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Arquivo : Banco do Brasil

É grave a crise: esportes olímpicos já perderam R$ 40 milhões de estatais
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Daniel Brito

O esporte olímpico nacional amarga a fuga de capitais de seus maiores mecenas: as empresas estatais. Só de duas grandes patrocinadoras, já há uma queda superior a R$ 40 milhões no investimento nas modalidades, algumas delas responsáveis por ouros do Brasil na Rio-2016.

A renovação de patrocínios do Banco do Brasil e dos Correios com quatro confederações caiu em R$ 40 milhões neste ano em relação ao injetado em contratos anteriores.

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Manoel Luiz, presidente da CBHb, foi reeleito para mais quatro anos, porém com menos recursos dos Correios

Na semana que passou, por exemplo, a CBHb (Confederação Brasileira de Handebol) viu sua verba dos Correios minguar de R$ 6,3 milhões para R$ 1,6 milhão para 2017 (serão R$ 3.2 milhões por dois anos). Os Correios são o patrocinador mais antigo da modalidade – investem desde 2012.

A empresa também fez um corte drástico na verba para a CBT (Confederação Brasileira de Tênis). Reduziu em 75% o valor do patrocínio e dará somente R$ 4 milhões pelos próximos 24 meses. Para se ter uma ideia, em 2015, um ano antes da Rio-2016, a confederação recebeu R$ 8,6 milhões.

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Jorge Lacerda, do tênis, perdeu 75% do patrocínio dos Correios

Além dos R$ 11 milhões das confederações de handebol e tênis, os Correios, empresa pública que enfrenta grave crise financeira, também fizeram um corte drástico em outra confederação que é um dos carro-chefes do Brasil em competições pan-americanas e olímpicas.

A empresa estatal retirou R$ 13 milhões do novo acordo com a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos). Até o ano passado, a confederação recebeu R$ 18 milhões em patrocínio dos Correios. Agora, fecharam patrocínio pelos próximos dois anos (2017 e 2018) no valor total de R$ 11,4 milhões, o que dá R$ 5,35 milhões por exercício.

Não perca as contas, já se vão R$ 24 milhões.

Já é um indicativo de que o discurso oficial, segundo o qual os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio-2016 seriam catalisadores do investimento e massificação das mais variadas modalidades esportivas além do futebol, não saiu do papel. Está sendo exatamente o contrário, seis meses após o fim da Rio-16, o apoio ao esporte diminui.

O Banco do Brasil, por exemplo, renovou com a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) por R$ 218 milhões até os Jogos de Tóquio-2020. Dá uma média de R$ 54 milhões anuais. É o maior patrocínio entre confederações e estatais, mas ainda assim representa R$ 16 milhões a menos por ano do que o banco pagava à confederação.  Aí fecha-se a conta dos R$ 40 milhões retirados dos esportes olímpicos neste período pós-Rio-16.

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Pitombo, da CBV: modalidade com dois ouros na Rio-16 ganhará R$ 16 milhões a menos do Banco do Brasil

E olha que a CBV foi responsável por duas das sete medalhas de ouro olímpicas em 2016: vôlei de quadra e vôlei de praia, ambos no masculino. O curioso é que a dupla formada por Bruno Schmidt e Alison, ouro em Copacabana, foi contemplada com um aumento no patrocínio individual do Banco do Brasil. Alison receberá quase R$ 80 mil a mais neste ano, enquanto que Schmidt terá um incremento de 60% nos ganhos advindos do patrocinador.

Sorte diferente teve o iatista Robert Scheidt, dono de dois ouros olímpicos (Atlanta-1996 e Atenas-04). Ainda em 2013, seu acordo com o banco foi superior a R$ 3 milhões pelo ciclo completo da Rio-2016. Dava uma média de R$ 63 mil por mês pelo quadriênio. No início de fevereiro, a instituição financeira renovou por apenas 12 meses no valor de R$ 760 mil e um detalhe: “Patrocínio para o atleta Robert Scheidt e seu parceiro”. Ou seja, isso é tudo o que o banco dará para o velejador e seu parceiro, atualmente Gabriel Borges, que disputam agora a classe 49er.

A Petrobras, outra estatal que investiu forte na preparação para os Jogos de 2016, ainda não divulgou a renovação de seus patrocínios com modalidades olímpicas. A Caixa informou que novos acordos devem ocorrer entre este mês e o próximo. A tendência é de que a queda nos investimentos seja bem superior aos atuais R$ 40 milhões.


Banco turbina patrocínio de dupla do vôlei de praia após ouro na Rio-16
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Daniel Brito

A dupla de vôlei de praia formada pelo capixaba Alison Cerutti e Bruno Schmidt foi contemplada com um aumento no valor do patrocínio do Banco do Brasil, o maior investidor da modalidade. Os dois vão embolsar ao longo de 2017 pouco mais de R$ 400  mil. É um aumento superior a 40% em relação ao apoio dado pela instituição financeira em 2016, ano dos Jogos Olímpicos do Rio-2016.

RIO DE JANEIRO, BRAZIL - AUGUST 18: Gold medalists Alison Cerutti and Bruno Schmidt Oscar of Brazil stand on the podium during the medal ceremony for the Men's Beachvolleyball contest at the Beach Volleyball Arena on Day 13 of the 2016 Rio Olympic Games on August 18, 2016 in Rio de Janeiro, Brazil. (Photo by Quinn Rooney/Getty Images)

Enquanto a CBV amarga corte no patrocínio do BB, Alison (dir.) e Bruno receberam aumento (Quinn Rooney/Getty)

Agora na condição de campeão olímpico, Alison vai receber R$ 282 mil por um contrato de ‘12 meses. Dá uma média de R$ 23,5 mil a cada 30 dias. Em 2016, seu patrocínio girava na casa dos R$ 204 mil. Antes deste aumento, o capixaba era “apenas” medalhista de prata em Londres-2012.

Ele vai ganhar mais que o dobro que seu parceiro, Bruno Schmidt. O atleta nascido em Brasília estreou em Jogos Olímpicos na Rio-16 e até o ano passado seu patrocínio era de R$ 74 mil por ano. Agora, saltou para R$ 118,8 mil por 12 meses. Um salto de 60% nos rendimentos.

O curioso nesta história é que esse o Banco do Brasil também patrocina a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) e, a partir de 2017, decidiu cortar em R$ 16 milhões anuais o investimento direto na confederação.


Banco do Brasil corta R$ 16 milhões da CBV em novo acordo de patrocínio
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Daniel Brito

O Banco do Brasil renovou por mais quatro anos o contrato de patrocínio com a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei). O vínculo até após os Jogos de Tóquio-2020 terá o valor de R$ 218 milhões para a instituição financeira do governo federal.

Na média, isso representa R$ 54 milhões anuais no caixa da CBV. Ainda é o maior patrocínio do esporte olímpico nacional, porém, a confederação vai amargar uma queda de R$ 16 milhões por exercício em relação ao contrato que se encerra em 2016.

Até então, a parceria custava, em média, R$ 70 milhões ao banco. Em 2015, por exemplo, a CBV faturou R$ 72 milhões em patrocínios. No entanto, registrou um déficit de R$ 23 milhões no exercício. É uma diferença muito grande para o resultado do ano anterior (2014), que terminou superavitário em R$ 2,1 milhões.

O UOL Esporte havia publicado há dois meses que as estatais diminuiriam o investimento em esporte olímpico após o fim do ciclo olímpico do Rio-2016. No início deste mês, a ECT (Emprasa Brasileira de Correios e Telégrafos) renovou com a CBT (Confederação Brasileira de Tênis) por R$ 4 milhões, um valor 75% inferior ao contrato anterior.

Meu colega Guilherme Costa informou em outubro que o Banco do Brasil pagariam R$ 218 milhões à CBV para renovar por mais um ciclo olímpico, A confirmação do acordo saiu ´na edição da terça-feira, 27, do Diário Oficial da União.


Um ano após escândalos de corrupção, CBV registra déficit de R$ 23 milhões
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Daniel Brito

<> at Carioca Arena 1 on June 9, 2016 in Rio de Janeiro, Brazil.

A CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) registrou um déficit de R$ 23 milhões em 2015, segundo apontou a demonstração de resultado financeiro publicado na página da entidade na internet. É uma diferença muito grande para o resultado do exercício anterior (2014), que terminou superavitário em R$ 2,1 milhões.

Dois fatores contribuíram para tamanha discrepância: a realização das finais do Grand Prix e da Liga Mundial no Brasil no ano passado, ambas no Rio de Janeiro, além do aumento na despesa com pessoal.

O déficit coincide com as alterações na estrutura organizacional às quais a CBV se viu obrigada a implementar para combater a corrupção na entidade, revelada pelo jornalista Lúcio de Castro em uma série de reportagens na ESPN Brasil, em 2014. As providências foram exigidas pelo Banco do Brasil, patrocinador desde o início dos anos 1990 do vôlei brasileiro, e que investe R$ 70 milhões por ano na modalidade.

“As alterações na estrutura organizacional da CBV efetuadas no exercício de 2015 impactaram diretamente nas ações de governança implementadas no exercício, porém este impacto não tem como ser mensurado no resultado de um único exercício. Os resultados poderão ser percebidos nos exercícios futuros”, informou a CBV, em nota via assessoria de imprensa.

Taxas e direitos de transmissão

A confederação aportou R$ 17,4 milhões em despesas operacionais. Dos quais, R$ 6,4 milhões foram para taxas de realização do Grand Prix, em maio, e Liga Mundial, em julho, no Rio, para a FIVB (Federação Internacional de Vôlei), “assim como taxa de liberação de espaço para realização de eventos nacionais devidas aso órgãos governamentais competentes”, acrescentou, em nota explicativa no balanço, a CBV.

Outro gasto que subiu em 2015 foi o de vídeo, som, áudio e comunicação. O desembolso que foi de R$ 1,1 milhão em 2014 saltou para R$ 4,4 milhões no exercício seguinte. “O aumento foi impactado pela aquisição da transmissão dos jogos de quadra e de praia. (…) Cerca de 115 países receberam o sinal dos jogos da Liga Mundial e do Grand Prix”.

Aumento nas gratificações

<> on July 16, 2015 in Rio de Janeiro, Brazil.

As despesas com pessoal chamam a atenção no resultado financeiro da CBV em 2015. Os gastos com salários subiram mais de 60% e bateram na casa dos R$ 9 milhões. Consequentemente, as obrigações trabalhistas acompanharam o salto: a confederação desembolsou mais para o pagamento de 13º salário, férias e, principalmente, gratificações. A entidade teve um dispêndio de R$ 423 mil com gratificações em 2014. Este valor bateu em R$ 1,5 milhão no exercício seguinte.

“Em 2015, a entidade passou a contar com um diretor executivo (CEO), que assumiu o cargo com a missão de adotar práticas responsáveis de governança e alcançar a excelência nos eventos promovidos pela CBV. E com uma gestão cada vez mais atenta e preocupada com os colaboradores, a confederação adotou um plano de cargos e salários, e melhoria nos benefícios (cartão de alimentação, plano de saúde e mental)”, publicou em nota explicativa no próprio balanço a entidade.

Ajuda de custo na Superliga

O balanço da CBV também informou em nota que a entidade distribuiu de novembro de 2015 a maio de 2016 cerca de R$ 1,8 milhão de apoio para custeio de hospedagem dos clubes participantes da Superliga masculina e feminina.

“A CBV viabilizou financeiramente a logística de viagens dos times visitantes, incluindo passagens aéreas, hospedagem, para todas equipes e também para os árbitros, além de custear taxa de arbitragem e fornecer bolas para a competição (no caso da Superliga Masculina, também incluídas alimentação e traslados terrestres).  A CBV paga ainda serviços de estatística, serviços de clipagem de exposição de marcas dos patrocinadores dos clubes e taxas de delegados, além de oferecer o empréstimo de pisos”, acrescentou a confederação, via assessoria de imprensa.

Resultado financeiro
A CBV teve uma receita de R$ 107,3 milhões em 2015, mas suas despesas bateram na casa dos R$ 134,3 milhões. O que aliviou um pouco o déficit foi o resultado financeiro líquido, advindo de aplicações, da ordem de R$ 3,1 milhões. “Para o exercício de 2016, a CBV está prevendo um equilíbrio entre as receitas e despesas. O planejamento estratégico em curso buscará assegurar a solidez financeira nos próximos exercícios”, prevê a confederação, em nota ao blog.

RIO DE JANEIRO, BRAZIL - JULY 19: A general view of the arena during the FIVB World League Group 1 Finals gold medal match between Serbia and France at Maracanazinho on July 19, 2015 in Rio de Janeiro, Brazil. Maracanazinho will host the volleyball competition during the Rio 2016 Olympic Games. (Photo by Matthew Stockman/Getty Images)

(Matthew Stockman/Getty)


A cidade planejada que não sabe se planejar para receber eventos esportivos
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Daniel Brito

Sabia-se havia pelo menos três meses que a seleção feminina de handebol faria em Brasília seus últimos amistosos antes da defesa do título mundial na Dinamarca. A cidade está longe de ter qualquer ligação histórica ou emotiva com a modalidade, mas foi escolhida porque a sede dos dois patrocinadores do esporte estão no Distrito Federal: Correios e Banco do Brasil.

É de conhecimento geral que o ginásio  Nilson Nelson tem um problema crônico de goteiras. Basta lembrar do fiasco internacional de 2011, durante o Campeonato Mundial de patinação artística, em que atletas de outros países até se lesionaram após quedas decorrentes da umidade no piso em razão das goteiras.

Anos antes, em 2009, o ex-governador José Roberto Arruda, fora acusado de improbidade administrativa pela reforma do ginásio sem licitação por R$ 5,5 milhões. A 4ª Vara da Fazenda Pública do DF, no entanto, absolve o mandatário, que logo em seguida cairia em desgraça por causa do esquema de corrupção conhecido como Mensalão do DEM.

E sabe-se, desde sempre, que novembro é um mês de chuva na capital federal.

Portanto, não dá para dizer que o cancelamento dos amistosos com Brasil, Eslovênia, Sérvia e Argentina no Nilson Nelson foi uma surpresa. Só compõe um rosário de eventos frustrados em Brasília, Distrito Federal, nos últimos anos.

Ayrton Senna, Nelson Piquet e outras incoerências

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Foto de 2013 do Complexo Esportivo Ayrton Senna: projeto perfeito, péssima execução (Dilvugação/GDF)

A foto acima é do Complexo Esportivo Ayrton Senna. Fica no centro da capital, a um quilômetro de quase todos os hotéis da cidade, a três quilômetros do Ministério do Esporte e a cinco do Congresso Nacional. É um setor desenhado pelo genial arquiteto e urbanista Lúcio Costa quando da concepção da cidade, há mais de 50 anos.

Seria o local perfeito para receber todo e qualquer evento esportivo. Reúne um autódromo, um ginásio de médio porte coberto, com uma piscina coberta, quadras poliesportivas ao ar livre, quadras de tênis, um complexo aquático, além do Estádio Mané Garrincha. Havia até um velódromo.

Mas esta região está longe de ser um polo esportivo. Ainda em 2013, o repórter Aiuri Rebello mostrou a propaganda enganosa do GDF, sob a gestão de Agnelo Queiroz, sobre a utilização do Complexo.

Hoje, menos da metade desses espaços reúne condições de uso.

O Nilson Nelson, como vimos no final de semana, sofre com goteiras e uma estrutura precária.

O Autódromo está sem metade da pista desde o cancelamento da F-Indy, em janeiro. Ironicamente, o autódromo do Complexo Esportivo Ayrton Senna recebe o nome de Nelson Piquet, duas figuras que dificilmente poderíamos chamar de amigos próximos. Não há previsão para que a reforma seja concluída.

Entre a pista e o estádio Mané Garrincha está o ginásio Cláudio Coutinho, com capacidade estimada em até oito mil espectadores, prestes a completar duas décadas de abandono. Está trancado e deteriorando-se a cada dia. Ali também havia uma piscina coberta. As quadras poliesportivas e de tênis são decrépitas e inapropriadas para uso, apesar de ainda ser utilizada por alguns corajosos. O velódromo foi derrubado com a promessa de ser construído um novo, o que nunca se concretizou.

Ao lado do Cláudio Coutinho, há o complexo aquático, em que são oferecidas aulas de natação e saltos ornamentais pelo GDF. Este funciona sem sustos.

E a joia da coroa é o Mané Garrincha, que além de servir como terminal de ônibus, não despertou interesse da iniciativa privada e ainda por cima não consegue arrecadar o suficiente para cobrir o rombo de R$ 800 mil mensais de manutenção.  Neste final de semana, recebeu um jogo de futebol amador em que terminou com a morte de uma pessoa por parada cardíaca.


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