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Congresso volta aos trabalhos com projetos para “domar” torcedores violentos
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Daniel Brito

O ano de 2017 começa só agora, nesta primeira semana de fevereiro, para senadores e deputados federais no Congresso Nacional, com a eleição da mesa diretora das duas casas. Além de uma grave e crônica crise política, os parlamentares têm na pauta deste ano projetos sobre futebol apresentados no ano passado (ou retrasado) que não conseguiram uma brecha na agenda parlamentar.

Muitos dos quais dizem respeito à violência nos estádios. Alguns são pertinentes, outros, burocráticos ou até mesmo estapafúrdios. Em quase todos, a CBF passa ao largo das cobranças por mudanças.

Entre os mais estrambólicos está a proposta que exige relatório de viagem aos motoristas de ônibus que transportarem exclusivamente torcedores. Já foi aprovada na comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, tramita, de forma conclusiva, ainda por mais três comissões na Câmara. A proposta é do deputado federal Rômulo Gouveia (PSD-PB).

Outro parlamentar paraibano, Wilson Filho (PTB-PB) quer alterar o estatuto do torcedor ao propor que o torcedor que promover tumulto ou praticar violência em estádios só terá direito à liberdade provisória após pagar fiança equivalente a 1% da renda bruta do jogo. É chover no molhado, porque o estatuto já prevê esse tipo de sanção para quem comete tais crimes, só não há um valor estipulado. Ademais, identificar todos os torcedores em caso de confronto generalizado nas dependências do estádio é pouco comum. A lei determina ainda que o acusado pode pegar pena de reclusão de um a dois anos.

Casa de ferreiro. Espeto de pau
O projeto do deputado Andre Moura (PSC-SE) determina punições para atos praticados por torcidas organizadas mesmo quando não houver partidas em disputa e aumenta de três para cinco anos o tempo de afastamento do condenado por atos violentos relacionados a eventos esportivos.

Esta proposta, aprovada na Câmara, já está no Senado. O curioso é que este mesmo Senado recebeu em uma audiência pública com juristas, em novembro, André Azevedo, presidente da torcida Dragões da Real e réu por invadir o CT do São Paulo em agosto, para protestar contra a má fase do clube no Brasileiro-2016. Em outubro, o blog Bastidores F.C., do globoesporte.com, informou que ele foi um dos 12 torcedores denunciados pelo Ministério Público pela invasão, todos proibidos de frequentarem partidas do clube, Azevedo precisou pedir autorização à Justiça para poder viajar a Brasília.

Sem detector não tem evento
Em novembro passado, a Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado aprovou projeto que obriga a instalação de detectores de metais nas portarias de todos os estádios, ginásios e construções onde são realizadas competições esportivas no País. Os que não se enquadrarem em um prazo de 360 dias, terão a concessão revogada ou não concedida.

O projeto é de Dâmina Pereira (PMN-MG), e data de 2015, quando ainda estavam em obras as arenas utilizadas nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio-2016. Por padrões internacionais de segurança, todos os locais de competição da Rio-16 contavam com detectores de metal na entrada.

Quem quer falar de futebol com Brasília em chamas?
Quase todos os projetos ainda têm um caminho relativamente longo até concluir os trâmites no Congresso e ser sancionado. Basta tomar como exemplo a proposta do deputado Ivan Valente (PSOL-SP), segundo a qual está garantido o livre exercício de manifestação e a liberdade de expressão aos torcedores nos locais onde são realizados os eventos desportivos.

Entrou na pauta ainda durante os Jogos Olímpicos-2016, quando diversos torcedores nas arenas foram impedidos de se manifestar, especialmente de forma política, com mensagens como “Fora, Temer”. O projeto foi aprovado sem alterações na Comissão de Esportes e aguarda análise na Constituição e Justiça e de Cidadania. Ou seja, para resolver um problema agudo ainda em agosto, a Câmara demorou quase seis meses.

Imagine quanto tempo levará até que todas essas propostas sejam postas em pauta, ainda mais em um cenário político de completo caos em que se encontra a Brasília de 2017?


Bandeiras da Chape e Colômbia estarão em todos os jogos da última rodada
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Daniel Brito

A CBF definiu o protocolo dos nove jogos da última rodada do Nacional em homenagem às vítimas do trágico acidente aéreo envolvendo o elenco da Chapecoense, na terça-feira passada, dia 29.

Pela primeira vez, a bandeira de um outro país estará presente na cerimônia de abertura do jogo do Brasileirão. O pavilhão da Colômbia estará ao lado da bandeira da Chapecoense e do Brasil. Se juntarão aos, já tradicionais, escudos dos clubes que estarão em campo.

Em comunicado enviado aos clubes, a CBF também definiu que os atletas entrarão em campo uniformizados com a logo da Chapecoense estilizada  com a fita preta de luto.

As crianças (mascotes) vestirão camisetas da cor verde, de mãos dadas aos jogadores, com a logo do time catarinense e fita de luto. As camisetas dos mascotes serão doadas pela CBF aos clubes. Nos estádios que possuem telão, serão exibidas imagens dos jogadores da Chapecoense vitimados na tragédia nas cercanias de Medellín, na Colômbia.

Por iniciativa dos clubes, trechos do hino da Chapecoense serão estampados nas camisas dos demais 19 clubes da Série nesta 38º rodada do campeonato.

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Iraquianos pedem fim de tiros de metralhadora para comemorar vaga na Rio-16
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Daniel Brito

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A dramática classificação da seleção do Iraque para o torneio de futebol dos Jogos Olímpicos do Rio-2016 contou com o apelo de um grupo de jovens de Bagdá, a capital do país. Durante o Pré-Olímpico Asiático, encerrado no domingo, foram espalhados cartazes e distribuídos panfletos pela cidade pedindo para que os torcedores se contivessem na comemoração. E, em caso de classificação para o Rio-2016, não mandassem tiros ao ar.

Tiros de metralhadora.

“Nossa mãe Bagdá, por favor não disparar tiros aleatoriamente caso nosso time vença”, era o que se podia ler nos cartazes exibidos em pontos estratégicos da cidade. O intuito era o de evitar feridos e até mortos por conta dos disparos.

As balas costumam ser atiradas de um ângulo no qual elas conseguem cair com uma certa velocidade capaz de provocar mortes, e não em queda livre vertical, que traz menos perigoso.

O futebol frequeteentemente consegue unir sunitas e xiitas pela seleção nacional. Mas a violência e, pior ainda, o terror ainda compõem a rotina do povo do Iraque. Basta lembrar que em 2007, quando o Iraque foi campeão asiático, um carro bomba explodiu nas ruas de Bagdá durante a festa da torcida.

Antes da partida decisiva, o capitão do time e autoridades fizeram diversos apelos públicos para que deixassem suas armas em casa para não haver feridos acidentalmente com os disparos para o ar. A polícia está autorizada a prender quem for flagrado celebrando com tiros de armas de fogo.

Não houve registros de mortos após a classificação do Iraque para o Rio-2016. O time terminou na terceira colocação o Pré-Olímpico Asiático, vencendo os anfitriões Qatar por 2 a 1 na prorrogação. No 117º, um iraquiano salvou um gol quase certo do Qatar ao atirar-se dentro da pequena área e defendendo com a barriga o chute que tinha como destino o fundo das redes. Na chegada em Bagdá, os jornais iraquianos registraram grande festa nas ruas e muitos fogos de artifício. Nada de tiros de metralhadora.

Japão e Coreia do Sul serão os demais representantes da Ásia no Rio-2016.

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A história do meia do Corinthians que só conheceu o irmão gêmeo aos 12 anos
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Daniel Brito

(Crédito: Arquivo pessoal)

Marlone, à esq., e Marlon foram separados na maternidade (Crédito: Arquivo pessoal)

Deusa tinha só 13 anos quando trouxe ao mundo os gêmeos Marlone e Marlos. Ali mesmo, na maternidade de Augustinópolis, cidade numa região conhecida como Bico do Papagaio, no norte do Tocantins, ela decidiu que entregaria os dois meninos a quem pudesse (e quisesse) criá-los. Eles eram frutos de uma gravidez tão traumática quanto indesejada.

“Uma pessoa de 13 anos não entende as coisas direito. Ainda mais no interior, do jeito que as coisas costumam ser, infelizmente. A gravidez veio após abuso sexual do meu pai biológico”, revelou ao blog, tropeçando nas palavras, Marlos, 23, em entrevista por telefone.

Esse é só o começo da impressionante história de vida do novo meia do Corinthians, Marlone, filho de Deusa, gêmeo de Marlos, ou melhor, Marlon, como prefere ser chamado, hoje jogador do Gama, o time mais tradicional do Distrito Federal.

“Quase morremos nós três na hora do parto. Minha mãe teve hemorragia, foi uma gravidez muito difícil por tudo que ela passou, né? Sofremos um bocado, mas graças a Deus estamos aqui para contar a história”, disse Marlon. “Ela não sentia aquele desejo de ser mãe, até pela forma como foi. Tem trauma até hoje…ela não gosta de ver nem eu e nem Marlon….de repente até com medo de o amor voltar…ela sempre mantém distância”, disse, também procurando palavras, Marlone, em entrevista à ESPN  quando ainda estava no Fluminense, em abril de 2015.

E foi uma diferença de 600g que praticamente determinou, horas após o parto, o destino dos dois irmãos.

Separados no berço
A oferta de Deusa às enfermeiras foi aceita, e Marlone foi logo adotado pela família de Jaldo e Eunice. “Marlone nasceu pesando 2,3kg e eu com 1,7kg. Eles [Jaldo e Eunice] viram o bebêzinho mais gordinho e escolheram ele”, contou Marlon, que ficou com a família biológica, apesar do pedido dos pais adotivos de manter os gêmeos juntos com eles.

Mas Marlon e Marlone passaram a infância sem se ver. Sabiam da existência um do outro, mas Marlon mudou-se com a família para o interior do Piauí, para morar em um sítio de criação de gado. Marlone ficou em Augustinópolis, cidadezinha de 15 mil habitantes, em um lar cujo pai era servidor público, com renda fixa. Essa estabilidade deu condições para que Marlone pudesse até iniciar no futebol em uma escolinha, para aprender e aperfeiçoar os fundamentos. Enquanto isso, Marlon jogava peladas no terrão no Piauí.

“O povo todo acha estranho porque ninguém da família joga futebol, nem nosso pai biológio, nem nosso avô, que eu chamo de pai. Parece que está mesmo no sangue meu e de Marlone”, disse o hoje meia do Gama.

O grande encontro
Certo dia de 2004, Marlon estava de passagem em Augustinópolis, iria visitar uma irmã de Deusa, a mãe biológica, que, veja só, casou-se com o pai biológico dos gêmeos, o mesmo que teria abusado sexualmente de Deusa. Em um ponto de ônibus, aquele menino da pele clara e dos cabelos quase brancos de tão loiros foi visto por um amigo de Marlone. Os dois irmãos gostavam de dizer aos amigos de bairro e de escola que tinham um gêmeo, mas como ninguém nunca os vira juntos, a história era motivo de zombaria.

(Crédito: arquivo pessoal)

(Crédito: arquivo pessoal)

Foi naquele ponto de ônibus de Augustinópolis a primeira vez que se viram e se abraçaram desde o dia em que foram separados na maternidade, em abril de 1992. Houve muito choro e muita festa, muita conversa e muitos planos. Era o feriado da Semana Santa e Marlon desistiu de visitar a tia para ficar na casa da família adotiva de Marlone. E queria ficar de vez, o que contou com o consenso de ambas as famílias.

No discurso antes do almoço do domingo, Eunice, mãe adotiva do meia do Corinthians, citou a família de Marlon, que deveria estar triste pela permanência do menino em Augustinópolis.

“Rapaz, nessa hora, quando citaram o nome da minha avó no discurso do almoço, eu desabei de chorar e falei que queria voltar para o Piauí. Foi triste demais. Eu podia ter ficado, mas também não podia ter deixado minha avó lá no Piaui”, relembrou, emocionado, Marlon.

Russo de Olaria

Marlon defendeu o Olaria enquanto o irmão jogava no Vasco (crédito: divulgação)

Marlon defendeu o Olaria enquanto o irmão jogava no Vasco (crédito: divulgação)

Ele só voltou a ter notícias do irmão quatro anos mais tarde, quando Marlone estava no Vasco. Foi aí que Marlon decidiu virar jogador de futebol também, igualzinho ao irmão. Arrumou as malas, engoliu o choro e partiu para Augustinópolis.

“Passei um ano e meio treinando fundamentos, porque eu não tinha a mesma base que meu irmão. E aos 18 anos fui para o Rio, morar com ele”, disse Marlon. Passou pela base do Olaria, ficou conhecido como o “Russo de Olaria”. Jogou pelo Madureira e, antes de desembarcar no Planalto Central, defendeu Boa Esporte, de Minas Gerais.

Enquanto isso, Marlone foi do Vasco, Cruzeiro, uma passagem rápida pelo Fluminense, e Sport, até ser contratado nesta temporada pelo Corinthians.

“Dizem que eu e ele temos o mesmo jeito de correr. E nós fazemos as mesmas funções ali no meio de campo. Eu jogo como falso volante, que tanto chega lá na frente para atacar, como está lá atrás auxiliando a defesa. E isso o Marlone faz muito bem”, comparou.

O Gama é o atual campeão do Distrito Federal, o Candangão, e Marlon é uma das principais contratações do clube para manter a hegemonia local.

Cientificamente, ele tem potencial para chegar até onde o irmão chegou. Um estudo da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, comprovou que gêmeos idênticos, mesmo criados separados, possuem a mesma personalidade,  o mesmo gosto e a mesma inteligência. É genético.

Este é o caso de Marlone e  Marlon.

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