica, que bateu na casa dos 1min55s há sete anos. E Maria Savinova, russa envolvida em escândalo de ocultação de doping, campeã mundial em 2011 em Daegu, na Coreia do Sul, e olímpica em Londres-2012. O melhor tempo da vida dela, hoje banida do esporte por doping, é 1min56s19.

Há cerca de 10 anos, um jornal tcheco publicou denúncias de que Kratochvilová dopava-se e isso teria dado a ela condição para atingir o recorde. As afirmações nunca foram comprovadas e a marca de Kratochvilová permanece válida e, aparentemente, inalcançável.

Em entrevistas, ela gosta de repetir que não ganhou mais que 3 mil coroas tchecas pelo recorde, o equivalente hoje a R$ 400. “Se fosse hoje, teria faturado US$100 mil [R$ 330 mil]”, lamenta frequentemente.

Hoje ela leva a vida de forma saudável aos 65 anos como treinadora de atletismo na República Tcheca.

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Atleta que teve que provar ser mulher conquista vaga na Rio-16
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Daniel Brito

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Velocista indiana Dutee Chand após conquistar a vaga na Rio-16: “Toda mágoa e toda dor desapareceram”

A indiana Dutee Chand, 20, tornou-se a primeira velocista de seu país a conquistar uma vaga nos Jogos Olímpicos desde Moscou-1980. Em um meeting internacional na cidade de Almaty, capital do Cazaquistão, ela foi medalha de prata nos 100m com 11s24. “É engraçado porque toda aquela dor, toda a mágoa e as lágrimas que derramei simplesmente desapareceram. É como se nunca tivesse acontecido”, disse Dutee ao “Times of India“, o maior jornal em língua inglesa do país.

A dor e as lágrimas a que se refere são pelo longo e humilhante processo pelo qual foi submetida para poder competir. Dutee é hiperandrogênica, produz hormônios masculino acima da média das demais de modo natural. A IAAF (sigla em inglês para Federação Internacional de Atletismo) excluiu a indiana de competições em 2014.

Às vésperas de representar a Índia nos Jogos da Commomwealth em Glasgow-2014, ela foi submetida a um humilhante teste de femininidade pela própria federação indiana de atletismo e dispensada da delegação. Recebeu como recomendação que passasse por tratamento hormonal ou cirurgia para se adequar aos níveis de testosterona permitidos pela IAAF e pelo COI.

Dutee recebeu o apoio de um grupo de advogados australianos e canadenses especializados em questões de gênero e levou o caso até o TAS (Tribunal Arbitral do Esporte), na Suíça. Há um ano, a mais alta instância jurídica do esporte questionou a vantagem atlética dos níveis naturalmente elevados de testosterona e deu um prazo de dois anos até que se comprove cientificamente que níveis elevados de testosterona produzida naturalmente melhore o desempenho de uma atleta.

O tempo que Duttee Chand alcançou em Almaty no final de semana está longe de figurar entre os 50 melhores deste ano nos 100m. Se compararmos com o Brasil, os 11s24 empatariam com a marca alcançada por Rosângela Santos no início do mês, e que lidera o ranking nacional em 2016.

A classificação de Dutee para o Rio-16 é celebrado na Índia, nação dificilmente conhecida por seus feitos olímpicos, por ser a 100ª atleta a conquistar vaga em uma edição dos Jogos, número recorde. Mas é uma vitória maior ainda para as mulheres.

PORTLAND, OR - MARCH 19: (L-R) Anaszt¡zia Nguyen of Hungary, Jamile Samuel of the Netherlands and Dutee Chand of India compete in the Women's 60 Metres Heats during day three of the IAAF World Indoor Championships at Oregon Convention Center on March 19, 2016 in Portland, Oregon. (Photo by Christian Petersen/Getty Images for IAAF)

Dutee Chand, à dir, durante o Mundial indoor, em Portland, Estados Unidos (Christian Petersen/Getty )


Jadel Gregório, 35, treina nos EUA para último salto da carreira na Rio-16
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Daniel Brito

Jadel Gregório vem aí.

Não é a primeira vez que o leitor atento ao noticiário olímpico lê esse tipo de aviso. Mas esta pode ser a última. Pelo menos, no que diz respeito à participação do triplista paranaense em Jogos Olímpicos.

Nascido há 35 anos na pequenina Jandaia do Sul, de apenas 20 mil habitantes, Jadel dedica-se para conquistar a vaga no salto triplo nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. É lá no Estádio Engenhão onde ele espera se despedir da carreira como atleta.

É a quinta vez que ele tenta garantir-se em uma Olimpíada. Participou de Atenas-2004 e Pequim-2008. Não fosse pelas lesões, poderia ter ido a Londres-2012 e até Sydney-2000, quando ainda nem completara 20 anos.

Desta vez, ele exilou-se voluntariamente em San Diego, Califórnia. Foi com a mulher e os filhos. Lá treina, estuda e compete. No mês passado, ganhou destaque no jornal da cidade pelos resultados obtidos em competições locais.

“A ressureição da carreira de triplista brasileiro”, estampou o San Diego Tribune em sua edição impressa e online. A matéria assinada pelo jornalista Mark Zeigler traça um perfil discreto de Jadel na prova em San Diego. “Jadel já saltou mais longe do que qualquer um ali na competição, com seus 20 e poucos anos, poderia sonhar. Sem roupas de marca e com seu tênis resistido, sem marca. ‘Comprei esses aqui por US$9 na internet’”, relatou Zeigler em seu texto.

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Importante lembrar que Jadel passou por cirurgia nos dois joelhos em 2011 e, coincidentemente, após este episódio, perdeu o patrocínio de uma fabricante de material esportivo.

Do Brasil, Jadel recebe orientações de Antônio Carlos Gomes, seu técnico há cinco anos, e superintendente de alto rendimento da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo). A partir de suas orientações, Jadel tem conquistado marcas importantes. No dia em que falou ao San Diego Tribune, em 16 de abril, alcançou 16,27m, e foi segundo lugar. Melhorou a marca nove dias mais tarde, em outra competição com 16,35m e sagrou-se campeão do Triton Invitational, na Universidade de San Diego.

“Jadel virá ao Troféu Brasil muito bem. Até agora está indo muito bem nos torneios nos Estados Unidos, acreditamos que virá para o índice olímpico em junho”, projetou o técnico Antônio Carlos Gomes.

Para garantir vaga, ele precisa saltar 16,85m, no mínimo, no Troféu Brasil, no final de junho, em São Bernardo do Campo, São Paulo. Atualmente, é o quarto do ranking nacional. Só os três primeiros com índice vão ao Rio-2016. “Jadel cumpriu o papel dele no atletismo, foi medalhista mundial indoor e outdoor, campeão do Pan-Americano, recordista brasileiro e sul-americano, enfim…Fizemos uma preparação longa para que ele encerre bem a carreira aqui no Brasil, nos Jogos Olímpicos do Rio-2016”, disse Gomes.

 


Ele mudou a história do atletismo e hoje é tema de vídeo clipe de DJ sueco
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Daniel Brito

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Americano Dick Fosbury inventou o salto de costas (arquivo)

Já passa das 22 milhões de visualizações o vídeo clipe no YouTube do DJ sueco Avicii intitulado “Borken Arrows” (flechas quebradas, na tradução livre). Levado ao ar na internet pela primeira vez no final de novembro de 2015, romanceia a história de um dos nomes mais importantes da história do atletismo mundial.

O americano Dick Fosbury que revolucionou o salto em altura ao passar pelo sarrafo de costas utilizado até hoje e não mais de frente, como uma grande passada. No clipe do DJ sueco, Dick mora em um trailer mal conservado com a filha e tem tendência ao alcoolismo. Após mais um fracasso em uma competição diante da filha, ele decide mudar de vida e treinando com a própria filha, afeita a acrobacias, tem a ideia de mudar o estilo de salto. A modificação o leva a glória, até o ouro olímpico na Cidade do México-1968.

Por sorte, a primeira cena do vídeo-clipe informa que ele é apenas “inspirado em uma história real”. Porque a história de Dick Fosbury tem muitas diferenças para o que é apresentado em “Broken Arrows” – aliás, a letra não tem qualquer referência ao esporte ou Jogos Olímpicos.
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O americano da cidade de Portland não conseguia superar mais do que 1,50m no salto ao estilo antigo. Tampouco tinha uma filha quando inventou a fórmula revolucionária para vencer o sarrafo e não tinha tendência com alcoolismo (não publicamente). Fãs de Avicii na Europa publicaram no Twitter que o trecho em que se refere a bebida é uma autorreferência ao DJ, que tem um histórico de abuso de aditivos químicos.

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Trecho do clipe de Avicii que é inspirado na história de Fosbury (crédito: reprodução)

Fosbury passou três anos aperfeiçoando a técnica do salto até classificar-se para México-1968, silenciando seus críticos, como o próprio técnico e seus amigos. A técnica ganhou o nome em inglês de “Fosbury Flop”, algo como a “O salto de Fosbury”.

Acostumado a treinar em Los Angeles, na altura do nível do mar, Dick Fosbury voou na Cidade do México-68 com o recorde olímpico e o ouro ao chegar em 2,24m. Para se ter uma ideia o recorde brasileiro hoje é de Jessé Farias, com 2,32m alcançados em 2008, na Suíça.

O triunfo de Fosbury foi muito importante para o mundo do atletismo mas acabou tendo uma espaço menor na história porque foi no México-68 que os americanos John Carlos e Tommy Smith foram ao pódio após a prova dos 200m e protestaram com o braço estendido para o alto e os punhos cerrados pedindo pelos direitos civis aos negros dos Estados Unidos.

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Doping em família: mãe e filho são flagrados com EPO em provas de rua
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Daniel Brito

O comunicado oficial da CBAT (Confederação Brasileira de Atletismo) publicado há uma semana era frio, como devem ser as notas oficiais de doping. Anunciava suspensão preventiva de três atletas flagrados com substâncias proibidas em importantes competições. O primeiro nome da lista era de Sueli Pereira Silva. No pé da nota, estava Ronald Moraes da Silva.

Ambos testaram positivo para EPO (eritropoetina) na Corrida de Reis, em Cuiabá, na primeira quinzena de janeiro. Sueli também foi flagrada com a mesma substância na São Silvestre, em 31 de dezembro, em caso divulgado em primeira mão pelo meu colega de UOL Esporte e parceiro de cobertura olímpica, Eduardo Ohata.

Com a nota oficial, de 12 de fevereiro, Sueli e Ronald entraram para a história do esporte brasileiro como primeiro caso de mãe e filho flagrados no doping.

Nunca antes na história deste país…
O esporte brasileiro já viu, recentemente, outros episódios de dopagem em família. Basta lembrar do capítulo que a família Fernandes já escreveu no ciclismo nacional. Três desportistas da mesma linhagem já tiveram a carreira maculada por resultados positivos em testes de doping e punições rigorosas. Hoje elas são militares e representam as Forças Armadas do país em competições internacionais.

Mas mãe e filho flagrados é, de fato, caso raro. Até em escala internacional.

EPO dentro de casa?
Sueli e Ronald são (ou eram) treinados pelo mesmo técnico, Ronaldo de Moraes, popularmente chamado de Trovão, casado com Sueli e pai de Ronald. Embora haja suspeita, jamais comprovada, de que o EPO pode ter vindo de dentro da casa da família, Trovão não foi punido e nem sequer está sob investigação. “Estamos confiantes no julgamento”, disse o treinador ao repórter Rafael Xavier, do jornal O Popular, de Goiânia, Goiás.

Veredictos severos
Os dois atletas estão temporariamente suspensos pela CBAT até que haja o julgamento no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) da modalidade. Mas os veredictos para atletas apanhados com EPO na urina costumam ser rígidos, podendo chegar até a quatro anos de gancho. Para Sueli, por exemplo, seria o fim da carreira no alto rendimento, já que está com 37 anos, e perdeu a oportunidade de representar o Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio-2016.

Ela já foi cortada da equipe do Cruzeiro, de Belo Horizonte, Minas Gerais, por causa do doping. Ronald, que também integrava o time, fora dispensado antes mesmo da São Silvestre, motivo pelo qual não correra a tradicional prova de rua do dia 31 de dezembro em São Paulo.

Os testes que comprometeram esta família de corredores foram feitos pela ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem), um órgão do Ministério do Esporte, no LBCD (Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem), o antigo Ladetec, na UFRJ.

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Medalhista olímpica anuncia gravidez…Aos 51 anos.
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Daniel Brito

(Crédito: Reprodução)

(Crédito: Reprodução)

A jamaicana Juliet Cuthbert está grávida de seu segundo filho. Ela é dona de três medalhas olímpicas no atletismo, a última delas há 20 anos, em Atlanta-1996. Juliet Cuthbert completará no próximo mês de abril 52 anos.

A ex-atleta atualmente milita na política na Jamaica anunciou a gestação há três dias. Houve quem dissesse que seria marketing político, já que ela disputa eleição no parlamento pelo partido trabalhista na região de St. Andrew West Rural.

Há, no entanto, quem celebre o milagre da vida, porque gravidez após os 45 anos é raridade. Perto dos 40 anos há uma queda acentuada na produção de óvulos. Brasil, na Jamaica, ou em qualquer lugar,  gestação aos 50 até hoje intriga os médicos.

Juliet Cuthbert já é mãe. Ela tem um filho de 27 anos do primeiro casamento. Nasceu antes que ela subisse ao pódio olímpico pela primeira vez, o que veio a ocorrer em Barcelona-1992, quando conquistou metade das medalhas jamaicanas naqueles Jogos.

Foi prata nos 100m e nos 200m, de um total de quatro láureas da ilha caribenha na edição espanola da Olimpíada. Em Atlanta-1996, faturou sua terceira medalha, com um bronze no revezamento 4x100m.

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Juliet (esq.) e Merlene em 1992

Ela é contemporânea de Merlene Ottey, a mais longeva das atletas jamaicanas – disputou Moscou-1980 -, hoje naturalizada eslovena, tem 55 anos. Após Barcelona-92, Juliet Cuthbert morou 20 anos nos Estados Unidos. Regressou à Jamaica no início dos anos 2000. Por muito pouco escapou da morte, quando foi vítima de um sequestro em Kingston, capital jamaicana.

Dedicou-se à política em seguida, ostentando a plataforma de defender e trabalhar para os menos favorecidos. Manteve-se sempre em forma e praticando exercícios físicos regularmente. Aos 51 anos, aparenta ser mais jovem do que realmente é, o que ela atribui ao sexo. “Quando me exercito, sinto uma descarga de adrenalina no corpo, o que acaba aumentando meu desejo sexual. Quanto mais exercício pratico, mais sensual eu fico”, explicou em entrevista ao jornal Jamaica Gleaner, em 2012, quando casou-se com Levaughn Flynn, um executivo de marketing, 14 anos mais jovem que ela.

Juliet Cuthbert não informou se a gravidez é natural ou assistida.

 


Mais uma da Rússia. Atleta diz que atropelamento na infância causou doping
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Daniel Brito

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A russa Irina Maracheva, 31, entrou para a história como mais uma atleta do país a ser flagrada no exame antidoping e, principalmente, por aumentar o inventário de justificativas para que seu teste de sangue detectasse alguma substância ilegal.

“Há muito estou tentando provar a inocência de Irina [Maracheva]. O fato é que quando ela era criança, sofreu um grave acidente, foi atingida por um carro, bateu a cabeça, sofreu uma concussão séria. Isso alterou os parâmetros do sangue dela”, disse à imprensa russa Zamira Zaytseva, ex-meio-fundista da União Soviética e treinadora de Maracheva.

A atleta, bronze nos 800m no Europeu de atletismo em 2012, na Finlândia, falhou no teste do passaporte biológico, que consiste em mapear individual o sangue de cada competidor. Por isso, foi suspensa por dois anos do esporte pelo Comitê Olímpico da Rússia.

“Não conseguimos provar 100% a relação entre o trauma da infância e a alteração no sangue, mas Irina já fez exames antidoping diversas vezes antes. Por que só agora deu resultado anormal? Porque foi feito apenas o teste de sangue, quando fazem exame de sangue e urina nunca dá positivo”, explicou à agência de notícias Tuss, da Rússia.

A cruzada contra o doping no atletismo russo é grande. O país ainda não está confirmado nos Jogos Olímpicos do Rio-2016, desde que foi revelado, na segunda metade de 2015, o caso de ocultação sistemática de doping envolvendo estrelas da modalidade na Rússia. O esquema envolvia os competidores de melhores resultados em competições internacionais e há a suspeita de que havia até a participação de membros do alto escalão do governo nacional. Até o antigo presidente da IAAF (sigla em inglês para Federação Internacional de Atletismo), o senegalês Lamine Diack, e seu filho, estão envolvidos. Recentemente, a Adidas anunciou a retirada do patrocínio milionário da entidade (cerca de R$ 123,6 milhões).


Atletismo recebe R$ 26 milhões do governo para projeto com atletas da base
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Daniel Brito

A crise financeira e os cortes no orçamento da União não atingiram o Ministério do Esporte, que vai repassar R$ 26 milhões à CBAT (Confederação Brasileira de Atletismo) nos próximos 24 meses. Este valor representa mais da metade do orçamento anual da entidade (cerca de R$ 40 milhões) e será destinado para a implantação da “Rede Nacional de Atletismo”.

“Parece muito dinheiro, mas não é. Porque é um projeto para atender a todas as regiões do Brasil”, explicou Antônio Carlos Gomes, superintendente de Alto Rendimento da CBAT.

De acordo com o Ministério do Esporte, esse montante deve ser utilizado para implantação e manutenção de 12 centros de treinamentos. Estima-se que 500 atletas, preferencialmente da base, sejam atendidos. Ou seja, não é voltado para os desportistas que devem representar o Brasil nos Jogos do Rio-2016, e sim para Tóquio-2020 em diante.

Onze Estados serão contemplados com o projeto (AM, CE, MG, MT, PI, PR, RJ, RN, RS, SC e SP). Esses R$ 26 milhões não devem ser utilizados para obras ou construções. Todos os CTs já estão de pé e prontos para serem utilizados, segundo Gomes.

“É um programa que desenhei baseado no que se faz no Leste Europeu e em boa parte do mundo. Vamos implantar uma unidade no conhecimento, porque o Brasil não tem um sistema único, nacional, de treinamento”, disse Gomes, que é mestre em pedagogia do treinamento pelo Instituto Estatal da Ordem de Lênin, de Moscou, na Rússia, e doutor em ciências do treinamento desportivo de alto rendimento na Universidade Nacional da Cultura Física e Esportes, também da capital russa.

O dirigente explicou que o trabalho começa nos CTs locais, onde serão identificados talentos da região de, no máximo, 19 anos. “Os atletas participarão de estágio de desenvolvimento nos Centros Regionais de forma padronizada e unificada com a metodologia da CBAt”, explicou o Ministério do Esporte, em nota publicada em sua página na internet.

Os que se destacarem, avançam aos CTs regionais,  e dali para os nacionais, que serão no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa, em São Paulo, e na pista de atletismo do Centro de Desportos da Aeronáutica do Rio de Janeiro.

“As pessoas gostam de repetir que precisa aumentar a base para ter mais atletas de qualidade no Alto Rendimento. Mas olha ai para as corridas de rua. Temos milhares de corridas de rua no Brasil, mas quantos medalhistas olímpicos ou recordistas mundiais nos temos? Quer dizer, temos uma base grande de corredores de rua, mas a qualidade não acompanha esse crescimento. E a Rede Nacional de Treinamento chegou com este propósito, de qualificar a base. Vamos servir de modelo para outras modalidades”, previu, otimista, Antônio Carlos Gomes.

A previsão é de que em março se iniciem os trabalhos.

George Hilton

(Crédito: Roberto Castro/ME/Divulgação)