Blog do Daniel Brito

Diretor de Cidade Cinza lançará documentário sobre atletas paraolímpicos
Comentários Comente

Daniel Brito

Tokio-MakingOFBx23

Diretor Marcelo Mesquita acompanha os atletas desde 2013 (Arquivo)

A Sala 12 Filmes, produtora de filmes de São Paulo, do documentário “Cidade Cinza”, está concluindo a edição de um longa sobre os atletas paraolímpicos que participarão dos Jogos do Rio-2016. A produção terá o nome de ''Paratodos'' e deve ser lançado no primeiro semestre do próximo ano.

O documentário dirigido por Marcelo Mesquita, mesmo diretor de Cidade Cinza, acompanha a trajetória de alguns dos principais atletas paraolímpicos do país desde o início do ciclo para os Jogos do Rio-2016.

“Estivemos no Canadá, Qatar, Escócia, França, Japão para registrar alguns dos momentos mais importantes da vida desses atletas. Queremos ajudar a aumentar a percepção das pessoas sobre o esporte paraolímpico”, explicou Mesquita ao blog.

2014-11-19 03.11.33

A equipe do documentário foi a Tóquio no Mundial de futebol para cegos (Arquivo)

A produtora já tem um acordo com governos do Estado do Rio, São Paulo e Pernambuco para exibir o longa nas escolas públicas, garantindo assim um público inicial de 250 mil estudantes. “A ideia é que a distribuição também seja inclusiva, simultaneamente nas salas comerciais e nas redes de ensino, para abrir um debate na área da educação sobre este tema. Daí o nome do filme ‘Paratodos’”, afirmou o diretor.

Este será o terceiro longa da Sala 12 Filmes, em sete anos de existência. “Cidade Cinza” e “  Viagem de Yoani” são os trabalhos anteriores da produtora. Cidade Cinza foi o terceiro documentário mais assistido nos cinemas do Brasil em 2013-2014. Passou por mais de 60 festivais internacionais nos cinco continentes, com destaques para o New York Docs de Michael Moore, em que foi aclamado e teve duas sessões extras, Montreal Film Festival e Zurique Film Festival.

O longa registra o trabalho dos grafiteiros de São Paulo Nina, Nunca e OsGêmeos, famosos no mundo inteiro pelo estilo de grafite. No exterior, suas obras são expostas em museus e galerias de arte, mas em São Paulo, os grafites eram apagados com tinta cinza pela prefeitura.

cidade-cinza

'Paratodos' esteve no Mundial de futebol de cinco (para cegos), no qual o Brasil sagrou-se campeão, em Tóquio, no final de 2014, com atuação magistral do paranaense Ricardinho, cego desde os oito anos. ''Na semifinal contra a China o Ricardinho teve aquele que considero um dos maiores momentos da história recente da seleção de futebol de cinco. Nós tivemos a felicidade de registrar e vamos exibir no filme'', disse Mesquita.

Mesquita antecipou que o longa vai relatar a história de Fernando Fernandes, o ex-BBB, que ficou paraplégico após um acidente de trânsito. Mas empenhou-se na canoagem até sagrar-se tetracampeão mundial, e deve ser uma das estrelas da delegação nacional no Rio-2016. Assim como também haverá momentos no documentários sobre a velocista bicampeã paraolímpica Terezinha Guilhermina, o nadador Daniel Dias, maior medalhista do país em Jogos Paraolímpicos, e a nadadora Susana Schnarndorf, ex-triatleta.

O documentário também mostra a trajetória do paraense Alan Fonteles, do atletismo. Bi-amputado que derrotou Oscar Pistorius nos Jogos Paraolímpicos de Londres-2012, experimentou momentos distintos desde então. Desde a glória em 2012, o sucesso no Mundial de Lyon, no ano seguinte, ao ocaso e à batalha para se reerguer antes dos Jogos do Rio-2016.

''Estamos felizes e animados com a caminhada até agora, e esperamos de verdade fazer uma bagunça positiva antes dos Jogos'', avisou Mesquita.


Jucá quer “convidar” Del Nero para CPI e entra em colisão com Romário
Comentários Comente

Daniel Brito

O senador Romero Jucá (PMDB-RR) ignorou as investigações do FBI e da Justiça dos Estados Unidos e apresentou requerimento para que Marco Polo Del Nero seja “convidado” a comparecer na CPI do Futebol do Senado brasileiro.

“Que seja convidado a comparecer a esta comissão parlamentar de inquérito (CPI), no dia 15 de dezembro de 2015, o Sr. Marco Polo Del Nero, presidente licenciado da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), para contribuir com informações e sugestões relativas ao aprimoramento do arcabouço normativo aplicável à prática do futebol no Brasil”, justificou Jucá em seu requerimento, publicado hoje na página da comissão na internet.

Este pedido coloca Jucá, que é relator da CPI, em confronto direto com Romário (PSB-RJ), presidente da comissão. Ainda em agosto, em uma das primeiras sessões, o ex-jogador apresentou requerimento para convocar Marco Polo a depor. Nenhum dos dois pedidos foi colocado em votação na CPI.

Marco Polo Del Nero já havia sido convidado e sua presença era aguardada para a sessão desta terça-feira. Mas foi adiada porque o presidente licenciado da CBF não respondeu aos chamados da equipe do Senado.

A diferença entre convocação e convite é que o convidado pode recusar-se a comparecer. Caso vá a uma sessão da CPI, pode deixar de assinar o termo de compromisso de falar apenas a verdade em seu depoimento. Foi o que fizeram os presidentes de federações em recente audiência pública desta mesma CPI. Os convocados são obrigados a marcar presença na sessão.

Del Nero tentou barrar sua ida ao Senado antes mesmo de o requerimento convocando-o fosse apreciado. Ele entrou com um habeas corpus preventivo no STF, em que pedia para não ser obrigado a comparecer e, se o fizesse, não precisasse assinar o termo para dizer a verdade em depoimento e nem tampouco pudesse ser preso por desacato ou por não responder. O ministro Gilmar Mendes negou o pedido do cartola.

A sessão da CPI em que os requerimentos de Jucá e Romário entrarão em pauta está agendada para esta quarta-feira, 9, às 14h30.


Bilionário chinês quer comprar o Tour de France. E um Blatter está no meio
Comentários 1

Daniel Brito

philippe-a-direita-e-sobrinho-de-joseph-blatter-1444825461959_615x300

Phillippe Blatter é sobrinho do ainda presidente da Fifa, Sepp Blatter (crédito: reprodução)

Tour de France, Giro D’Italia e Vuelta de España, os três maiores eventos do ciclismo mundial podem parar nas mãos do bilionário chinês Wang Jianlin. E esta negociação envolve um membro da família Blatter. Phillippe Blatter sobrinho do ainda presidente da Fifa Joseph Blatter é o CEO do grupo Wanda Sports, do qual Jianlin é o dono.

Phillippe era o presidente de uma empresa suíça chamada Infront, detentora de direitos de transmissão de mais de 160 eventos esportivos no mundo. Em novembro, a Wanda comprou a empresa de Phillippe Blatter e o alçou à condição de CEO.

Tal qual o tio, o jovem executivo do esporte também tem episódios de corrupção na carreira. O tribunal de Milão na Itália acusa a Infront de fraude na venda dos direitos televisivos da Série A do Campeonato Italiano de 2015 a 2018. Contudo, pessoalmente, sobre sua figura, não recai nenhuma suspeita.

Em 2011, foi a Infront de Phillippe Blatter quem negociou os direitos de transmissão das Copas do Mundo da Rússia-2018 e Qatar-2022 para 26 países asiáticos, inclusive para a China. Por este motivo, o tio, Sepp Blatter, foi alvo de diversas críticas, mas nada fez para que a Infront deixasse a operação.

O homem mais rico da China
Agora, Phillippe está à frente do projeto para que a Wanda Sports compre a ASO, grupo de mídia francês que organiza o Tour de France e a Vuelta de España de ciclismo, e o RCS Sport, responsável pelo Giro D’Italia. A informação é do jornal Milano Finanza, de Milão, na Itália.

Estratégia que mais parece parte do plano do bilionário Jianlin de conquistar o mundo. Senão, vejamos. Só neste ano, a Wanda comprou a empresa que é dona do Ironman, tradicional prova de triatlo de longas distâncias, por US$ 650 milhões (R$ 2,4 bilhões). Adquiriu, também, 20% das ações do Atlético de Madri, e já se mostrou interessado em comprar de Silvio Berlusconi uma fatia do Milan.

Não há de ser nada para quem tem uma fortuna estimada em US$ 30 bilhões (R$ 112 bilhões). Ele é dono de incontáveis imóveis em diversos países, produtora de cinema, shoppings, parques de diversões e hotéis.

Agora também nos esportes.


Já que não deu no futebol, que tal investir nos esportes olímpicos, Eurico?
Comentários Comente

Daniel Brito

Eurico Miranda-kqfB-U10186438966852F-1024x678@GP-Web

Eurico: ''O maior retorno que você encontra no esporte olímpico é a conquista'' (Crédito: Folhapress)

A resposta para a pergunta que dá título a esta nota, vindo de Eurico Miranda, não poderia ser outra: não, não vale a pena. Financeiramente, o esporte olímpico dificilmente é um investimento atrativo, considera o presidente do Vasco.

No dia em que conversou com este blogueiro, após uma sessão da CPI do Futebol no Senado, em outubro, Eurico explicou que quando apoia outras modalidades além do futebol, não espera retorno financeiro. “Eu acho que esse negócio de investimento, retorno no esporte olímpico e no paraolímpico…eu acho que o maior retorno que você encontra nisso aí é a conquista. Para o clube, se você pensar em um tipo de resultado [financeiro], não vai trazer. Não vai trazer. É que isso aí [esportes olímpicos] representa muito para a instituição. Porque você sabe que o Vasco não é só um clube de futebol, é muito mais que só um clube de futebol”, explicou o cartola.

Assim sendo, o momento é ideal para diversificar o investimento e levantar a autoestima do clube, dado que o rebaixamento para a Série B do Brasileiro poderia ser amenizado pelo desempenho dos atletas olímpicos vascaínos.

Mas o Vasco até hoje paga dívidas contraídas no ciclo olímpico de Sydney-2000. Numa época pré-Lei Piva, o Vasco de Eurico bancou 40% da delegação brasileira nos Jogos da Austrália, no qual o Brasil terminou na 53ª colocação, com 12 pódios, mas nenhuma medalha de ouro.

“Eu vou mantendo os esportes que a gente está podendo manter, é um esforço nosso, sempre que podemos, vamos dando apoio. Hoje muito mais nos paraolímpicos do que nos olímpicos”, apontou Eurico.

Grande parte da seleção brasileira de futebol de sete (para portadores de paralisia cerebral), que faz parte do programa dos Jogos Paraolímpicos, atua pelo Vasco. Mas o grande nome do clube para os Jogos Rio-2016 está no remo olímpico, com Fabiana Beltrame. “Fabiana é nosso ícone, eu lamento que o remo não tenha o incentivo que merecia ter, mas ela é uma medalhista mundial e merece nosso apoio”, concluiu .


Ela ajudava a mãe na colheita do café, agora está no Mundial de handebol
Comentários 10

Daniel Brito

novidadehand

A mineira Bruna, 19, estreia na seleção adulta (Crédito: Photo&Grafia)

Entre as gigantes da seleção brasileira comandada pelo dinamarquês Morten Soubak, que inicia a defesa do título mundial de handebol neste sábado, na Dinamarca, há uma mineira magrinha, mas ágil e cheia de energia. Bruna de Paula, 19, foi convocada pela primeira vez para a equipe adulta e, logo de cara, na competição mais importante antes dos Jogos do Rio-2016.

Ela atua como armadora e até a metade deste ano compunha a seleção brasileira juvenil. Foi lá que Soubak a viu e se encantou. Foi chamada para a equipe adulta sem escalas no time de juniores. Como dois terços do plantel que está na Dinamarca joga na Europa e disputou o Mundial da Sérvia, em 2013, Soubak confia que Bruna possa desempenhar o papel de elemento surpresa.

“Bruna tem um perfil diferenciado, como não tem muito peso e nem altura, penso que ela pode ser usada para contra-ataque, mas a ideia seria utilizá-la mais em ações no ataque mesmo”, explicou o treinador dinamarquês.

Mineira da pequenina cidade de Campestre, no sul do Estado, tem 1,70m de altura e pesa 58kg. Levou na bagagem para a Dinamarca uma história de vida simples e de trabalho pesado. Ela é a quarta filha de Dona Marinalva, que trabalha como catadora de café nas prolíficas fazendas da região. O pai saiu de casa quando Bruna tinha quatro anos, e eles quase não têm mais contato hoje.

Antes do handebol, ela ajudou a mãe em algumas temporadas de colheita de café. “Várias vezes ajudei minha mãe, é legal, é até gostoso. Mas a mão fica um pouco machucada, tem que usar luva, e tem uns bichinhos nas plantas também”, conta Bruna. Em setembro, reportagem de Roberto Salim na ESPN Brasil mostrou a vida da família em Campestre e contou que Bruna também vendeu picolé na infância e auxiliou em uma oficina mecânica.

A vida tomou novo rumo quando a garota franzina participou de uma espécie de peneira de handebol em São José dos Campos, em 2012. Ela já praticava a modalidade em Campestre, apenas como uma recreação, e decidiu acompanhar o grupo de meninas de Minas que fora fazer teste no Vale do Paraíba. Os treinadores gostaram do que viram e Bruna ficou por lá mesmo. “Se eu não tivesse entrado no handebol, estaria na colheita de café com a minha mãe, ou talvez nas ruas fazendo coisa errada”, avaliou a armadora do São José e hoje da seleção.

O handebol a levou para lugares que a vida em Campestre jamais a proporcionaria. Ainda aos 15, passou a disputar a liga nacional adulta pelo São José, viajou para Macedônia, China, Japão. Até Morten Soubak bancá-la no Mundial adulto da Dinamarca. “O Brasil não é uma fábrica de atletas de handebol, só no futebol que se fabrica muitos jogadores aqui. A Noruega é uma fábrica de handebol, a Dinamarca também. Eu vou acompanhando a base. Infelizmente, não temos muitos atletas para as seleções de base, por isso ela veio direto da juvenil para a adulta, provavelmente levará algumas pancadas no mundial”, avisou Soubak.

Ela já está sentindo isso. Já percebeu que o Mundial na Dinamarca será um tanto dolorido para a caçulinha da seleção. “Estou percebendo já pelos treinamentos, que são  bem mais pegados, mais fortes, é muito diferente. Vai ser uma experiência que vou levar para toda a vida”, definiu Bruna.

bp9

Bruna representou o Brasil nos Jogos Olímpicos da Juventude-2014 (Divulgação)


Brasileiros da NBA são contemplados com Bolsa Atleta do governo*
Comentários 49

Daniel Brito

Golden State Warriors guard Leandro Barbosa (19) celebrates after making a three point basket against the Cleveland Cavaliers during the first half of Game 2 of basketball's NBA Finals in Oakland, Calif., Sunday, June 7, 2015. (AP Photo/Ben Margot)

(Crédito: AP Photo)

O ala-armador Leandrinho Barbosa, 33, do Golden State Warriors, ganhou nesta quinta-feira, mais um motivo para comemorar além da excelente campanha do time na recém-iniciada temporada da NBA. O DOU (Diário Oficial da União) publicou hoje o nome do atleta entre os contemplados do programa Bolsa Atleta, do Ministério do Esporte.

Por ter disputado os Jogos Olímpicos de Londres-2012, Barbosa está apto a receber os R$ 3,1 mil mensais do governo federal para manter-se em atividade e “fomentar o esporte”. Este dinheiro vai contribuir na renda mensal do atleta, que já acumula 20 jogos de invencibilidade na temporada 2015-2016. O vínculo de Leandrinho com os Warriors é de US$ 2,5 milhões, o que dá algo em torno de R$ 9,6 milhões anuais. Quase R$ 800 mil por mês de salário. Logo, o Bolsa Atleta contribui com US$ 800 (oitocentos dólares) nos rendimentos do jogador.

Outro brasileiro na NBA, o armador Raulzinho, do Utah Jazz, também foi contemplado. Ele tem um salário inferior ao de Leandrinho, “apenas” US$ 900 mil pela temporada. Ou seja, R$ 3,4 milhões. Ele também tem o direito de receber a bolsa como atleta olímpico de R$ 3,1 mil por mês.

A lista dos beneficiados pelo programa foi publicada nesta quinta-feira, 3, contem também nomes como do mesa-tenista Hugo Hoyama, que havia anunciado aposentadoria, tornou-se técnico da seleção feminina que disputou o Pan de Toronto.

Outros atletas consagrados e com altos salários também foram beneficiados. É o caso da ponteira Sheilla, da seleção de vôlei e do Vakifbank, da Turquia, uma crítica contumaz do governo federal. Semelhante ao caso de Lucas Saatkamp, o Lucão do vôlei, Dani Piedade, do handebol, entre outros. Hoje, seus nomes estão no DOU entre os contemplados para receber por mais um ano, embolsando R$ 3.1 mil do governo.

O programa beneficia 5.7 mil atletas de modalidades olímpicas e paraolímpicas e custa R$ 80 milhões aos cofres da União.

Não é o governo quem escolhe os nomes. A iniciativa parte do próprio atleta. É ele quem tem que reunir toda documentação necessária como RG, CPF, comprovante de que não largou a carreira, e de que participou do campeonato e atingiu determinada colocação para receber a verba. A confederação de cada modalidade, neste caso de Leandrinho e Raulzinho, a do basquete, também precisa contribuir com a documentação do atleta, homologa o pedido com a assinatura do presidente da entidade, e encaminha para o Ministério do Esporte.

O auxílio tem duração de um ano.

*Atualizado às 19h20


Suíços doam R$ 40 mil para brasileiro tentar vaga no Rio-2016
Comentários 5

Daniel Brito

IMG-20151201-WA0044

Saga de Hiestand foi destaque no Sonntagszeitung

Surgiu de um bate-papo informal, às margens do Lago Zurique, com um amigo remador suíço a ideia de Steve Hiestand de tentar disputar os Jogos Olímpicos do Rio-2016. Desde então, ele abriu mão das ocupações na empresa que administra, de treinamento esportivo personalizado, para tentar compor a seleção brasileira de remo no próximo ano.

Apesar do nome e do sobrenome estrangeiros, Hiestand é brasileiro, nascido em São Paulo há 31 anos, filho de pai suíço com mãe baiana. Mas mora na bucólica Wädenswill, patrimônio mundial da humanidade tombado pela Unesco, banhada pelo lago Zurique.

Ele sempre foi adepto de esportes. Praticou ciclismo, natação, corrida, escalada, triatlo, esqui cross country (na neve) e, principalmente, remo. Já integrou a seleção da Suíça em uma competição para remadores de até 18 anos.

Formado em educação física, dá aulas como personal para diversos atletas do alto rendimento. “Testando esses caras [átletas do alto rendimento], vi que meu condicionamento estava quase igual ao deles, apesar de minha função ser muito mais de acompanhar os atletas do que de praticar exercício. Mas vi pelos resultados físicos dos outros que ainda tinha condições de competir no alto rendimento”, contou Hiestand ao blog.

Depois de um difícil começo…
O processo iniciou-se em 2013. Voltou a treinar forte no remo no Lago Zurique e outras regiões vizinhas, sempre no single skiff. Largou a Suíça, veio ao Brasil em 2014, e visitou o Rio de Janeiro pela primeira vez em mais de duas décadas. Sofreu com o idioma e com a rejeição dos remadores brasileiros por tentar “tomar a vaga” de atletas que moram no país. Não conseguiu bons resultados na primeira temporada.

Voltou para a Suíça e organizou uma campanha para angariar fundos para levar seu próprio barco até o Brasil. A vaquinha suíça amealhou mais de 10 mil francos suíços (R$ 37 mil), ele garante. Pediu contribuição argumentando que mora no país europeu desde sempre mas queria mesmo era representar o Brasil. “O crowd funding [financiamento coletivo] era não para que os suíços bancassem um suíço a disputar o Rio-2016. Era para o brasileiro que mora na Suíça representar seu país, o Brasil, nos Jogos. E a resposta foi incrível”, explicou Hiestand, em entrevista via Skype.

Conseguiu treinar na Europa com o forte time da Nova Zelândia, garantiu um bronze na Regata Internacional de Bled, na Eslovênia, em maio, e ainda trouxe seu barco para o Brasil, onde garantiu vaga para disputar o Mundial de remo, em agosto, em Aiguebelette, na França.

Reação psicossomática na França
A participação no Mundial, no entanto, foi frustrante. Terminou apenas em 6º na final C (18º no geral), mas, ao final da competição, recebeu a visita de Edson Altino, presidente da CBRemo (Confederação Brasileira de Remo), em   Wädenswill, que lhe prometeu mais apoio da confederação na preparação para o Rio-2016.

“Sofri com uma crise alérgica psicológica muito grave lá em Aiguebelette, fiquei sem dormir. Foi difícil, por tudo que enfrentei para disputar esse Mundial, daria para escrever um livro para cada dia que vivi até chegar ali. Daí veio o resultado ruim”, justificou Hiestand. Garante que pode melhorar e os primeiros meses de 2016 são decisivos.

Dura vida de atleta no Brasil
Aumentou a campanha da vaquinha entre os suíços, foi contemplado pelo bolsa atleta do Ministério do Esporte. Conheceu a burocracia brasileira para abrir uma conta na Caixa, mesmo morando na Suíça, na qual recebe os cerca de R$ 900 mensais (240 francos suíços) do governo brasileiro. Contou com a ajuda de Roque Zimmerman, do Clube Náutico América, para aperfeiçoar o português, embora ainda fale com sotaque alemão, e conhecer as percalços da vida de atleta de alto rendimento no Brasil.

Espera voltar a arrecadar pelo menos outros 10 mil francos suíços para garantir a vaga nos Jogos, na seletiva no Rio em fevereiro, e, em seguida, outra no Chile, em março. Se obtiver êxito, realizará o sonho que começou num bate-papo informal com um amigo às margens do Lago Zurique. “Meu pai queria que eu trabalhasse na indústria, minha mãe queria que eu estudasse mais, mas eu dificilmente fiz o que eles esperavam de mim. E duvidaram quando eu avisei que representaria o Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio. Eu vou conseguir, vou provar para eles que posso representar meu país na olimpíada em casa’, disse Hiestand, chamando o Brasil de casa, apesar de estar longe daqui desde os três anos de idade.

Siegerehrung-Sao-Paulo2

Steve Hiestand, de regata amarela, foi campeão no Brasileiro de 2014, em SP (Divulgação/CBR)


CPI do Futebol aprova quebra do sigilo telefônico de Marco Polo Del Nero
Comentários 9

Daniel Brito

A quebra dos sigilos telefônicos e de mensagens eletrônicas (telemático) do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e do ex-presidente da confederação José Maria Marin, foi aprovada pela CPI do Futebol no Senado. Em sessão relâmpago na tarde desta terça-feira, dia 1º, os requerimentos foram aprovados por unanimidade.

A sessão também aprovou a quebra do sigilo bancário e fiscal do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, desde 1º de janeiro de 2007 até 12 de março de 2012, dia em que passou o cargo para Marin.

Os sigilos bancários e fiscais do Comitê Organizador da Copa do Mundo Fifa-2014 também serão quebrados. Um dos requerimentos exige que o COL-2014 apresente os demonstrativos de resultados e lucros da Copa do Mundo.

Compareceram à sessão o presidente da CPI, Romário (PSB-RJ), o relator Romero Jucá (PMDB-RR), Ciro Nogueira (PP-PI), Wellington Fagundes (PSB-MT), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Paulo Bauer (PSDB-SC), Zezé Perrella (PDT-MG).

A sessão teve duração inferior a dez minutos e a votação dos requerimentos foi nominal. Ficaram de fora da pauta a quebra do sigilo telefônico de Carolina Galan, ex-namorada de Del Nero, assim como a quebra dos sigilos fiscais e bancários de Kleber Leite e da empresa da qual é dono, a Klefer.

Havia 20 dias a CPI não realizava uma reunião, em decorrência Dos 23 requerimentos, a maioria relativos à quebra de sigilos, de autoria de Romário e Randolfe, quase 80% foram deixados de fora na pauta desta terça-feira, dia 1º. A expectativa é de que a CPI só volte a se reunir após o carnaval.


Novembro foi um mês trágico para os atletas olímpicos mais velhos do mundo
Comentários 1

Daniel Brito

ingeborg

Ingeborg Sjöqvist foi a única mulher da delegação sueca em Los Angeles-32 (Crédito: arquivo)

Durou só sete dias o status de mais velha atleta olímpica viva para a sueca Ingeborg Sjöqvist. Ela conquistou o posto em 15 de novembro, quando o chinês Guo Jie morreu na cidade de Xi’an, na região central da China, aos 103 anos, nove meses e 29 dias. A causa da morte não foi divulgada pela imprensa internacional.

Ele disputou a prova de lançamento de disco nos polêmicos Jogos de Berlim-1936, apenas um ano após iniciar-se no esporte, por incentivo de um amigo. Chegou à final olímpica, mas não alcançou o pódio.

Jie carregou a chama olímpica da tocha para os Jogos de Pequim-2008. Ao morrer, no último 15 de novembro, passou o posto de mais velho atleta olímpico vivo para Sjöqvist.

guo-jie-2008

Guo Jie, ainda aos 96, conduziu a tocha de Pequim-2008 (Crédito: Divulgação)

A sueca chegou a disputar Los Angeles-1932 nos saltos ornamentais. Era a única mulher da delegação da Suécia que demorou mais de um mês para atravessar o Atlântico de navio para atracar nos Estados unidos. Terminou com o quarto lugar. Quando celebrou seu 100º aniversário, em 2012, a ex-saltadora contou que a maior alegria da sua vida foi pisar nos Estados Unidos após tanto tempo no navio sendo a única atleta a bordo.

Em Berlim-1936, lá estava Sjöqvist novamente, mas acabou em nono entre 23 competidoras na plataforma de 10m.

Morreu também aos 103 anos, sete meses e três dias, em Rydebäck, na Suécia, no último dia 22, domingo seguinte ao falecimento do chinês. Talvez por ter partido em uma data tão próxima à de Guo Jie, o noticiário internacional não tenha registrado o fato com tanta ênfase quanto como foi a notícia do chinês.

Recorde é de atirador americano

Walter-Walsh-(1939)

O atirador Walter Walsh, aos 39: morreu em 2014 aos 106 anos (crédito: Arquivo)

Nem a sueca e nem Jie superaram, no entanto, o recorde do americano Walter Walsh. Ele está na história como o atleta olímpico que mais tempo viveu. Foram 106 anos desde maio de 1907, quando nasceu no Estado de Nova Jersey, até abril de 2014, um dia desses, quando se foi deixando nos arquivos olímpicos sua 12ª colocação na pistola livre de 50m nos Jogos Olímpicos de Londres-1948.

Com as perdas de Jie e, posteriormente, de Sjöqvist apenas neste mês de novembro, o status de mais longevo competidor a ter participado de uma edição dos Jogos, volta, portanto, para os Estados Unidos. É a ex-atleta do atletismo Simone Schaller. Ela completou 103 anos em agosto, e disputou a prova dos 80m com barreiras (que já não faz mais parte do programa dos Jogos) em Los Angeles-32 e Berlim-36.

E no Brasil?
O mais velho atleta olímpico brasileiro ainda vivo é Jean-Marie Faustin Goedefroid Havelange, mais conhecido apenas como João Havelange. Ele é de maio de 1916 e nadou pelo Brasil em Berlim-36 e em Helsique-1952, antes de se tornar cartola e chegar até a presidência da Fifa (1974-1998). A professora Kátia Rubio, da Escola de Educação Física e Esporte da USP (Universidade de São Paulo), em seu livro  “Atletas Olímpicos Brasileiros”, publicado em agosto pela editora Sesi-SP, registrou Havelange como o desportista olímpico do país há mais tempo entre nós nos dias de hoje.

O ex-dirigente e ex-nadador estava internado em decorrência de problemas pulmonares, mas recebeu alta no último sábado, 28. A professora Kátia Rubio faz planos de entregar a ele até a próxima semana, no Rio, um exemplar do livro com informações sobre todos os atletas olímpicos do Brasil.

havelange1951_f_013

Havelange em 1951, antes dos Jogos Olímpicos de Helsinque (arquivo)


A cidade planejada que não sabe se planejar para receber eventos esportivos
Comentários 2

Daniel Brito

Sabia-se havia pelo menos três meses que a seleção feminina de handebol faria em Brasília seus últimos amistosos antes da defesa do título mundial na Dinamarca. A cidade está longe de ter qualquer ligação histórica ou emotiva com a modalidade, mas foi escolhida porque a sede dos dois patrocinadores do esporte estão no Distrito Federal: Correios e Banco do Brasil.

É de conhecimento geral que o ginásio  Nilson Nelson tem um problema crônico de goteiras. Basta lembrar do fiasco internacional de 2011, durante o Campeonato Mundial de patinação artística, em que atletas de outros países até se lesionaram após quedas decorrentes da umidade no piso em razão das goteiras.

Anos antes, em 2009, o ex-governador José Roberto Arruda, fora acusado de improbidade administrativa pela reforma do ginásio sem licitação por R$ 5,5 milhões. A 4ª Vara da Fazenda Pública do DF, no entanto, absolve o mandatário, que logo em seguida cairia em desgraça por causa do esquema de corrupção conhecido como Mensalão do DEM.

E sabe-se, desde sempre, que novembro é um mês de chuva na capital federal.

Portanto, não dá para dizer que o cancelamento dos amistosos com Brasil, Eslovênia, Sérvia e Argentina no Nilson Nelson foi uma surpresa. Só compõe um rosário de eventos frustrados em Brasília, Distrito Federal, nos últimos anos.

Ayrton Senna, Nelson Piquet e outras incoerências

estadionacional_lulalopes_gdf-1024x680

Foto de 2013 do Complexo Esportivo Ayrton Senna: projeto perfeito, péssima execução (Dilvugação/GDF)

A foto acima é do Complexo Esportivo Ayrton Senna. Fica no centro da capital, a um quilômetro de quase todos os hotéis da cidade, a três quilômetros do Ministério do Esporte e a cinco do Congresso Nacional. É um setor desenhado pelo genial arquiteto e urbanista Lúcio Costa quando da concepção da cidade, há mais de 50 anos.

Seria o local perfeito para receber todo e qualquer evento esportivo. Reúne um autódromo, um ginásio de médio porte coberto, com uma piscina coberta, quadras poliesportivas ao ar livre, quadras de tênis, um complexo aquático, além do Estádio Mané Garrincha. Havia até um velódromo.

Mas esta região está longe de ser um polo esportivo. Ainda em 2013, o repórter Aiuri Rebello mostrou a propaganda enganosa do GDF, sob a gestão de Agnelo Queiroz, sobre a utilização do Complexo.

Hoje, menos da metade desses espaços reúne condições de uso.

O Nilson Nelson, como vimos no final de semana, sofre com goteiras e uma estrutura precária.

O Autódromo está sem metade da pista desde o cancelamento da F-Indy, em janeiro. Ironicamente, o autódromo do Complexo Esportivo Ayrton Senna recebe o nome de Nelson Piquet, duas figuras que dificilmente poderíamos chamar de amigos próximos. Não há previsão para que a reforma seja concluída.

Entre a pista e o estádio Mané Garrincha está o ginásio Cláudio Coutinho, com capacidade estimada em até oito mil espectadores, prestes a completar duas décadas de abandono. Está trancado e deteriorando-se a cada dia. Ali também havia uma piscina coberta. As quadras poliesportivas e de tênis são decrépitas e inapropriadas para uso, apesar de ainda ser utilizada por alguns corajosos. O velódromo foi derrubado com a promessa de ser construído um novo, o que nunca se concretizou.

Ao lado do Cláudio Coutinho, há o complexo aquático, em que são oferecidas aulas de natação e saltos ornamentais pelo GDF. Este funciona sem sustos.

E a joia da coroa é o Mané Garrincha, que além de servir como terminal de ônibus, não despertou interesse da iniciativa privada e ainda por cima não consegue arrecadar o suficiente para cobrir o rombo de R$ 800 mil mensais de manutenção.  Neste final de semana, recebeu um jogo de futebol amador em que terminou com a morte de uma pessoa por parada cardíaca.