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Lua de mel tira relator da CPI do Futebol de audiência nesta quarta
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Daniel Brito

“Vou passar a palavra para o senador Romero Jucá, que está prestes a se tornar um homem sério”, anunciou Romário (PSB-RJ), na última sessão da CPI do Futebol no Senado que contou com a presença do relator Jucá (PMDB-RR), há duas semanas. Entre risadas, o parlamentar de Roraima respondeu rapidamente: “Mas eu já sou, rapaz”, aumentando o clima de descontração de uma CPI que ainda não conseguiu engrenar.

Muito se deve à atuação do relator e suas constantes ausências. Na reunião desta quarta-feira, 7, Jucá também anunciou que não poderá comparecer porque estará em lua de mel.

Na noite do ultimo sábado, 3, o senador de 60 anos casou-se pela quarta vez, em Brasília. A esposa é Rosilene Brito, 43, ex-servidora do Senado. A cerimônia muito concorrida contou com a presença da Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Renan Calheiros (PMDB-AL), e os ex-presidentes José Sarney (PMDB-AP) e Fernando Collor de Mello (PTB-AL). Além de políticos da oposição, José Serra (PSDB-SP), Aloysio Nunes (PSDB-SP) e Agripino Maia (DEM-RN). E empresários.

Parceiro de mesa diretora da CPI do Futebol, Romário foi convidado mas não pôde comparecer, porque já tinha compromissos no Rio.
Na mesma sessão em que Romário anunciou o casamento do relator, há duas semanas, Jucá indicou o amapaense David Alcolumbre (DEM) para substituí-lo na relatoria enquanto ele estivesse ausente. Alcolumbre é uma das figuras mais apagadas da CPI. Jamais apresentou um requerimento ou fez algum discurso digno de nota.

Nesta quarta-feira, ele será o relator durante a audiência com os presidentes do Santos e do São Paulo, uma vez que os clubes da liga Sul-Minas-Rio, os primeiros convidados para esta sessão, alegaram diversos compromissos para não comparecer à CPI.


Senador da CPI do Futebol prega a extinção das federações estaduais*
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Daniel Brito

Zezé Perrela fez discursos contra as federações (crédito: Folhapress)

Em discurso, Perrela disse que federações estaduais são “apenas cartórios” (crédito: Folhapress)

O senador Zezé Perrella (PDT-MG) terá a oportunidade de repetir aos presidentes das federações estaduais do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, nesta terça-feira, 29, o que sempre bradou nas tribunas do Senado: o fim das federações estaduais de futebol.

A 11ª sessão da CPI do Futebol nesta terça terá a presença do Rubens Lopes, mandatário da entidade que comanda a modalidade no Estado do Rio, e Castellar Modesto Guimarães Neto, gestor em Mnas Gerais. Perrela é um dos membros da comissão.

Desde os acalorados debates para a MP 671 (a Medida Provisória do Futebol, o Profut) ainda no primeiro semestre, Perrella apregoa a extinção dessas federações. Logo nas primeiras reuniões da CPI no Senado, ele voltou à carga.

“Na verdade, as Federações Estaduais são cartórios apenas para registrar os jogadores. Esse modelo é atrasado. É o único país do mundo que tem federações estaduais ou regionais”, criticou Perrela, ainda na 3ª sessão da CPI, no início de agosto. “O Brasil é o único país do mundo que tem campeonatos estaduais. As federações, para mim, não têm necessidade de existir, todas elas. E os campeonatos estaduais só existem porque se os campeonatos estaduais acabarem as federações acabam junto”, completou.

Para atacar as entidades regionais, filiadas à CBF, Perrella critica, e muito, a existência dos campeonatos estaduais. “É um negócio inexplicável que ainda exista campeonato estadual no Brasil. Eu acho que, enquanto nós não acabarmos com isso, dificilmente vamos evoluir. E as federações são fechadas. Obviamente que o dia em que não tivermos mais os estaduais, acabam-se as federações”, opinou.

O posicionamento de Perrella foi corroborado por todos os membros da CPI, que concordaram em convidar os presidentes de federações para uma audiência pública. Além de Rubens Lopes e Guimarães Neto, foram chamados para a reunião Reinaldo Rocha Carneiro Bastos, de São Paulo, Evandro Barros de Carvalho, de Pernambuco, Gustavo Vieira, do Espírito Santo.

A mesa diretora da CPI chegou a anunciar o cancelamento da audiência, porque os cartolas não avisaram se viriam Apenas no início da noite dessa segunda-feira, 28, foi confirmada a sessão, com Lopes e Guimarães Neto.

* Atualização: O senador Zezé Perrella não compareceu à audiência pública com os presidentes de federações estaduais na CPI do Futebol no Senado.


CPI do Futebol esquece Pelé e vota investigação da venda de direitos de TV
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Reprodução

Reprodução da página da Interpol na internet com informações sobre Margulies: “Procurado da polícia”

A CPI do Futebol no Senado pode entrar no rumo das investigações de compra e venda de direitos de transmissão de TV. Na sessão desta quarta-feira, 23, os parlamentares colocarão em votação o requerimento do presidente da Comissão, Romário (PSB-RJ), de quebrar o sigilo de José Margulies, também chamado de José Lázaro.

Ele é um dos 14 citados na investigação do FBI que ocasionou na prisão de sete dirigentes, entre os quais José Maria Marin, que está na cadeia em Zurique até hoje. Lázaro foi indiciado por quatro acusações: extorsão, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. As denúncias foram feitas com base nas alegações de que ele, como um executivo de TV, ajudou a organizar os pagamentos ilegais entre os executivos de marketing e oficiais de futebol.

Nesta entrevista, no início do mês, ele deu a entender que “facilitou” negociações para compra e venda de direitos de transmissão. Margulies é argentino de nascimento, mas cidadão brasileiro desde 1973, está no Brasil desde a eclosão da crise na Fifa, em maio, e frequentando seu escritório, em São Paulo.

Se o requerimento de Romário for aprovado, a CPI, finalmente, entra no tema, que esteve ao largo da pauta desde a instalação da comissão, em agosto. Foi por causa de negociação de direitos de transmissão que a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na Klefer Marketing Esportivo, de propriedade de Kléber Leite, ex-presidente do Flamengo, responsável por, entre outras coisas, negociar os direitos de transmissão da Copa do Brasil e das eliminatórias da Copa do Mundo de 2018.

Há outros oito itens na pauta da CPI desta quarta-feira, entre eles o pedido de Paulo Bauer (PSDB-SC) para que a Comissão tenha acesso aos dados bancários e fiscais de José Maria Marin. Será votada também o pedido de convocação, feita por Romário, do atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero e o ex-presidente Ricardo Teixeira.

A pauta das duas semanas anteriores, uma audiência pública para ouvir Pelé e outros craques do passado, que nunca foi realizada, está sem previsão de remarcação.

Propina por direitos de transmissão
Em uma das conversas gravadas que fizeram parte da investigação do FBI no caso, o empresário J. Hawilla negocia com Marin, detido desde o final de maio em Zurique, a distribuição de R$ 2 milhões de propina relacionada aos direitos de transmissão da Copa do Brasil. Esse dinheiro seria um acordo de pagamento anual ao dirigente, segundo revelou a Justiça dos EUA.

O FBI divulgou o conteúdo da conversa, gravada pelo empresário. “Quando [Hawilla] perguntou se era realmente necessário continuar pagando propinas para seu antecessor na presidência da CBF, Marin disse: ‘Está na hora de vir na nossa direção. Verdade ou não?’.Hawilla concordou e disse: “Claro, claro. O dinheiro tinha de ser dado a você [ou vocês]’. Marin concordou: “É isso”.

Há a suspeita de que o autal presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e o ex-presidente, Ricardo Teixeira, tenham recebido propina nesta participação, embora o processo não dê nome aos envolvidos que não estão presos como Marin. Del Nero nega que tenha embolsado qualquer quantia de suborno.

Os direitos de transmissão da Copa do Brasil pertencem à Globosat, uma das principais empresa das organizações Globo, da qual faz parte o canal a cabo Sportv. O grupo tem acordo com a TV Bandeirantes e a ESPN Brasil para exibição do certame, mas sobre nenhuma dessas há indícios de que possam ser investigadas.


Reunião da CPI do Futebol adiada novamente. A culpa pode ser do relator
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Daniel Brito

Pela segunda vez consecutiva, a audiência pública da CPI do Futebol que ouviria ex-jogadores como Zico, Pelé, Carlos Alberto Torres entre outros, foi adiada. Ela deveria ter sido realizada na última quinta-feira, 10. Mas o relator da comissão, Romero Jucá (PMDB-RR) alegou compromissos no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e a sessão foi remarcada para esta terça-feira, 15.

A terça-feira chegou, mas a reunião não será realizada. Os craques do passado não foram nem sequer contatados para vir a Brasília. Essa audiência fazia parte do plano de trabalho apresentado por Jucá ainda nas primeiras sessões da comissão.

Não é a primeira vez que o senador de Roraima faz vistas grossas para os acontecimentos da CPI do Futebol. Em termos de importância, o relator é o posto mais atuante  em uma comissão parlamentar de inquérito. Cabe a ele a condução da pauta e o controle dos atos que podem levar a uma investigação mais profunda.

Este blogueiro esteve presente em todas as reuniões da comissão e elenca, abaixo, cinco fatos que marcaram a participação de Jucá até agora à frente da CPI do Futebol no Senado.

20 de agosto – 6ª reunião da CPI do Futebol
Foi aprovada a quebra do sigilo bancário e fiscal de Marco Polo Del Nero. Jucá saiu antes do início da votação para atender a compromissos em outra comissão no Senado e não deu seu voto.

25 de agosto – 7ª reunião da CPI do Futebol
Os jornalistas Lúcio de Castro e Rodrigo Mattos, blogueiro do UOL Esporte, apresentaram uma série de irregularidades feitas nas negociações da CBF, mas Jucá manteve-se nada perguntou aos depoentes. Em entrevista após a sessão, disse que só poderia tomar novas ações com documentos pedidos à CBF – mas posteriormente vetados pelo STF -, e a quebra do sigilo de Del Nero.

27 de agosto – 8ª reunião da CPI do Futebol
Jucá não compareceu à audiência pública com os jornalistas Luiz Carlos Azenha, Leandro Cipoloni e Amaury Ribeiro Junior, autores do livro “O Jogo Sujo do Futebol”.

3 de setembro – 9ª reunião da CPI do Futebol
Durante audiência pública com o jornalista escocês Andrew Jennings, autor de vários livros sobre a corrupção na Fifa, além de colaborador do FBI nas investigações que levaram à prisão de sete membros da Fifa no final de maio deste ano. Jucá entrou na sala durante a oitiva, cumprimentou a mesa e saiu.


Líder do PMDB no Senado cede seu lugar a aliado da CBF na CPI do Futebol
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Daniel Brito

Eunício Oliveira (PMDB-CE), líder de seu partido no Senado, faltou a todas as sessões da CPI do Futebol, embora fosse um dos titulares. Mas ele se desobrigou a comparecer à comissão desde a semana passada, quando cedeu seu assento para o senador João Alberto.

João Aberto (PMDB-MA) é mais um dos apadrinhados da família Sarney. Foi com o apoio do ex-presidente José Sarney que ele tornou-se governador do Maranhão, entre 1990 e 1991. Ele também foi deputado federal pelo Estado. Nas eleições de 2006, era candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Roseana Sarney, que acabou derrotada nas urnas.

Antes da instalação da CPI, o maranhense estava cotado para assumir a relatoria, que era pretendida por Romário (PSB-RJ). Em termos de importância, o relator consegue produzir mais que o presidente de uma CPI. Porque ao presidente compete a direção dos trabalhos e a representação da comissão em suas relações externas ao Congresso. A condução dos atos de investigação mantém-se sob controle do relator. Hoje, a relatoria está nas mãos do PMDB, mas sob a batuta de Romero Jucá, que já até faltou a audiências públicas com jornalistas. A Romário coube a presidência.

João Alberto tem ligação estreita com Fernando, o segundo dos três filhos de José Sarney. Fernando é vice-presidente da CBF, aliado a Marco Polo Del Nero, diretamente interessado no andamento das investigações sobre a confederação. É apaixonado por esportes, já financiou a criação de um time de basquete profissional feminino, uma vez que é praticante da modalidade. Ele comanda o Grupo Mirante de Comunicação, que é afiliada da TV Globo no Estado.

Fernando Sarney foi alvo de investigação da operação “Faktor” (que já recebeu o nome de “Boi Barrica”) da Polícia Federal, que apura seu envolvimento em lavagem de dinheiro. A operação da PF foi deflagrada em 2007 devido à movimentação atípica de R$ 2 milhões na conta de Fernando e da mulher dele, Teresa. Mas o STJ (Superior Tribunal de Justiça) anulou todas as provas obtidas pela operação da polícia. Os ministros do STJ entenderam que os grampos que originaram as quebras de sigilo foram ilegais.

Será Fernando Sarney quem representará a CBF na reunião da Conmebol que definirá a realização da Copa América do Centenário, no próximo ano, nos Estados Unidos, conforme informou a Folha de S.Paulo nesta quarta-feira, 9.


Denunciado pela PGR, Collor some da CPI do Futebol no Senado
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Daniel Brito

A CPI do Futebol no Senado realizou, na terça-feira, 1º de setembro, sua oitava  sessão, e o senador Fernando Collor (PTB-AL) chegou à marca de sete sessões sem comparecer à comissão.

Ele é o indicado pelo bloco parlamentar chamado “União e Força”, que conta com PTB, PSC, PR, PRB. Na única reunião que participou, o ex-presidente da República, que saiu do cargo após impeachment em 1992, conta como registro apenas sua assinatura de presença, sem pronunciamentos ainda no início de agosto.

Procurado pelo blog, Collor respondeu por meio de sua assessoria no Senado apenas que não pôde comparecer à CPI do Futebol, sem dar um motivo.

O senador alagoano parece ter outras preocupações antes de tratar de futebol. Há pouco mais de 10 dias, o Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, protocolou uma denúncia contra Collor por suposta participação no esquema de corrupção da Petrobras. Grupo ligado ao senador pode ter recebido mais de R$ 26 milhões em propinas, de acordo com as investigações da Operação Lava Jato.

Collor tem pouca ou quase nenhuma ligação com o futebol. Em seu currículo, no máximo o vínculo da família com o CSA, tradicional clube da capital de Alagoas, do qual chegou a presidir. Seu filho, Arnon de Mello, é o chefe do escritório da NBA no Brasil, mas os dois mantêm um relacionamento distante.

O suplente de Collor na CPI é o senador do Mato Grosso Wellington Fagundes (PR). Foi de Fagundes a iniciativa de pedir os dados relativos à movimentação de recursos financeiros e de bens e serviços estimáveis em dinheiro da CBF para as Federações Estaduais de Futebol e para seus dirigentes, relativos ao período de janeiro de 2005 a janeiro de 2015.

Mas nas duas últimas sessões Fagundes não compareceu.