Blog do Daniel Brito

Bowie embalou atletas britânicos, mas se recusou a tocar em Londres-2012
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Daniel Brito

“We can beat them, just for one day/
We can be heroes, just for one day”

Os versos da música escrita por David Bowie em parceria com Brian Eno em 1977 ecoaram no Estádio Olímpico de Londres-2012 tão logo a delegação do Reino Unido apareceu na pista para o desfile da cerimônia de abertura da última edição dos Jogos. Foi difícil não se emocionar, até mesmo para quem estava nos pubs acompanhando pela TV.

“Heroes” embalou a equipe olímpica da Grã Bretanha, chamada de Team GB, em comerciais e nas arquibancadas. Era ''obrigatório'' tocar “Heroes” no sistema de som das arenas e estádios. Alguns trechos da letra parecem até terem sido feitos sob encomenda para os anfitriões em 2012.

''Nunca vou me esquecer do momento em que 'Heroes', de Bowie, começou a tocar quando entramos no estádio durante a cerimônia de abertura. Momento de nó na garganta'', postou em seu Twitter nesta segunda-feira, 11, o ciclista Chris Hoy, um dos maiores medalhistas olímpicos da história do Reino Unido, com seis ouros e uma prata.

Mas “Heroes”, como se sabe, não foi gravada para Londres-2012, e sim para um dos mais notórios álbuns de Bowie, de mesmo nome, lançado 35 anos antes. A letra fala de um casal apaixonado e cita o Muro de Berlim, uma vez que o lendário artista britânico morava na porção ocidental da capital alemã à época. Em sua conta no Twitter, o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha agradeceu a Bowie por ter “ajudado a derrubar o Muro de Berlim” com ‘Heroes’.

Nascido em Brixton, violento bairro no sul de Londres, Bowie foi insistentemente convidado para fechar no mais grande estilo os Jogos-2012 no Parque Olímpico, no bairro de Stratford, na outra ponta da cidade. Daniel Boyle, ganhador do Oscar com ''Quem Quer Ser Milionário'', era o responsável pela parte artística daquela cerimônia e foi até Nova York tentar convencer o artista a se apresentar em sua cidade.

“Para mim, foi incrível encontrá-lo em Nova York, porque ele é um herói para mim, de verdade. Um herói verdadeiro. Mas ele, infelizmente, disse que não queria fazer nada ao vivo naquele momento”, contou, em entrevista coletiva ainda em 2012, Boyle. Havia seis anos que Bowie estava distante dos palcos, e nem o sucesso dos Jogos Olímpicos em Londres o fez mudar de ideia.

Boyle, como grande fã, incluiu trechos de diversas músicas de David Bowie ao longo da cerimônia. Foi sua maneira de homenagear o ídolo. Mas não foi a mesma coisa de tê-lo no palco. Em seu lugar, apresentaram-se as Spice Girls, George Michael…enfim…

Como costumam repetir os ingleses: “What a pity”.

 

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Indicação ao prêmio da Fifa aumenta em seis vezes salário de brasileiro
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Daniel Brito

Wendell Lira, 26, o atacante goiano que concorre ao Prêmio Puskas de gol mais bonito, viu seu valor de mercado crescer em seis vezes desde que foi indicado à premiação, que será realizada na próxima segunda-feira, 11, na Suíça.

Quando acertou aquele belo voleio defendendo as cores do Goianésia contra o Atlético-GO, no Serra Dourada, em Goiânia, há quase um ano, Lira recebia R$ 3 mil mensais de salário. Foi contratado pelo Vila Nova da capital, em novembro, após a indicação ao Puskas, valendo R$ 18 mil por mês.

Mas o caminho até aqui foi sinuoso. Após o fim do Estadual, quando o Goianésia terminou na terceira colocação, o jogador tentou a sorte na Tombense, de Minas Gerais. Recebeu apenas um mês de salário e foi dispensado. Ficou de maio até novembro distante do futebol, sem clube.

Até que veio o Prêmio Puskas. Começaram as ligações, propostas, assédio dos empresários. E ele decidiu fechar contrato com o Vila Nova, um dos maiores clubes do seu Estado, ganhando seis vezes mais do que na época do pequeno Goianésia. A informação é da jornalista Larissa Rodrigues, publicada pelo portal Fato Online, do Distrito Federal.

Transformando em euros, dariam 4 mil mensais na conta de Lira. Quase nada perto do que seus concorrentes da segunda-feira faturam. Alesandro Florenzi, da Roma, que concorre com um chutaço da metade do campo em jogo contra o Barcelona, pela Liga dos Campeões, fatura cerca de 165 mil euros por mês (R$ 720 mil). E a comparação fica ainda mais injusta quando colocamos Lira e Florenzi ao lado de Messi, autor de uma verdadeira pintura contra o Athletic Bilbao, pelo campeonato espanhol. Estima-se que o argentino fature 21 milhões de euros por ano (R$ 92 milhões), quase 2 milhões de euros por mês (R$ 8,7 milhões).

Claro que Wendell Lira está anos luz distante de seus rivais no Puskas, mas seus rendimentos atuais já são um verdadeiro prêmio para quem durante vários meses no ano, sem clube de futebol para vestir a camisa, teve de trabalhar numa fábrica de pano de chão em Goiás, ganhando R$ 25 (vinte e cinco reais) por dia.

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Ministério promete ir ao TAS contra ciclista militar absolvida do doping
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Daniel Brito

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Uênia (terceira, da esq. para dir.) foi campeã por equipes no Mundial Militar (Divulgação)

A ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem) entrou com pedido de anulação da decisão da Confederação Brasileira de Ciclismo de absolver a ciclista matogrossense Uênia Fernandes, 31, do doping por EPO (eritropoietina). O órgão, vinculado ao Ministério do Esporte, promete levar o caso até o Tribunal Arbitral do Esporte, em Lausanne, na Suíça.

É raro, quase inédito, um atleta ser flagrado em exame de dopagem com EPO e ainda ser absolvido. Uênia alegou que a equipe da ABCD que realizou a coleta da urina em teste surpresa em setembro foi feita de forma errada e sofreu contaminação. A defesa da ciclista disse que ela não pôde se hidratar, ficou por horas submetida aos exames, e a coleta da urina do ciclista Alex Arseno, também flagrado com EPO no mesmo dia, conspurcou o frasco em que estava a urina de Uênia.

No julgamento da Comissão Disciplinar do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) do ciclismo, em 10 de dezembro, a ABCD foi citada nominalmente como responsável pela resultado positivo de doping. Porém, a entidade não foi convocada para dar sua versão, o que vai contra o CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva). Ainda assim, a comissão julgou procedente a defesa de Uênia e a absolveu.

“Mesmo que não tivesse sido citada na defesa da atleta, a ABCD tem que ser intimada a participar do julgamento, mas nem isso ocorreu”, explicou o chefe do órgão, Marco Aurélio Klein. “A decisão do STJD do ciclismo foi uma afronta à Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem. Foi dada uma sentença a um julgamento feito de forma irregular. Não questiono o resultado, mas o fato de o CBJD não ter sido obedecido. Nós vamos até ao TAS para que este julgamento seja revisto”, acrescentou.

Histórico de doping na família
Uênia é 3º sargento da Força Áerea Brasileira e é beneficiária do programa de alto rendimento das Forças Armadas. Representou o país na prova de estrada nos Jogos Militares, na cidade sul-coreana de Mungyeong, e conquistou o ouro por equipes na prova de estrada, ao lado das primas Clemilda e Janildes. Flávia Oliveira também compôs o time, mas sobre esta não recai nenhuma suspeita de doping.

Curiosamente, a família Fernandes tem uma história maculada pelo doping no ciclismo. Além de Clemilda, e Uênia, há registro de utilização de substância proibida por parte de Márcia, irmã de Clemilda e Janildes. Mais curioso ainda, todas foram flagradas utilizando-se da mesma substância: EPO.

“Não há hipótese de um atleta flagrado com EPO ser absolvido. Observa-se que há uma concentração de casos neste núcleo, mas não podemos julgar a Uênia pela Clemilda e nem por ninguém, a não ser por ela mesma”, opinou Klein.


Astro olímpico dos EUA adotou como resolução para 2016 largar um vício
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Daniel Brito

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Lochte postou no Twitter foto de seu café da manhã ultra-calórico

Era de se esperar que um astro olímpico da envergadura de Ryan Lochte estabelecesse como resolução de ano olímpico recém-iniciado a conquista de mais uma(s) medalha(s). Mas para quem já tem 11 pódios e muita confiança no que faz, é melhor estabelecer metas mais, digamos, complicadas.

Pois bem, Lochte, obviamente, não deixou de pensar em ouro olímpico, ainda mais no Rio-2016, mas ele deseja que neste ano consiga o que dificilmente teve êxito ao tentar: largar o vício de refrigerantes. O atleta, que fará 32 anos dois dias antes da abertura dos Jogos Olímpicos, declarou que tem problemas com a bebida e quer deixar de consumi-la neste ano.

“Eu tentei não tomar refrigerante, mas sempre fracasso no final do ano. Eu estava indo tão bem, não sei o que acontece. Outro dia, estava comendo uma pizza e morria de sede. Vi um refrigerante pertinho de mim e pensei: ‘Tudo bem, vou tomar’. E tomei. Este é meu ponto fraco: refrigerante”, confessou o nadador dono de quatro medalhas de ouro olímpicas a jornalista Aimee Berg, da ESPNW, dos Estados Unidos.

Lochte tem um histórico de alimentação pouco comum para atletas de altíssimo nível, como ele. Quando começou a despontar e bater de frente com Michael Phelps nos 200m medley em piscinas pelo mundo, costumava brincar dizendo que seu desempenho se devia à alimentação à base de fast food e muito refrigerante. Após o ouro no revezamento 4 x 200m medley e nos 200m costas em Pequim-2008, disse que fazia três refeições diárias no McDonald´s da Vila dos Atletas.

Mas, de uns anos para cá, decidiu balancear a dieta, e recentemente postou em sua conta no Twitter antes de um café da manhã “típico” do atleta. Na mesa, se via uma bandeja de massa, asas de frango, carne e 30 aspargos no molho.

Pelo menos não tomou refrigerante no café da manhã.


Mesmo que fracassemos na Rio-16, esporte olímpico ainda terá R$ 600 milhões
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Daniel Brito

Entramos em 2016 convidando os raros leitores deste blog para uma reflexão um pouquinho mais adiante. Mesmo que os atletas brasileiros sucumbam ao nervosismo de competir diante de sua torcida no Rio-2016, ainda que os estrangeiros tenham se preparado melhor, e que o desempenho da delegação nacional seja abaixo do esperado. Mesmo que tudo dê errado para o Brasil nos Jogos Olímpicos em casa, ainda assim, o esporte olímpico do país não poderá se queixar da fuga de investimento.

Não me refiro nem à quantidade amazônica de recurso público empreendido na preparação para 2016, mas sim no que os esportes olímpicos já têm garantido a partir de 2017. As confederações poderão contar com, pelo menos, R$ 600 milhões do governo para continuar o desenvolvimento no esporte de alto rendimento.

E neste valor estou arredondando para baixo o total disponível para os atletas e confederações. Nesta conta aí, entram “apenas” os R$ 200 milhões da Lei Piva, advindos do prêmio das loterias federais para o COB (Comitê Olímpico Brasileiro), e outros R$ 400 milhões de lei de incentivo ao esporte.

Trata-se de uma estimativa pessimista, ela considera que todo o investimento das empresas estatais serão retirados das confederações. Correios, Banco do Brasil, Caixa e Petrobras são grandes mantenedores do esporte olímpico neste ciclo para o Rio-2016. Ainda que elas radicalizem e cortem pela raiz os repasses diretos às entidades, as estatais ainda poderão contribuir via lei de incentivo. Até mesmo da iniciativa privada, que sempre deu de ombros para o esporte olímpico.

Mais transparência
Nada mais prático, afinal, dinheiro da lei de incentivo já é um recurso que está saindo do caixa das empresas e sendo entregue ao governo. A União, por sua vez, cede 1% do Imposto de Renda das empresas e o destina para projetos esportivos aprovados previamente por uma comissão do Ministério do Esporte. Em 2015, este programa foi prorrogado até 2022. O limite estabelecido pelo governo é de R$ 400 milhões em isenções.

Mas aproximadamente R$ 200 milhões por ano deixam de ser captados pelas entidades esportivas, por diversos motivos, entre os quais, projetos desinteressantes para os investidores.

E a lei de incentivo é ainda melhor para o esporte, porque prima pela transparência. Os recursos costumam ser rigorosamente fiscalizados pelo TCU (Tribunal de Contas da União). Evita assim escândalos como o que o jornalista Lúcio de Castro revelou na Confederação Brasileira de Vôlei e, mais recentemente, na Confederação Brasileira de Basquete. Ambas as entidades recebiam investimentos diretos de estatais (Banco do Brasil e Eletrobras, respectivamente).

Arrecadação recorde da Lei Piva
Já a Lei Piva garante 1,7% do prêmio das loterias federais ao COB. Anualmente, o comitê recebe quase 20% acima do previsto. Para se ter uma ideia, em 2014, a entidade arrecadou quase R$ 40 milhões além da estimativa inicial. A projeção era de R$ 180 milhões das loterias e o embolsado foi na casa de R$ 218 milhões.

Os números preliminares de 2015 mostram que o COB deve receber pelo menos R$ 215 milhões no ano que se encerrou na quinta-feira passada. A arrecadação das loterias federais no Brasil vem com tendência de alta há mais de cinco anos.

Também tirei do total de recursos que o esporte olímpico terá após o Rio-2016 a contribuição que o Ministério do Esporte dá ao alto rendimento. Até porque, em meio à crise que o país atravessa, é improvável que a pasta continue existindo nesta configuração, com orçamento quase que bilionário, em troca de apoio político.

Mas o fato é: não faltará dinheiro para o esporte olímpico a partir de 2017.
Esperamos que a cartolagem tenha aprendido a se planejar.


Estrangeiros vão treinar mais no Rio antes da Olimpíada do que brasileiros
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Daniel Brito

Poluída ou não, a Baía de Guanabara não pode ser considerada uma região desconhecida para os velejadores nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Ingleses, franceses, americanos, e outros estrangeiros completarão três anos de rotina quase que diária de treinamentos no local que receberá as provas de vela em agosto próximo.

Os times mais fortes da modalidade botaram praça e instalaram suas bases em diversos pontos da Baía e dedicam-se a estudar o local, as marés, as correntes de vento, o clima e a poluição que predominam na raia olímpica. Disputam até a Copa Brasil de Vela, encerrada há dez dias, principal competição no calendário nacional.

E mais: quando os Jogos Olímpicos do Rio-2016 começarem, terão mais horas de treino na maré da Guanabara do que a própria equipe brasileira. “Algumas equipes internacionais já treinaram igual ou mais que a seleção brasileira de vela na raia olímpica na Baía de Guanabara”, apontou Marco Aurélio de Sá Ribeiro, presidente da CBVela (Confederação Brasileira de Vela).

“Os Estados Unidos não se encontram na melhor fase na nossa modalidade, mas estão aqui [na Baía de Guanabara] há um bom tempo. Mas as potencias Inglaterra, Austrália, França, que fez nos últimos quatro anos um trabalho impressionante, estão na Baía de Guanabara treinando e conhecendo tudo desde 2013”, acrescentou o cartola.

Na Copa Brasil, por exemplo, os ingleses ficaram com sete medalhas, sendo quatro de ouro. Eles são tidos como os grandes rivais da seleção brasileira nos Jogos-2016. “Brasil e Reino Unido são inimigos dentro da água, não trocamos nenhuma informação, quando o assunto é competição. Mas fora da água, a gente coopera, passa informações, até porque, politicamente, eles nos ajudaram em Londres-2012 e nós os ajudamos em 2016 em vários pontos”, explicou o presidente da CBVela.

Culpa no ministério
Segundo Ribeiro, a responsabilidade pelo pouco tempo de treinamento dos brasileiros na região é pelos critérios exigidos para receber o bolsa pódio, programa do Ministério do Esporte, que contempla os melhores brasileiros no ranking mundial com até R$ 15 mil mensais.

“Nosso atleta é obrigado a correr atrás de resultado lá fora para poder ter ranking mundial e estar no bolsa pódio. Enquanto que o estrangeiro fica no Brasil treinando. No primeiro semestre de 2016, o atleta brasileiro vai passar quatro meses no exterior. Um velejador daqui faz pelo menos dez competições internacionais no mesmo ano. Se ele não está no ranking, perde o acesso ao bolsa podio, porque precisa daqueles resultados, e a bolsa pódio é muito importante para ele e para nós”, justificou Ribeiro.

As declarações foram dadas em audiência pública na Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados, em Brasília.

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São Silvestre deste ano terá blitz de controle antidoping
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Daniel Brito

A São Silvestre deste ano terá uma operação especial da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem). Uma equipe com profissionais do Rio e de Brasília está em São Paulo preparando uma blitz antidoping na tradicional prova do dia 31 de dezembro.

“Nosso objetivo é fazer cerca de 20 coletas de urina para serem analisadas no LBCD”, explicou Marco Aurélio Klein, chefe da ABCD, citando o recém-inaugurado Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem, o antigo Ladetec, no Rio.

O número representa o dobro do que costumeiramente a São Silvestre submeteu seus atletas. Klein explicou que não apenas os atletas que forem ao pódio serão testados, mas também outros participantes serão alvo, alguns até indicados pelo serviço de inteligência da agência no combate e prevenção ao doping. Inclusive os estrangeiros.  “Serão realizados todas as análises possíveis da urina coletada, e apenas da urina. Inclusive a utilização da EPO”, informou Klein, referindo-se ao hormônio chamado eritropoietina, que aumenta a oxigenação do sangue.

Nas últimas oito edições, apenas um brasileiro conseguiu sagrar-se campeão: Marílson Gomes dos Santos, em 2010. De 2007 para cá, foram cinco triunfos quenianos e dois etíopes. No feminino o jejum é ainda maior. O último triunfo brasileiro foi de Lucélia Peres, em 2006.

A largada da prova feminina da São Silvestre neste ano será às 8h40 (de Brasília) desta quinta, 31. Às 9h, ocorre a partida da elite masculina.


Tem país desistindo da Olimpíada para não amargar a lanterna
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Daniel Brito

Christine Roos, lllse Davids, Bernadette Coston, Toni Marks and Celia Evans of South Africa during the 2015 Greenfields Africa Hockey Championships Women game between South Africa and Ghana at the Randburg Hockey Stadium in Johannesburg, South Africa on November 01, 2015 ©Samuel Shivambu/BackpagePix

Não valeu: seleção de hóquei da África do Sul foi campeã continental mas não virá em 2016

O Comitê Olímpico da África do Sul decidiu que as seleções masculina e feminina de hóquei na grama do país não participarão dos Jogos do Rio-2016. O motivo é tão simples quanto controverso: as equipes não reúnem condições de disputar medalha olímpica. Logo, se é para para fugir da lanterninha aqui no Brasil, melhor nem vir.

Assim sendo, a vaga adquirida pelos sul-africanos ao sagrarem-se campeões continentais não teve valor algum para o Comitê Olímpico da África do Sul, cuja sigla em inglês é SASCOC. O comitê entende que a vaga teria de ser conquistada na Liga Mundial, contra os melhores do mundo e não apenas os rivais do continente. Fato que não ocorreu.

A decisão polêmica foi levada até ao COI (Comitê Olímpico Internacional) pela federação nacional de hóquei na grama, mas a entidade sediada na Suíça deu razão ao SASCOC.

Iniciou-se então campanha na internet, que pedia a adesão de 25 mil pessoas, mas só conseguiu 16 mil apoiadores.

O hóquei sul-africano frequenta os Jogos Olímpicos desde 1996 seja com uma equipe no masculino ou no feminino. Mas sempre ocupou a última ou penúltima colocação ao final. Raramente, conseguiu ser apenas o terceiro pior de uma Olimpíada. E é isto que o SASCOC diz querer evitar.

A entidade, no entanto, tem sido questionada pelo apoio que vem dando ao futebol feminino. Em sua coluna no jornal The Citizen, de Johannesburgo, o jornalista Jaco van der Merwe apontou a diferença no tratamento dado às duas modalidades.

“Depois que se classificaram para o Rio-2016, as jogadoras da seleção de futebol foram tratadas como heroínas, angariaram milhões de rands [moeda local] em contribuições do público, mas se esquecem que elas terminaram em 10º entre 12 participantes nos Jogos de Londres-2012”, afirmou Van der Merwe. “Tanto as seleções de hóquei quanto o time de futebol feminino são medíocres e ambos lutariam para evitar ficar com a ‘wooden spoon’ no Rio-2016”, apontou o jornalista, usando o termo em inglês que corresponde à “lanterninha da competição” em português.

No lugar dos sul-africanos, a Nova Zelândia ganhou a vaga no masculino e a Espanha, no feminino.


Torcedores do River protestam em voo de volta do Japão. Sobrou para o Boca
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Daniel Brito

Quando os torcedores do River Plate começaram a cantar, pular nos assentos e batucar nos compartimentos de malas do Boeing 777-300 da Emirates, era muito mais um protesto do que uma celebração.

Eles estavam em Dubai, após 12 horas de voo desde Tóquio, de onde viram o time ser facilmente batido pelo Barcelona, no domingo, no Japão. Deixaram a capital japonesa duas noites após a  decisão do mundial de clubes, e desembarcaram em Dubai para uma espera de seis horas até atravessarem a África e o Atlântico em outras 14 horas de voo até São Paulo. Dali, outras oito horas de espera para entrar em uma aeronave da Aerolíneas Argentinas rumo a Ezeiza, em Buenos Aires.

Mas uma falha no sistema de circulação de ar na cabine de repouso das comissárias de bordo minutos antes da decolagem empacou toda a saga ainda em Dubai e desatou a loucura Millonaria, um dos apelidos do River.

Foram 90 minutos embarcados e parados à espera de 1) explicação e 2) decolagem. Veio a opção 3) nenhuma das anteriores. O comandante disse apenas que ''um pequeno problema'' atravancava o prosseguimento da viagem e pediu, gentilmente, que todos desembarcassem para que novos testes fossem feitos com a aeronave vazia. A promessa era de que dentro de 1h30, todos estariam reacomodados prontos para voar.

Quem paga a conta do atraso?
Deram-lhes voucher de alimentação no McDonald's, Burger King ou equivalente. Como o aeroporto de Dubai e a companhia aérea são do mesmo sheik, a fatura saiu da mesma cofre.

A espera que seria de 1h30 durou mais de 2h. Los Millonarios seguiram todas as orientações sem reclamações. Não só eles, como o zagueiro Lúcio, que voltava da Índia, onde disputou uma liga independente de futebol, alguns outros companheiros de equipe, o ex-governador do Estado do Ceará e ex-ministro da Educação, Cid Gomes, entre outros.

Mas esses estavam na primeira classe e executiva. Não viram quando, após um segundo embarque, o tal sistema de circulação de ar na cabine de repouso das comissárias de bordo tornou a falhar. Foi impossível conter o protesto, um tanto bem humorado, diga-se, daquele grupo de mais de 100 torcedores do River. Quase cinco minutos de cantoria e batucada. Cantaram várias coisas, mas dedicaram-se a plenos pulmões a  repetir uma música feita para provocar os torcedores do Boca Juniors, a quem chamam de ''bosteros'':

Te sacamos de la copa, te sacamos otra vez
che bostero hijo de puta te volvimos a coger
lloraste por las patadas
lloraste como un cagon
llora ahora que la copa la ves por television
tiraste gas, abandonaste
lo suspendiste porque no tenes aguante

Até que a chefe de cabine decidiu sair da primeira classe e encarar a hinchada:
“Ou vocês param de gritar e pular nas cadeiras ou vou chamar a polícia para tirá-los da aeronave”, ameaçou no sistema de som.
A pequena multidão se calou aos poucos, afinal ainda faltava muito para chegar em casa e era antevéspera de natal. Ninguém ali parecia estar disposto a ficar nem mais um minuto num lugar tão árido como o aeroporto de Dubai. Ainda mais no dia 24 de dezembro.

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Por causa do atraso, os argentinos também perderam a conexão em Guarulhos.


Liga Indiana que teve Zico e Elano é um showbol com grife
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Daniel Brito

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Marketing agressivo: Liga pagou para ser capa do ''Times of India'' de domingo (Daniel Brito/UOL)

NOVA DELHI – A final da Indian Super League (ISL) foi estampada na capa do jornal ''The Times of India'' no domingo, 20. O jogo entre Goa FC, treinado por Zico e com Lúcio na zaga, contra o Chennaiyin, que conta com Elano do time comandado pelo italiano Marco Matterazzi, ganhou destaque nem tanto pelo interesse dos indianos, mas por uma agressiva campanha de publicidade. Um esforço para tentar atrair a atenção do fã do esporte na Índia.

E a competição conta com características peculiares. Senão, vejamos.

Não tem segunda divisão, logo, não rebaixa ninguém, mas também não classifica para nenhum torneio regional, nacional ou continental. É organizado, realizado e promovido por um grupo de marketing esportivo da Índia que é dono do canal de TV a cabo, responsável pela transmissão e distribuição do sinal para outros países. A competição só dura 11 semanas e tem 61 jogos. O último foi ontem, com triunfo do time de Elano e Materazzi por 3 a 2, só voltará a ser realizada em outubro de 2016.

Os principais jogadores que encontraram o caminho para a Índia já dobraram o cabo da boa esperança na carreira, como Lúcio, com 37 anos, Reinaldo, 36, e Elano, 34, para citar apenas alguns brasileiros.

Esses são alguns elementos que aproximam a ISL ao simpático torneio de showbol transmitido pelo Sportv, cuja última edição foi realizada em 2014. Mas há, claro, algumas diferenças: o showbol acontece em uma quadra de futebol society e com ex-jogadores defendendo as cores dos clubes da primeira divisão do Campeonato Nacional.

A ISL foi criada em 2014 e, com ela, todos os clubes. O campeão Chenaiyin, por exemplo, formou-se dois meses antes do início do certame de estreia, no ano passado. A Indian Super League não é correspondente ao Campeonato Nacional da primeira divisão do país. Nem os árbitros são indianos.  A decisão do domingo foi arbitrada por um japonês. Aliás, nenhum dos participantes da Super League disputa o que eles chamam de I-League (Liga Indiana). Essa, sim, tem possibilidade de rebaixamento e alguma relação com torneios internacionais da Federação Asiática de Futebol.

Ou seja, a Índia vive a pitoresca situação de contar com duas ligas de futebol profissional da ''primeira divisão'': uma da TV, cheia de astros internacionais, e outra da federação de futebol do país. E as duas co-existem sem se tocarem.

Sorteio de brindes no intervalo
A transmissão do canal Star é bastante curiosa. Na escalação, os jogadores indianos são identificados com uma bandeira do país ao lado do nome, dando uma forcinha para o público conhecer quem são os atletas locais.

Em seguida, os times entram em campo, mas a TV chama o intervalo comercial. Ao retornar do break, com a transmissão “em definitivo”, inicia-se uma contagem regressiva  para o apito do árbitro. Quando ocorre, fogos de artifícios são lançados da cobertura do estádio. Com a bola rolando, o narrador repete frequentemente que o jogo está “eletrizante”, mesmo que isso não corresponda com a realidade.

O diretor de TV, responsável pelos cortes nas imagens da transmissão, insiste em mostrar os treinadores à beira do gramado mesmo que estejam apenas de braços cruzados. Mas, principalmente, os donos dos times e seus familiares no que parece ser um camarote no estádio, ganham destaque frequente. O close na torcida mostra torcedores enfadados e perdidos a olharem para o campo. Lances violentos ou polêmicos merecem muito menos atenção na transmissão do que os dirigentes.

Na final de ontem, o intervalo teve quase 25 minutos de duração para que fossem sorteados brindes como aparelhos televisores e até automóveis de uma grande marca japonesa. Tudo isso no gramado de jogo, transmitido ao vivo.

É desta maneira que a ISL quer fazer o futebol tornar-se popular na Índia. E, de uma certa maneira, coneguiu. Porque a liga comemorou ontem o fim da temporada com uma média de público de 27 mil espectadores. Em um país com 1,2 bilhão de habitantes, qualquer recorte percentual que se faça vai incluir um número impressionante de pessoas.

Em tempo: no caderno de esportes do Times of India, já sem a influência da publicidade, o noticiário da final do futebol ficou no pé da página, abaixo das informações sobre cricket e wrestling.

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Elano, capitão do Chennaiyin, recebeu a taça da CEO da Indian Super League (Divulgação)