Blog do Daniel Brito

“Sonhos Olímpicos” – Paris-1900
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Daniel Brito

Vou lhe contar, foi uma avacalhação. Uma Olimpíada durar cinco meses? Essa durou. Sem um relatório oficial do ocorrido nos Jogos? Não pode, mas aconteceu. E começar sem cerimônia de abertura, sem um desfile, qualquer coisa solene marcante? Não deveria ser assim, mas lhe garanto que foi.

Então, você dirá, essa coisa atrapalhada só pode ter sido num país bem fuleiro, subdesenvolvido, certamente no Terceiro Mundo, em alguma cidade pobre, feia e sem glamour. E eu retrucarei: quer apostar que não? Não tente adivinhar. Pois vai perder seu tempo. E eu continuo a provocar sua imaginação.

Imagine uma edição dos Jogos Olímpicos em que não haja estádio ou ginásio próprio. Em que a abertura se resuma a umas palavrinhas ditas pelo presidente do país em uma prova de ginástica.

Imagine as provas de natação disputadas no rio que corta a cidade, correnteza abaixo, propiciando uma série de recordes totalmente incompatíveis com os resultados em uma piscina comum. E sem que o tráfego de embarcações tenha sido suspenso enquanto os nadadores disputavam! Claro que esses números não seriam validados.

Agora pense em competições de futebol, tênis, remo, polo e cabo de guerra com times formados por atletas de diversos países. Sem nenhuma bandeira nacional. Imagine que as mulheres mal passaram de 2% do número de homens. E tente acreditar que um jogo de croquê teve apenas um ingresso vendido, a um torcedor de uma cidade distante.

Ah, e confusão de nacionalidades. Um atleta de um país competir por outro? A comissão de premiação não saber a que a nação creditar a vitória de vários competidores? Três provas de tiro disputadas ao mesmo tempo em lugares diferentes?

E quadras insalubres a receber jogos de esportes coletivos? Outra de local inadequado: na prova de arremesso de disco, com a força empreendida pelos atletas, pelo menos três peças atingiram perigosamente a plateia.

Não, você nunca vai acreditar que houve uma Olimpíada em que o finalista no atletismo se recusou a participar da final porque sua religião não permitia que ele fizesse isso em pleno domingo. Você duvida? Mas é verdade.

Olha, você pode me chamar de mentirosa, mas lhe garanto que foi verdade. Briga na final de rúgbi, soco na de corrida, tudo isso foi fichinha. Muitos vencedores desses Jogos Olímpicos só seriam reconhecidos e receberiam medalhas doze anos depois. Como então foram premiados? Com lembrancinhas como guarda-chuvas, pratos e carteiras!

E a cidade-sede ainda tentou incorporar aos Jogos as provas de bilhar, corrida sobre asno, pesca com vara, torneio de pipa e tiro com canhão. Só conseguiu emplacar a natação com obstáculos e resistência subaquática…

Para finalizar, contarei a história de um vitorioso anônimo. Até hoje ninguém conseguiu descobrir o nome do menino chamado para substituir o timoneiro numa prova de remo em que o titular não teve condições de atuar. O garotinho entrou na embarcação, conduziu o conjuto à vitória, participou da cerimônia de premiação… E desapareceu para sempre. Nunca se soube seu nome ou sua idade.

Leitor amigo, toda essa esculhambação não aconteceu no Brasil nem em nenhum país da periferia. Quem protagonizou essa Olimpíada esdrúxula foi Paris, a Cidade Luz, a capital da França, o charmoso sonho de consumo das pessoas mais nobres – e das mais esnobes – do mundo.

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Trecho do livro “Sonhos Olímpicos”, da editora Franco, de autoria da jornalista e escritora Clara Arreguy, que tem oito livros publicados, sendo cinco romances, um de memórias , uma colentânea de crônicas e este, de contos.


Mais uma da Rússia. Atleta diz que atropelamento na infância causou doping
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Daniel Brito

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A russa Irina Maracheva, 31, entrou para a história como mais uma atleta do país a ser flagrada no exame antidoping e, principalmente, por aumentar o inventário de justificativas para que seu teste de sangue detectasse alguma substância ilegal.

“Há muito estou tentando provar a inocência de Irina [Maracheva]. O fato é que quando ela era criança, sofreu um grave acidente, foi atingida por um carro, bateu a cabeça, sofreu uma concussão séria. Isso alterou os parâmetros do sangue dela”, disse à imprensa russa Zamira Zaytseva, ex-meio-fundista da União Soviética e treinadora de Maracheva.

A atleta, bronze nos 800m no Europeu de atletismo em 2012, na Finlândia, falhou no teste do passaporte biológico, que consiste em mapear individual o sangue de cada competidor. Por isso, foi suspensa por dois anos do esporte pelo Comitê Olímpico da Rússia.

“Não conseguimos provar 100% a relação entre o trauma da infância e a alteração no sangue, mas Irina já fez exames antidoping diversas vezes antes. Por que só agora deu resultado anormal? Porque foi feito apenas o teste de sangue, quando fazem exame de sangue e urina nunca dá positivo”, explicou à agência de notícias Tuss, da Rússia.

A cruzada contra o doping no atletismo russo é grande. O país ainda não está confirmado nos Jogos Olímpicos do Rio-2016, desde que foi revelado, na segunda metade de 2015, o caso de ocultação sistemática de doping envolvendo estrelas da modalidade na Rússia. O esquema envolvia os competidores de melhores resultados em competições internacionais e há a suspeita de que havia até a participação de membros do alto escalão do governo nacional. Até o antigo presidente da IAAF (sigla em inglês para Federação Internacional de Atletismo), o senegalês Lamine Diack, e seu filho, estão envolvidos. Recentemente, a Adidas anunciou a retirada do patrocínio milionário da entidade (cerca de R$ 123,6 milhões).


Doping, corrupção, manipulação de resultados…O que fizeram com o esporte?
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Daniel Brito

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Uma determinada empresa de comunicação lançava, em meados de 2008, sua campanha para cobertura jornalística dos Jogos Olímpicos de Pequim. Evento em um restaurante de São Paulo, repleto de ex-atletas, comentaristas e os jornalistas envolvidos naquela operação. Em seu discurso, o mandatário do veículo avisava: “Nós só vamos dar notícias boas, queremos que o esporte sirva para alegrar as pessoas, não queremos saber de notícias ruins”.

Os aplausos que se seguiram abafaram o prejuízo que esse tipo de raciocínio traz não só para o esporte, mas para o jornalismo esportivo. Principalmente porque aquele executivo não era o único a pensar desta maneira.

Hoje, vemos o quão nocivo foi acompanhar esporte só pelas ''notícias boas''. Mega esquemas de corrupção, dopagem, manipulação de resultado são descobertos com frequência diária pelos combativos colegas da imprensa europeia e dos Estados Unidos.

O mais recente, você deve se lembrar, foi o de manipulação de resultados (match fixing, em inglês) no tênis. Uma notícia que parece não ter surpreendido aos tenistas, se levarmos em conta a reação dos astros. Federer, por exemplo, disse o óbvio quando colocou o match fixing no mesmo grau de periculosidade que o doping, mas rebateu quase que em tom de desafio: “Gostaria de ouvir os nomes [dos envolvidos]. Foi um jogador? Foi a equipe de apoio? Quem foi? Foi antes? Eram tenistas de simples ou de duplas? Em qual Grand Slam?”.

Bom, a rede de TV britânica BBC anunciou ter um relatório que incrimina pelo menos 16 tenistas, um deles vencedor de Grand Slam.

Já no atletismo, foi revelado, na segunda metade de 2015, o caso de ocultação sistemática de doping envolvendo estrelas da modalidade na Rússia. Eram campeões e campeãs olímpicas, donos de recordes mundiais, gente grande. Caso que só veio à tona porque um partícipe da fraude resolveu abrir o jogo para uma rede de TV na Alemanha. Hoje, vive escondido e com medo em algum lugar da Alemanha, uma vez que o escândalo respinga até no alto escalão do governo russo.

A Rússia, por seu turno, corre o risco de não participar do atletismo nos Jogos do Rio-2016. Até o antigo presidente da IAAF (sigla em inglês para Federação Internacional de Atletismo), o senegalês Lamine Diack, e seu filho, estão envolvidos. Recentemente, a Adidas anunciou a retirada do patrocínio milionário da entidade (cerca de R$ 123,6 milhões).

O mais curioso deste caso é que o delator foi totalmente esquecido pela IAAF. A entidade máxima do atletismo fala em limpar o esporte, promover mudanças no controle de dopagem, punir os culpados. Mas jamais fez menção de retribuir ao delator pela coragem de desmantelar os trapaceiros no atletismo russo.

Antes desses casos, contudo, veio a gênese de todas as falcatruas. Quando se fala em fraude, quadrilha e corrupção em esporte está cada vez mais difícil deixar de citar o futebol, a Fifa, a CBF, Conmebol, com todos os acontecimentos de maio de 2015 até hoje. A investigação do FBI, a CPI do Futebol no Senado, a prisão de dirigentes, o jogo de esconde-esconde da cartolagem brasileira…

São só três exemplos mais recentes de monstros que parasitavam e corroíam internamente algumas das modalidades mais populares do mundo. E eles só foram descortinados graças à apuração jornalística, com apoio dos órgãos fiscalizadores, quando já estavam tão grandes que não mais cabiam dentro deles.

E o Brasil?
O Brasil também tem seus mau exemplos.

Só para citar alguns casos mais recentes, basta lembrar as diversas irregularidades encontradas pela CGU (Controladoria Geral da União) na gestão Ary Graça à frente da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei). O caso, que quase provocou a perda de um patrocínio anual de R$ 70 milhões à confederação, foi revelado pelo jornalista Lúcio de Castro no site da ESPN Brasil em 2014 e 2015. O mesmo Castro também trouxe à luz no UOL Esporte, em novembro passado, as trapalhadas de Carlos Nunes, presidente da CBB (Confederação Brasileira de Basquete), na gestão de recursos públicos oriundos de patrocínio da Eletrobras.

Meu amigo e ex-companheiro de Correio Braziliense e UOL Esporte, José Cruz milita há décadas na cobertura da política esportiva em Brasília e coleciona casos de desonestidade com dinheiro público nas mais diversas modalidades, como tênis, taekwondo, ciclismo, esgrima…

É claro que há indícios de outras irregularidades, principalmente porque o esporte de alto rendimento é financiado pelo poder público. O “Relatório de Levantamento de Auditoria” do TCU (Tribunal de Contas da União), do final de 2015, relatado pelo ministro Augusto Nardes e aprovado em plenário, alerta que “há risco de desvio de recursos públicos destinados ao esporte”.

E por que tudo isso acontece? Porque o esporte tornou-se espetáculo, negócio milionário, e, no Brasil, a maior parte dos investimentos vem dos órgãos do governo que, por sua vez, não têm estrutura para o controle dos gastos, como alerta o próprio Tribunal de Contas.

Por isso é importante entender que esporte não é “só notícia boa”, como discursou o executivo da comunicação no lançamento da cobertura jornalística da sua empresa antes dos Jogos Olímpicos de Pequim-2008.


Financiamento coletivo olímpico tenta atrair atletas brasileiros
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Daniel Brito

Em um ciclo olímpico marcado pelos vultosos recursos destinados à preparação dos atletas brasileiros, chegou ao país mais uma alternativa de investimento na performance antes dos Jogos do Rio-2016. O site francês“Sponsorise.me” (algo como “patrocine-me”) é crowdfunding (financiamento coletivo) voltado exclusivamente para atletas olímpicos. Um tipo de empreitada que dá muito certo na área da cultura e até de startups, agora tenta a sorte no ramo esportivo.

O desafio é conseguir um novo projeto de financiamento por semana. Iniciado na primeira semana de janeiro, “Sponsorise.me” conta com três campanhas em andamento. Uma delas é de Lara Teixeira, do nado sincronizado.

Ela entrou com um projeto de “patrocínio” para um programa específico de corrida, para melhorar o condicionamento físico. A meta era angariar R$ 3,5 mil, mas em pouco mais de duas semanas, já levantou R$ 4,5 mil do público.

“A ideia não é substituir a bolsa atleta ou o patrocínio pessoal, mas complementar a renda, porque a gente sabe que o atleta está sempre precisando de apoio. Seja para uma viagem, para pagar por uma preparação específica. É aí que mora a ideia do ‘Sponsorise,me’”, explicou Gabriel Mangabeira, ex-atleta olímpico, finalista dos 100m borboleta em Atenas-2004.

Do total arrecadado, a plataforma fica com 10% e o restante é do atleta. Se a meta não for atingida, o dinheiro é devolvido ao doador.

As recompensas aos que financiarem algum projeto costumam ser bem interessantes. LAra, por exemplo, faria um planejamento de treinos para quem doasse R$ 50 ao seu projeto. Já a goiana Raíza Goulão, melhor brasileira no ranking mundial de mountain bike (18ª), espera arrecadar R$ 8,8 mil para manter seu técnico, preparador físico e fisioterapeuta. Cerca de 50% da meta já foi alcançada em uma semana de campanha no ar. Os doadores que contribuírem com R$ 1.000 para sua campanha vai ganhar uma aula individual de mountain bike na bucólica e histórica cidade de Pirenópolis, no interior de Goiás.

“A gente quer contar com a colaboração do público cativo de cada modalidade, que tem interesse nas recompensas específicas de cada modalidade, mas quer também engajar o fã do esporte, o torcedor, gente que quer fazer parte da Olimpíada”, disse Mangabeira.

Além do Brasil, o projeto também atende a atletas nos Estados Unidos, África do Sul, México, Inglaterra, México, e na França, onde tudo começou.

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A história do meia do Corinthians que só conheceu o irmão gêmeo aos 12 anos
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Daniel Brito

(Crédito: Arquivo pessoal)

Marlone, à esq., e Marlon foram separados na maternidade (Crédito: Arquivo pessoal)

Deusa tinha só 13 anos quando trouxe ao mundo os gêmeos Marlone e Marlos. Ali mesmo, na maternidade de Augustinópolis, cidade numa região conhecida como Bico do Papagaio, no norte do Tocantins, ela decidiu que entregaria os dois meninos a quem pudesse (e quisesse) criá-los. Eles eram frutos de uma gravidez tão traumática quanto indesejada.

“Uma pessoa de 13 anos não entende as coisas direito. Ainda mais no interior, do jeito que as coisas costumam ser, infelizmente. A gravidez veio após abuso sexual do meu pai biológico”, revelou ao blog, tropeçando nas palavras, Marlos, 23, em entrevista por telefone.

Esse é só o começo da impressionante história de vida do novo meia do Corinthians, Marlone, filho de Deusa, gêmeo de Marlos, ou melhor, Marlon, como prefere ser chamado, hoje jogador do Gama, o time mais tradicional do Distrito Federal.

“Quase morremos nós três na hora do parto. Minha mãe teve hemorragia, foi uma gravidez muito difícil por tudo que ela passou, né? Sofremos um bocado, mas graças a Deus estamos aqui para contar a história”, disse Marlon. ''Ela não sentia aquele desejo de ser mãe, até pela forma como foi. Tem trauma até hoje…ela não gosta de ver nem eu e nem Marlon….de repente até com medo de o amor voltar…ela sempre mantém distância'', disse, também procurando palavras, Marlone, em entrevista à ESPN  quando ainda estava no Fluminense, em abril de 2015.

E foi uma diferença de 600g que praticamente determinou, horas após o parto, o destino dos dois irmãos.

Separados no berço
A oferta de Deusa às enfermeiras foi aceita, e Marlone foi logo adotado pela família de Jaldo e Eunice. “Marlone nasceu pesando 2,3kg e eu com 1,7kg. Eles [Jaldo e Eunice] viram o bebêzinho mais gordinho e escolheram ele”, contou Marlon, que ficou com a família biológica, apesar do pedido dos pais adotivos de manter os gêmeos juntos com eles.

Mas Marlon e Marlone passaram a infância sem se ver. Sabiam da existência um do outro, mas Marlon mudou-se com a família para o interior do Piauí, para morar em um sítio de criação de gado. Marlone ficou em Augustinópolis, cidadezinha de 15 mil habitantes, em um lar cujo pai era servidor público, com renda fixa. Essa estabilidade deu condições para que Marlone pudesse até iniciar no futebol em uma escolinha, para aprender e aperfeiçoar os fundamentos. Enquanto isso, Marlon jogava peladas no terrão no Piauí.

“O povo todo acha estranho porque ninguém da família joga futebol, nem nosso pai biológio, nem nosso avô, que eu chamo de pai. Parece que está mesmo no sangue meu e de Marlone”, disse o hoje meia do Gama.

O grande encontro
Certo dia de 2004, Marlon estava de passagem em Augustinópolis, iria visitar uma irmã de Deusa, a mãe biológica, que, veja só, casou-se com o pai biológico dos gêmeos, o mesmo que teria abusado sexualmente de Deusa. Em um ponto de ônibus, aquele menino da pele clara e dos cabelos quase brancos de tão loiros foi visto por um amigo de Marlone. Os dois irmãos gostavam de dizer aos amigos de bairro e de escola que tinham um gêmeo, mas como ninguém nunca os vira juntos, a história era motivo de zombaria.

(Crédito: arquivo pessoal)

(Crédito: arquivo pessoal)

Foi naquele ponto de ônibus de Augustinópolis a primeira vez que se viram e se abraçaram desde o dia em que foram separados na maternidade, em abril de 1992. Houve muito choro e muita festa, muita conversa e muitos planos. Era o feriado da Semana Santa e Marlon desistiu de visitar a tia para ficar na casa da família adotiva de Marlone. E queria ficar de vez, o que contou com o consenso de ambas as famílias.

No discurso antes do almoço do domingo, Eunice, mãe adotiva do meia do Corinthians, citou a família de Marlon, que deveria estar triste pela permanência do menino em Augustinópolis.

“Rapaz, nessa hora, quando citaram o nome da minha avó no discurso do almoço, eu desabei de chorar e falei que queria voltar para o Piauí. Foi triste demais. Eu podia ter ficado, mas também não podia ter deixado minha avó lá no Piaui”, relembrou, emocionado, Marlon.

Russo de Olaria

Marlon defendeu o Olaria enquanto o irmão jogava no Vasco (crédito: divulgação)

Marlon defendeu o Olaria enquanto o irmão jogava no Vasco (crédito: divulgação)

Ele só voltou a ter notícias do irmão quatro anos mais tarde, quando Marlone estava no Vasco. Foi aí que Marlon decidiu virar jogador de futebol também, igualzinho ao irmão. Arrumou as malas, engoliu o choro e partiu para Augustinópolis.

“Passei um ano e meio treinando fundamentos, porque eu não tinha a mesma base que meu irmão. E aos 18 anos fui para o Rio, morar com ele”, disse Marlon. Passou pela base do Olaria, ficou conhecido como o “Russo de Olaria”. Jogou pelo Madureira e, antes de desembarcar no Planalto Central, defendeu Boa Esporte, de Minas Gerais.

Enquanto isso, Marlone foi do Vasco, Cruzeiro, uma passagem rápida pelo Fluminense, e Sport, até ser contratado nesta temporada pelo Corinthians.

“Dizem que eu e ele temos o mesmo jeito de correr. E nós fazemos as mesmas funções ali no meio de campo. Eu jogo como falso volante, que tanto chega lá na frente para atacar, como está lá atrás auxiliando a defesa. E isso o Marlone faz muito bem”, comparou.

O Gama é o atual campeão do Distrito Federal, o Candangão, e Marlon é uma das principais contratações do clube para manter a hegemonia local.

Cientificamente, ele tem potencial para chegar até onde o irmão chegou. Um estudo da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, comprovou que gêmeos idênticos, mesmo criados separados, possuem a mesma personalidade,  o mesmo gosto e a mesma inteligência. É genético.

Este é o caso de Marlone e  Marlon.

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Britânicos vêm remando e pedalando do Parque Olímpico de Londres até o Rio
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Daniel Brito

Quatro ingleses e uma irlandesa estão em uma jornada um tanto quanto maluca para o Rio de Janeiro. Eles saíram do Parque Olímpico de Londres, no bairro de Stratford, em 8 de janeiro com destino ao Rio de Janeiro. Detalhe: metade do percurso será de bicicleta. A outra metade, remando. Sim, eles vão atravessar o Oceano Atlântico remando.

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É um projeto chamado Row2Rio (Remando para o Rio, na tradução livre). Mel Parker, tem 27 anos, trabalha com insituições de caridade, Sussanah Cass, 27, é irlandesa e estuda biologia, Jake Heath, 29, é podólogo, e Johnny Keevil, 30, é professor. Esses são os quatro aventureiros numa rota jamais registrada por qualquer atleta. Por isso, contaram com o apoio da Ocean Rowing Society (Sociedade de Remo Oceânica) para traçar um caminho da Europa ao Brasil.

Antes, porém, precisam vencer alguns milhares de quilômetros de bicicleta pelo sul da Inglaterra, atravessar quase toda a França até um porto no sudoeste, de onde embarcam no remo oceânico. No dia de hoje, eles chegaram ao litoral Atlântico francês, poucos quilômetros ao sul de Bordeaux.

Em mar aberto, estabeleceram alguns pontos estratégicos. Remam em direção às Ilhas Canárias, em seguida em direção a Cabo Verde, o arquipélago que servirá como última parada até chegar em Belém.Terão atravessado 2,5 mil quilômetros de oceano. Remando. Eles entram no Brasil por Belém. E de lá, pedalam outros 3 mil quilômetros até o Rio de Janeiro.

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(Crédito: Reprodução/Facebook)

Fizeram um crowdfounding no Reino Unido que já angariou £56 mil (R$ 320 mil), mas o objetivo é chegar às £ 200 mil (R$ 1,1 milhão).Eles explicam na página na internet que £75 mil serão para financiar o barco e o restante será doado para o Instituto MacMillan de Câncer, do Reino Unido.

A história desses quatro corajosos viajantes está sendo contada diariamente na página do Row2Rio na internet, além do perfil que mantém nas redes sociais.

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(Crédito: Reprodução/Facebook)


Vem aí o “Caveirão” olímpico, que pode custar até R$ 2,7 milhões
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Daniel Brito

O nome oficial é veículo blindado antitumulto, mas na linguagem das ruas ele é conhecido como “Caveirão”. O Rio de Janeiro vai ganhar mais um modelo para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos-2016. Deve desembarcar até junho com o valor de até R$ 2,7 milhões.

O “Caveirão Olímpico” será resistente a disparos de diversos tipo de armas de fogo, além de contar com proteção contra artefatos explosivos, com capacidade para o transporte de três policiais totalmente equipados com até 200kg de equipamentos ou acessórios de uso coletivo. Há também um tanque de água com capacidade para armazenar 6 mil litros para utilização do jato alto do blindado com alcance superior a 10 metros. Dentro do veículo, há todo um sistema de monitoramento de vídeo controlado pelos policiais embarcados.

O termo de referência para a licitação já foi divulgado e publicado no Diário Oficial da União no último dia 5. A SESGE (Secretaria Extraordinária de Segurança Para Grandes Eventos), ligada ao Ministério da Justiça, informou via assessoria de imprensa, que adquiriu e repassou outros veículos blindados deste tipo aos Estados antes do Mundial de futebol da Fifa, em2014, e que poderão ser utilizados durante os Jogos do Rio-2016, na segurança das Cidades do Futebol, além daqueles que estão a cargo do governo do estado do Rio de Janeiro.

O Caveirão Olímpico, após os Jogos, ficará como legado para a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio. “Todas as decisões em relação a destinação do equipamento serão, portanto, do governo do Estado, que avaliará a forma em que este será mais útil para a segurança pública”, informou a assessoria da SESGE, em nota.

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Atletismo recebe R$ 26 milhões do governo para projeto com atletas da base
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Daniel Brito

A crise financeira e os cortes no orçamento da União não atingiram o Ministério do Esporte, que vai repassar R$ 26 milhões à CBAT (Confederação Brasileira de Atletismo) nos próximos 24 meses. Este valor representa mais da metade do orçamento anual da entidade (cerca de R$ 40 milhões) e será destinado para a implantação da “Rede Nacional de Atletismo”.

“Parece muito dinheiro, mas não é. Porque é um projeto para atender a todas as regiões do Brasil”, explicou Antônio Carlos Gomes, superintendente de Alto Rendimento da CBAT.

De acordo com o Ministério do Esporte, esse montante deve ser utilizado para implantação e manutenção de 12 centros de treinamentos. Estima-se que 500 atletas, preferencialmente da base, sejam atendidos. Ou seja, não é voltado para os desportistas que devem representar o Brasil nos Jogos do Rio-2016, e sim para Tóquio-2020 em diante.

Onze Estados serão contemplados com o projeto (AM, CE, MG, MT, PI, PR, RJ, RN, RS, SC e SP). Esses R$ 26 milhões não devem ser utilizados para obras ou construções. Todos os CTs já estão de pé e prontos para serem utilizados, segundo Gomes.

“É um programa que desenhei baseado no que se faz no Leste Europeu e em boa parte do mundo. Vamos implantar uma unidade no conhecimento, porque o Brasil não tem um sistema único, nacional, de treinamento”, disse Gomes, que é mestre em pedagogia do treinamento pelo Instituto Estatal da Ordem de Lênin, de Moscou, na Rússia, e doutor em ciências do treinamento desportivo de alto rendimento na Universidade Nacional da Cultura Física e Esportes, também da capital russa.

O dirigente explicou que o trabalho começa nos CTs locais, onde serão identificados talentos da região de, no máximo, 19 anos. “Os atletas participarão de estágio de desenvolvimento nos Centros Regionais de forma padronizada e unificada com a metodologia da CBAt”, explicou o Ministério do Esporte, em nota publicada em sua página na internet.

Os que se destacarem, avançam aos CTs regionais,  e dali para os nacionais, que serão no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa, em São Paulo, e na pista de atletismo do Centro de Desportos da Aeronáutica do Rio de Janeiro.

“As pessoas gostam de repetir que precisa aumentar a base para ter mais atletas de qualidade no Alto Rendimento. Mas olha ai para as corridas de rua. Temos milhares de corridas de rua no Brasil, mas quantos medalhistas olímpicos ou recordistas mundiais nos temos? Quer dizer, temos uma base grande de corredores de rua, mas a qualidade não acompanha esse crescimento. E a Rede Nacional de Treinamento chegou com este propósito, de qualificar a base. Vamos servir de modelo para outras modalidades”, previu, otimista, Antônio Carlos Gomes.

A previsão é de que em março se iniciem os trabalhos.

George Hilton

(Crédito: Roberto Castro/ME/Divulgação)


Imprensa dos EUA detona o Rio a sete meses da abertura dos Jogos-2016
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Daniel Brito

2016-01-13 11.00.03O Rio de Janeiro foi alvo de severas críticas de duas importantes publicações nos Estados Unidos. O tradicional Wall Street Journal e o portal Businesse Insider descreveram a preparação da cidade para receber os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos como um “carnaval de problemas” e “sem sinais de melhora”.

“Muito do que o mundo verá pela TV nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 está quase pronto”, começou o jornalista Wil Connors, do Wall Street Journal, em seu texto publicado na terça-feira, 11. “Mas a sete meses da cerimônia de abertura, o Brasil enfrenta questões sérias, algumas das quais são tão unicamente do Brasil que é impossível prever como vão ser resolvidas.”

Connors citou a crise financeira, com o aumento do desemprego, da inflação e o fraco PIB (Produto Interno Bruto), os baixos números de ingressos vendidos, problemas para concluir a extensão do metrô, além do escândalo da Lava Jato.

“Uma das preocupações dos organizadores é se os brasileiros, que não ligam muito para certos esportes olímpicos, vão comprar ingressos suficientes para atingir a meta comercial. Até 31 de dezembro, menos da metade dos 4,5 milhões de tíquetes haviam sido vendidos no mercado doméstico. O Comitê Organizador depende da venda para preencher 17% das suas necessidades orçamentárias”, apontou Connors.

A Business Insider, que reproduz boa parte do conteúdo do Wall Street Journal, afirma que em razão de tantos problemas, os brasileiros já estão ficando “fartos dos Jogos Olímpicos e vários protestos foram realizados” e prevê mais manifestações maiores até a cerimônia de abertura, em 5 de agosto.

Connors citou a epidemia de dengue e suas variações (chikungunya e zika vírus). E a questão da despoluição da Baía de Guanabara também foi lembrada. A Bussiness Insider afirmou que se as praias dos Estados Unidos tivessem o mesmo nível de poluição que as águas do Rio, certamente elas seriam fechadas para o público.

Por fim, o Wall Street Journal encerra seu panorama na situação do Rio lembrando que o prefeito Eduardo Paes prometeu comprar um milhão de ingressos para distribuir gratuitamente entre as crianças de escolas públicas. “Mas isso ele não fez ainda”, finaliza Connors.

2016-01-13 11.01.16


CGU pede que confederação de basquete devolva dinheiro aos cofres públicos
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Daniel Brito

A série de reportagens sobre o mau uso do dinheiro público por parte da CBB (Confederação Brasileira de Basquete), publicada no UOL pelo jornalista Lúcio de Castro provocou uma investigação por parte da CGU (Controladoria Geral da União).

O órgão do governo federal publicou um relatório de 119 páginas, no qual pede que Confederação Brasileira de Basquete devolva aos cofres públicos R$ 74.304,78 “pagos a título de passagens internacionais a pessoas não convocadas para a seleção masculina sub-19 de basketball”, apontou a controladoria. E que também ''apresente e discrimine os comprovantes de despesas com hospedagens nas viagens internacionais realizadas'' de acordo com os termos do convênio com o Ministério do Esporte.

Castro revelou, em novembro, uma vida de mordomias e alguns luxos do presidente Carlos Nunes e família. Cobertos em sua maior parte com verbas de origem pública, estão débitos de passagens para incontáveis viagens da mulher do dirigente, Clarice Mancuso Garbi.

A investigação da CGU concluiu que em um montante superior a R$ 18 milhões recebidos pela CBB do Ministério do Esporte, cerca de R$ 1 milhão pode representar fraude ao erário. A Controladoria também alertou que, apesar dos recursos cada vez maiores injetados na Confederação, a CBB só acumula dívidas, “implicando na malversação dos recursos públicos repassados à entidade”.

Entre as 37 irregularidades que a equipe da CGU encontrou estão a utilização de recursos do convênio para pagamento de despesas sem apresentação dos comprovantes; utilização de recursos para pagamento de despesas não previstas no convênio com Ministério do Esporte; pagamento de passagens aéreas e hospedagem a pessoas que não constavam da lista de atletas e da comissão técnica aprovados no Plano de Trabalho, entre outros.

As contas da CBB com a Eletrobras, sua antiga patrocinadora, não foram avaliadas pela CGU neste relatório.