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Arquivo : Rio-2016

Como os EUA podem mudar a história dos Jogos Paraolímpicos
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Daniel Brito

Archer Matt Stutzman of the U.S. prepares to shoot in the London Paralympics. Born without arms, Stutzman uses a release trigger strapped to his shoulder to fire.

Matt Stutzman, nasceu sem os braços, estará na Rio-2016

Os Jogos do Rio-2016 estão sendo tratados como um dos momentos mais importantes da história do esporte para pessoas com deficiência. E, por enquanto, não tem a ver com o desempenho dos atletas, mas com a cobertura que a imprensa americana dará ao evento.

A rede de TV dos Estados Unidos NBC promete entregar 70 horas de exibição das disputas, que iniciam-se em 7 de setembro, no Rio. É um recorde de transmissão de esporte paraolímpico no país. A popularização do paraolimpismo nos Estados Unidos está diretamente ligada ao desenvolvimento e aumento da consciência das pessoas quanto ao movimento.

O Brasil é um bom exemplo de como a TV influenciou na formação e descobrimento de atletas. Um dos maiores medalhistas paraolímpicos do Brasil, o nadador Daniel Dias, dono de oito ouros em Jogos, só descobriu o esporte após assistir a transmissão do Sportv dos Jogos Paraolímpicos de Atenas-2004. Até então, sofria bullying na escola por ter má formação congênita dos quatro membros, pois não sabia que existia esporte de alto rendimento para pessoas com deficiência.

Em Londres-2012, enquanto os ingleses celebravam a maior edição de Jogos Paraolímpicos já realizados, com estádios tomado por 80 mil pessoas para assistir provas de atletismo, os Estados Unidos exibiram apenas cinco horas de competição. Os 12 dias de competição tiveram apenas cinco horas na NBC em 2012, somando todos os programas e compactos e reprises transmitidas neste período.

Não por acaso, o desempenho dos atletas americanos está abaixo do costuma ser nos Jogos Olímpicos. Eles terminaram na sexta colocação, com 31 medalhas de ouro, seguidos pelo Brasil, em sétimo, com 21 ouros. Desde Atlanta-1996, os Estados Unidos não terminam os Jogos Paraolímpicos no topo do quadro de medalhas.

Um acordo fechado entre NBC e IPC (Comitê Paraolímpico Internacional, na sigla em inglês) para transmissão dos Jogos Paraolímpicos de Sochi-2014 e do Rio-2016 foi celebrado como um grande marco. Os valores do acordo, no entanto, foram mantidos em sigilo. Já nas Olimpíadas de inverno, de dois anos atrás, na Rússia, a NBC lançou ao ar mais de 55 horas de programas sobre os Jogos.

É claro que a rede de TV dos Estados Unidos ainda está bem longe de repetir a cobertura que faz dos esportes olímpicos. Sua programação inclui apenas um único programa de três horas de duração na TV aberta, no último dia de competição (18), e o restante será exibido no seu canal a cabo, que costuma exibir esportes como pescaria, hóquei no gelo e ciclismo. Porém, eles confiam na crescente audiência das transmissões em streaming (via internet). Por isso, o site do USOC (Comitê Olímpico dos Estados Unidos, na sigla em inglês), que gere o desporto paraolímpico nos EUA,deve disponibilizar as transmissões da NBC.

Com este acordo, o IPC espera bater o recorde de audiência dos Jogos de Londres-2012, quando acumulou 3.8 bilhões de espectadores.


Palco da estreia da seleção na Rio-16 abandona energia solar, sem dinheiro
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Daniel Brito

BRASILIA, BRAZIL - JUNE 15: General View of fans in the stands enjoying the match action during the FIFA Confederations Cup Brazil 2013 Group A match between Brazil and Japan at National Stadium on June 15, 2013 in Brasilia, Brazil. (Photo by Robert Cianflone/Getty Images)

Sol de Brasília deveria ser a fonte de energia do Estádio Nacional na Rio-16 (Robert Cianflone/Getty)

Não saiu do papel o projeto de alimentar o Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, com energia solar. Duas empresas do GDF (Governo do Distrito Federal) rescindiram, de forma amigável, o contrato para obra, estimada em R$ 12,2 milhões e com previsão de ficar pronta para os Jogos Olímpicos do Rio-2016.

O motivo: falta de dinheiro.

O Nacional foi contemplado com 10 partidas de futebol nos Jogos do Rio-2016 em um período de oito dias, de 4 a 12 de agosto. Os holofotes que vão por luz na seleção brasileira masculina a partir das 16h do dia 4, ante a África do Sul, na estreia do time de Rogério Micale na Olimpíada, serão alimentados por redes de alta tensão vindas das usinas hidroelétricas de Corumbá III e Corumbá IV, em Goiás.

Não era essa a promessa feita no início de 2014. O compromiso oficializado à época era que 75% da cobertura do Nacional pudessem ser utilizados para abrigar os painéis de captação de energia solar fabricados com silício cristalino. Seria ali a Usina Fotovoltáica (USF), nome técnico para produção desta matriz energética. De acordo com a CEB (Companhia Energética de Brasília) atenderia uma demanda da Fifa que gostaria de fazer uma “Copa sustentável”.

Em abril deste ano, contudo,  o DODF (Diário Oficial do Distrito Federal) publicou o balanço da CEB no qual constava a informação da rescisão amigável entre a companhia e a Terracap, agência de desenvolvimento do DF, igualmente uma empresa pública do governo local. A Terracap era a responsável pelo consórcio que tocaria a obra.

“A Terracap solicitou inicialmente a suspensão do convênio e realização de estudos de viabilidade do empreendimento. Depois, a Gerência de Engenharia da Terracap sugeriu a rescisão contratual. Dentre os motivos elencados está a conjuntura econômica/financeira em que a Terracap se encontrava, sem recursos disponíveis, visto que essa despesa não foi contemplada na proposta orçamentária de 2015”, informou a Terracap, por meio da assessoria de imprensa.

A empresa também informou que a obra nem sequer foi iniciada e não há outra alternativa, a não ser continuar alimentando o Estádio Nacional com as linhas de Corumbá III e IV.

E eu com isso?

A arena brasiliense, reerguida ao custo estimado de RF$ 1,9 bilhão, ganhou duas sub-estações de energia cujas redes de alta tensão estão sendo fornecidas pelo SIN-Furnas (Sistema Interligado Nacional) e das usinas de Corumbá III e IV, responsáveis por abastecer todo o DF, que custaram R$ 23 milhões, segundo anunciou o GDF, em 2013. Além dessa, haveria a tal usina fotovoltáica no valor de R$ 12 milhões, que nunca saiu do papel.

A energia solar é limpa e renovável, embora mais cara que a hidroelétrica. Brasília reúne características especiais para aderir a esta matriz energética, uma vez que possui uma estação seca que se estende por quase seis meses no ano em média.

Se a usina fotovoltáica do Nacional tivesse saído do papel, ela substituiria de alguma maneira o consumo da energia da hidroelétrica. As redes de alta tensão de Corumbá poderiam, assim, ter uma destinação muito mais útil para o cotidiano da capital.  Por exemplo, contribuindo para diminuir a incidência de apagões na região central da capital do país, onde estão localizadas diversas autarquias, ministérios, tribunais superiores e sede de bancos públicos.

Além de amenizar a diminuição do nível dos reservatórios no Estado de Goiás, que nesta época do ano começa a preocupar as autoridades, em razão do minguado índice pluviométrico registrado até agora em 2016 na região.

BRASILIA, BRAZIL - JUNE 03: Traffic passes (BOTTOM) as some buses are parked (MIDDLE) in front of the 72,000-seat Mane Garrincha Stadium, which is now used primarily as a municipal bus parking lot, on June 3, 2015 in Brasilia, Brazil. Brazil constructed a number of expensive stadiums for the 2014 FIFA World Cup which now sit mostly empty in part because there is no popular local team to draw attendance. (Photo by Mario Tama/Getty Images)

Sol por seis meses: DF reúne características para projeto de energia solar (Mario Tama/Getty)


Rio-16 tenta o que DF não conseguiu: salvar o gramado do Mané Garrincha
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Daniel Brito

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Imagem reproduzida da TV do gramado do Estádio Nacional, no início desta semana

O Comitê Organizador Rio-2016 tem 25 dias para salvar o gramado do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Desde 11 de julho a arena está entregue à organização dos Jogos, que montou força-tarefa dedicada ao campo de jogo. No próximo dia 4, às 16h, a seleção masculina estreia contra África do Sul, no Distrito Federal.

O gramado é um ponto de preocupação no gigante de 72 mil lugares erguido para receber o Mundial da Fifa, dois anos atrás. No último dia 10, o Flamengo enfrentou o Atlético-MG com o campo em condição lastimável. A grama estava queimada, dava até a impressão de que um trator havia arado o terreno minutos antes de a bola rolar. Havia areia em todo o campo, a pequena área estava remendada com placas de grama. Os jogadores reclamaram das condições publicamente.

De acordo com a Comitê Rio-2016, nada disso será visto quando começarem os Jogos. “Uma equipe de especialistas trabalha na recuperação e preparação do gramado. Com a interrupção do uso do estádio e o trabalho intensivo dos agrônomos, o campo estará em melhores condições para receber as dez partidas programadas para Brasília”, informou o Rio-16, por meio de sua assessoria.

Serão vetados treinamentos no Nacional. Nem sequer o tradicional reconhecimento de gramado, no dia que antecede à partida, será permitidos, apenas um passeio, sem chuteira, só de tênis, pelo campo.

Problema crônico

Brasília foi contemplada com 10 partidas de futebol nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 em um período de oito dias, de 4 a 12 de agosto. Assim, o Estádio Nacional terá quase 50% a mais de jogos nas Olimpíadas do que no Mundial Fifa-14. A Copa do Mundo levou ao Distrito Federal sete partidas em um período de 24 dias. Após os primeiros 270 minutos de bola rolando (três jogos), contudo, o gramado brasiliense começou a apresentar algumas falhas.

Para a Rio-16, o prazo de 72 horas entre duas partidas, respeitado pela Fifa, só será considerado uma única vez. Até porque os Jogos Olímpicos têm 16 dias de duração, contra 30 da Copa do Mundo. Para aumentar o drama do gramado, haverá rodadas duplas do torneio olímpico nos dias 7, 9 e 10 de agosto.

O gramado é um dos problemas crônicos desta arena, de valor estimado em R$ 1,9 bilhão, de acordo com o Tribunal de Contas do Distrito Federal. O GDF (Governo do Distrito Federal) até agora não se mostrou capaz de deixar o campo de jogo em estado perfeito, ainda que ele seja subutilizado. O mesmo Tribunal de Contas também estimou que houve um superfaturamento de R$ 1 milhão do gramado quando da reconstrução do estádio.


Handebol promoverá “trem da alegria” com federações estaduais na Rio-2016
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Daniel Brito

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Manoel Oliveira, presidente da CBHb há 27 anos: “Não será dispendioso” (divulgação)

A CBHb (Confederação Brasileira de Handebol) fará um “trem da alegria” com os presidentes de federações estaduais com dinheiro público durante os Jogos Olímpicos do Rio-2016.  O presidente da confederação, Manoel Luiz Oliveira, no cargo desde 1989, vai pagar com recursos dos patrocínios as passagens aéreas e os ingressos a todos os 27 presidentes das afiliadas à CBHb. Coincidência ou não, esses são os que têm direito a voto na CBHb.

É uma promessa feita em público e até mesmo registrada em cartório. Consta na ata da assembleia da CBHb de março passado, com todos os cartolas estaduais. Manoel Luiz Oliveira reiterou a promessa na reunião e até informou que só não arcará com a hospedagem do grupo porque ficou muito caro.

“Não vai ser nada dispendioso, porque não vamos pagar  hospedagem, que nesta época vai estar caríssima no Rio.  Serão só os presidentes de confederação, os diretores da CBHb e alguns membros da comissão técnica, que não podem ser inscritos na delegação olímpica”, explicou-me, por telefone, Oliveira.

Ele não revelou o total desembolsado pelo trem da alegria do handebol, mas disse que será pago com recursos dos patrocinadores da CBHb. No ano passado, a confederação faturou cerca de R$ 10 milhões em patrocínios. A entidade sobrevive graças a volumosos aportes finaceiros de estatais, notadamente Correios e Banco do Brasil. No entanto, no exercício de 2015, a CBHb registrou um déficit superior a R$ 2 milhões.

“Muitos dos gestores [presidentes de federações]  vêm de Estados de origem de atletas que estão representando a seleção brasileira nos Jogos Olímpicos do Rio. Nem todos os jogadores são de Rio ou São Paulo. Tem gente de todos os cantos do país, e é importante que essas pessoas [presidentes de federações]  tenham a oportunidade de participar da Olimpíada, porque é um aprendizado. Eles [presidentes de federações]  vão fazer análises e verificação de tendências, inovações no jogo e monitoramento das novas regras do handebol”, justificou-se Manoel Luiz Oliveira.

Os presidentes de federações estaduais se organizaram e alugaram uma casa no Rio para se hospedar. A casa,  no entanto, não acomoda 27 dirigentes por dia, houve até um princípio de desentendimento, porque alguns teriam que ser obrigados a dormir no chão. Assim, nem todos ficarão no Rio durante todo o período dos Jogos Olímpicos, muito embora tenham ingressos garantidos para todas as apresentações das seleções brasileiras masculina e feminina.

Questionado sobre a possibilidade de bancar ex-atletas ou representantes históricos da modalidade no país, Oliveira desculpou-se: “Não vamos poder contemplar os ex-atletas olímpicos do handebol,Adoraria, mas é que não estamos em condições de ter este gasto agora.”


Presidente da França tem alto grau de risco de atentado na Rio-2016
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O presidente francês, François Hollande, recebeu o status de dignatário com alto risco de ser alvo de atentados terroristas quando desembarcar no Rio de Janeiro, em agosto, para participar da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos. A tragédia na cidade francesa de Nice na semana passada aumentou o alerta das autoridades de defesa e segurança do Brasil envolvidas na Rio-2016.

França tem sido o vítima de ações extremistas cujos autores se dizem parte do grupo Estado Islâmico. Há uma semana, um radical brasileiro do grupo teria planejado um atentado contra a delegação olímpica da França durante os Jogos Olímpicos, de acordo com um relatório de oficiais de inteligência do governo francês. As autoridades brasileiras afirmaram jamais terem sido informadas sobre o caso pelos europeus.

A França está em estado de emergência desde novembro, quando houve os ataques na casa de shows Bataclan e em outros dois pontos de Paris, matando mais de 130 pessoas. Desde a tragédia de Nice, a França estuda aumentar os bombardeios às bases do Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

Hollande é, por enquanto, o chefe de Estado de maior grau de risco com presença confirmada na Rio-2016. O Brasil trabalha em parceria com serviços de inteligência de outros países, inclusive da França, para detectar possíveis ameaças – até agora, não há sinal de que possa estar na mira dos terroristas durante a Rio-2016. Outros dignatários com alto risco de atentado, como o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o primeiro-ministro de Israael, Benjamin Netanyahu, e o presidente russo, Vladimir Putin, ainda não notificaram o Brasil de suas vindas – em parte, como estratégia de segurança.

No caso do mandatário russo, sua presença pode ser descartada se seu país for excluído dos Jogos Olímpicos do Rio-2016 por financiar e ocultar casos de doping entre atletas russos nos Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi-2014.

LONDON - JULY 30: French President Francois Hollande arrives at the 'Club France' on Day 3 of the London 2012 Olympic Games, July 30, 2012 in London, England. (Photo by Gabriel Bouys - IOPP Pool/Getty Images)

François Hollande visitou atletas em Londres-12 e está confirmado na Rio-16 (Gabriel Bouys /Getty)


Governo dá aumento de 150% nas diárias dos militares na Rio-2016
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Daniel Brito

Edição extra do Diário Oficial da União publicada na tarde desta sexta-feira, 15, concede aumento de até 150% nas diárias pagas aos servidores públicos federais e militares que atuarem diretamente nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio de Janeiro. Foram beneficiados  servidores da administração pública federal direta, autárquica e fundacional; militares das Forças Armadas e colaboradores eventuais.

A diária mínima paga pela União é de R$ 224. Assim, os servidores e militares vão receber R$ 560 por dia. Supondo que um funcionário atue desde o dia da abertura dos Jogos Olímpicos, em 5 de agosto, até o encerramento, em 21 do mesmo mês, ele terá recebido neste período R$ 9.520.

“A majoração decorre de uma análise bastante objetiva de oferta e procura. No período olímpico, os gastos no Rio de Janeiro são sensivelmente superiores e o Estado tem que estar do lado dos seus servidores pra que eles tenham a condição de subsistência própria nesse período”, disse o ministro interino da Justiça e Cidadania, José Levi do Amaral, em entrevista coletiva.

Estes 150% de aumento aplica-se aos que vão atuar no Rio de Janeiro, sede dos Jogos, e onde estarão a maior parte do contingente. Os servidores que trabalharem nas cidades que receberão as partidas de futebol (Manaus, Brasília, São Paulo, Salvador e Belo Horizonte), serão contemplados com 50% de aumento de diária.

A portaria publicada no Diário Oficial da União enfatiza que os servidores que tiverem a hospedagem financiada pela administração pública federal, o valor da diária cairá pela metade.


Astro da NBA e melhor judoca do mundo disputam bandeira francesa na Rio-16
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Daniel Brito

PARIS, FRANCE - SEPTEMBER 17: France's Gold Olympic judo athlete Teddy Riner arrives for a ceremony with France's President Francois Hollande at Elysee Palace on September 17, 2012 in Paris, France. (Photo by Antoine Antoniol/Getty Images)

O gigante Riner, de 2,04m, recusou ser porta-bandeir aem Londres-2012 (Antoine Antoniol/Getty)

O posto de porta-bandeira da França na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio-2016 é motivo de disputa eleitoral. Nove atletas pleiteiam, nas urnas, o direito de carregar o estandarte do país no Maracanã em 5 de agosto. A ideia partiu do CNOSF (sigla em francês para Comitê Olímpico da França), que terceirizou a responsabilidade de eleger o porta-bandeira aos próprios atletas olímpicos.

Cinquenta e dois competidores escolhidos por sua federação e que comporão a delegação do país no Rio-16 têm direito a eleger o porta-bandeira, ou porte-drapeau, como se diz na França. Ao analisar os nomes dos candidatos é possível entender o quão árdua é a tarefa de tirar apenas um para a missão.

São tantas feras, tantos atletas renomados e laureados que fica difícil encontrar uma unanimidade. Por enquanto, quem lidera uma pesquisa feita na página do jornal esportivo L’Equipe é Tony Parker, mítico armador do San Antonio Spurs. Seu concorrente direto na consulta feita pelo é o judoca Teddy Riner, o maior do mundo na modalidade, que não perde uma luta desde 2008.

Os demais postulantes também têm predicados invejáveis. Renaud Lavillenie, campeão olímpico no salto com vara, vice-campeã mundial no lançamento de disco, Melina Robert-Michon, Cécilia Berder e Gauthier grumier, Laura Georges e Wendie Renard, do futebol feminino, e Céline Dumerc, estrela da seleção feminina de basquete vice-campeã olímpica em Londres-2012.

LONDON, ENGLAND - MAY 26: Wendie Renard of Lyon in action during the UEFA Women's Champions League Final between Lyon and Turbine Potsdam at Craven Cottage on May 26, 2011 in London, England. (Photo by Laurence Griffiths/Getty Images)

Wendie Renard é zagueira e capitã da França, corre por fora (Getty)

O problema é que na França corre uma lenda olímpica segunda a qual o porta-bandeira carrega consigo uma maldição e nem sempre consegue exercer seu favoritismo durante os Jogos. Nem isso, contudo, parece assustar o gigante Riner, de 2,04m de altura. “Sinto-me legitimado para ser porta-bandeira do meu país no Rio”, disse, em entrevista ao Le Figaro, o judoca. Em Londres-2012, Riner se recusou a carregar o pavilhão francês, sob a justificativa de não ter sido campeão olímpico. O ouro veio exatamente em Londres, o que, segundo ele, o torna digno de ser porte-drapeau no Rio.

Segundo os critérios de campeão olímpico, portanto, Tony Parker está longe de ser merecedor de ostentar o lábaro francês no Maracanã. Ele só disputou Londres-2012, quando teve de usar óculos após acidentar-se em uma briga entre rappers, e caiu nas quartas de final para a Espanha.

A decisão final sairá em 24 de julho, em Paris, em evento a ser realizado logo após o fim do Tour de France, cuja linha de chegada é na Champs Elysees.

LONDON, ENGLAND - JULY 31: Tony Parker #9 of France looks on in the Men's Basketball Preliminary Round match between France and Argentina on Day 4 of the London 2012 Olympic Games at Basketball Arena on July 31, 2012 in London, England. (Photo by Christian Petersen/Getty Images)

Porte-drapeau favorito: Com uma lesão no olho, Parker disputou Londres-12 com óculos (Christian Petersen/Getty)


Está sendo gasto dinheiro público no revezamento da tocha?
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Daniel Brito

GO - Anapolis - 04/05/2016 - REVEZAMENTO DA TOCHA RIO 2016 - Revezamento da Tocha Olimpica para os Jogos Rio 2016. Foto: Rio2016/Fernando Soutello

Ginasta Rebecca Andrade em Anápolis, Goiás: prefeituras bancam evento (Fernando Soutello/Getty)

A resposta para a pergunta que dá título a esta nota é “sim, há dinheiro público no revezamento da tocha”. E a quantia deve superar os R$ 10 milhões, somando todas as fontes pagadoras: especialmente governo federal e prefeituras municipais. O evento é de propriedade da iniciativa privada, que tem na Nissan, Coca-Cola e Bradesco seus financiadores. Os custos da operação das três empresas no revezamento é mantido em sigilo.

Mas da parte do dinheiro público, só o governo federal bancou pelo menos  R$ 3.5 milhões. O restante saiu do caixa das prefeituras, após rápida pesquisa do blog nas páginas oficiais de 25 executivos municipais de sete unidades da Federação (cerca de R$1.8 milhão). Soma-se a isso os R$ 4.3 milhões gastos somente pelo Distrito Federal, primeira parada da tocha no Brasil, em maio. Aí chegamos a R$ 9.6 milhões. É natural que a conta aumente, dado que mais de 300 cidades serão visitadas no país até 5 de agosto, data da abertura dos Jogos-2016.

Foram contemplados com verba da União além de Brasília, 14 capitais (ES, BA, AL, RN, PI, TO, MA, AP, RR, AC, RS, SC, SP e MA). Foi repassado pelo MinC (Ministério da Cultura) a cada uma dessas cidades um limite máximo de R$ 250 mil.

De acordo com a assessoria de imprensa da pasta, entre 50% e 75% do valor total do projeto deveria ser destinado para custeio dos cachês dos artistas, grupos e bandas “reconhecidos como expoentes da cultura local e com trabalho de repercussão local e regional”. O restante deveria ser alocado em infraestrutura, recursos humanos e comunicação.

“O programa de celebração das cidades do revezamento da tocha prevê o apoio para a implementação de programação cultural durante a passagem da chama olímpica com apresentações artísticas, além da realização de feira de cultura alimentar, gastronômica e artesanato”, informou o MinC.

Justiça ainda faz as contas

RECIFE, BRAZIL - MAY 31: A runner carries the Olympic flame as security and onlookers follow on May 31, 2016 in Recife, Brazil. The Olympic flame will pass through 329 cities from all states from the north to the south of Brazil, before arriving in Rio de Janeiro on August 5, for the lighting of the cauldron for the Rio 2016 Olympic Games. The games will be held amidst an economic and political crisis in the country. (Photo by Mario Tama/Getty Images)

Segundo o Ministério da Justiça, 29 mil agentes de segurança estão envolvidos (Mario Tama/Getty)

Os ministérios do Esporte e  da Justiça também contribuíram com o custeio do revezamento. O Esporte não informou o valor dos gastos, já a Justiça, por intermédio da SESGE (Secretaria Extraordinária de Segurança de Grandes Eventos), ainda não fechou a conta. Mas explicou que um total 29 mil agentes de segurança serão empregados ao longo dos mais de 20 mil quilômetros que serão percoridos pela chama olímpica no Brasil. “Contamos, também, com equipes de inteligência e monitoramento nas mais diversas mídias e redes sociais”, informou a SESGE, por meio da assessoria de imprensa.

Brasília ganhou dobrado

BRASILIA, DF - MAY 03: Former Marathon runner Vanderlei Cordeiro passes the Olympic Torch to Paula Pequeno in Cathedral of Brasilia during the Olympic Flame torch relay on May 3, 2016 in Brasilia, Brazil. The Olympic torch will pass through 329 cities from all states from the north to the south of Brazil, until arriving in Rio de Janeiro on August 5, to lit the cauldron. (Photo by Handout/Getty Images)

Vanderlei Cordeiro (E) e Paula Pequeno em Brasília: cidade gastou mais que todas as outras (Getty Images)

O Ministério do Turismo contribuiu com R$ 250 mil ao Distrito Federal, ponto de partida do revezamento. Aliás, a capital federal ganhou duas vezes da União, com um total aproximado de R$ 500 mil, somando os aportes do Turismo e do MinC.

Um dia de passagem da tocha pelo DF custou R$ 4.3 milhões aos cofres públicos. O GDF anunciou que pouco mais de R$ 3.8 milhões foram de recursos próprios, dos quais R$ 2 milhões foram só em publicidade e promção do evento.

Jaú-SP fará de graça. Patos-MG por R$ 300 mil

A menos de 30 dias para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, todos os Estados já receberam a tocha. O blog pesquisou no portal da transparência de diversas prefeituras e outras páginas oficiais sobre o investimento de cada município para receber o evento. Obteve informação em 25 delas. Acumulando um total de R$ 1.8 milhão. É sempre bom relembrar que este valor não vai para os patrocinadores ou para o Comitê Organizador: ele deve ser alocado na estrutura e promoção do revezamento.

Há, por exemplo, o caso de Jaú, São Paulo, em que o chefe do executivo local garantiu publicamente que a cidade não gastará um tostão para sediar o evento. Ipatinga, Minas Gerais, e Goiana, Pernambuco, desistiramde receber a chama considerando ser alto o investimento para a dimensão do acontecimento na cidade.

Em diversas localidades, a tocha não passa mais que uma manhã. São mais de 300 cidades a serem visitadas, e o comboio tem que passar sem perder tempo. Por isso, a estrutura do local deve ser fornecida pelas autoridades municipais.

Em Patos, Minas Gerais, o Ministério Público abriu inquérito para apurar o gasto de R$ 300 mil, dos quais R$ 133 mil seriam para grades de proteção. Porto Seguro, Bahia, também anunciou gasto semelhante. Já em Ijuí, Rio Grande do Sul, terra do ex-técnico da seleção, Dunga, a prefeitura anunciou investimento de R$ 10 mil.

Em junho, meu amigo e companheiro de UOL Esporte, Adriano Wilkson, revelou que o governo do Pará desembolsou R$ 21 mil para que o lutador Lyoto Machida carregasse a tocha em Belém.

O jornal Gazeta, do Espírito Santo, compilou o investimento de todas as cidades que receberam o evento no Estado e chegou-se a um total de R$ 197 mil distribuídos em seis municípios.

Ainda restam cinco Estados e mais de 100 cidades até o fim do revezamento.

BRASILIA, BRAZIL - MAY 03: Detailed shot of the Olympic Torch during the Olympic Flame torch relay on May 3, 2016 in Brasilia, Brazil. The Olympic torch will pass through 329 cities from all states from the north to the south of Brazil, until arriving in Rio de Janeiro on August 5, to lit the cauldron.

(Getty Images)


Saiba por que o Brasil não liberou visto para turistas chineses na Rio-2016
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Daniel Brito

MEI 52701459 Argentina v China Brasília International Tournament BRASILIA, BRAZIL - DECEMBER 14 Argentina v China at Mane Garrincha Stadium on December 14, 2014 in Brasilia, Brazil (Photo by Celso Junior/Getty Images)

Chineses em jogo de futebol no DF: fluxo migratório barrou liberação de visto (Celso Junior/Getty)

Correu, timidamente, na Câmara dos Deputados, um projeto de lei para incluir a China entre os países beneficiados pela liberação de visto de entrada para turistas no Brasil durante os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio-2016. Apenas quatro países foram contemplados com a isenção de vistos: Japão, Canadá, Estados Unidos e Austrália.

A China conta com quase 110 milhões de cidadãos a viajar pelo mundo anualmente e são, estatisticamente comprovado, os mais perdulários. Em 2015, deixaram no exterior US$ 215 bilhões (R$ 715 bilhões). Mas ficaram de fora dos planos do governo federal de incrementar o faturamento com turismo dos chineses. Na contramão, inclusive, do movimento do governo em atrair chineses ao Brasil.

Basta lembrar que em fevereiro deste ano, a então presidente em exercício Dilma Rousseff abriu uma conta no Weibo, o Twitter da China, e gravou uma mensagem aos usuários desta plataforma convidando-os ao Brasil durante os Jogos do Rio-2016. Concluiu sua gravação de pouco mais de 30 segundos com um sorriso e uma saudação em mandarim: “Zai chen” (até logo).

Quatro critérios definiram os países beneficiados com a suspensão temporária do visto. Em três deles a China mostrava-se apta: gastos no exterior, tradição olímpica, fluxo de turistas no Brasil. Foi o quarto quesito que excluiu a China dessa lista: risco migratório.

Em 2014 e 2015, a China foi o país fora das Américas com maior quantidade de vistos de permanência ou de trabalho emitidos pela Polícia Federal, com quase 12 mil autorizações. Mais até que os Estados Unidos, empatado com a Argentina.

Não há, contudo, registros atualizados de imigrantes ilegais da China no Brasil.

O que o Brasil quer evitar não é o aumento do fluxo de imigrantes legais e qualificados profissionalmente, mas de ilegais, que entram em território nacional em grande parte pelo Paraguai, e se instalam nas grandes cidades, em condições precárias, tendo que levar a vida como vendedores ambulantes de mercadoria falsificada, em trabalho, muitas vezes, análogo à escravidão.

O blog tentou contato com a Embaixada da China no Brasil, mas não obteve resposta. Conversei com um jornalista chinês que trabalha como correspondente no Brasil e na América Latina há mais de uma década, e ele me deu um panorama diferente do risco migratório de seu país atualmente.

Ele me contou que grande parte deste tipo de imigrante vem da cidade de Cantão, terceira maior do país, também conhecida como Guangzhou. Segundo o jornalista, com a crescente atividade econômica e financeira de Cantão, caiu sensivelmente o deslocamento para o Brasil de cidadãos daquela região no sul da China. O lugar é chamado pejorativamente de “o paraíso da pirataria”, o que explica muito sobre a atividade na qual os imigrantes ilegais são obrigados a exercer quando estão por aqui.

O tal projeto de lei que pede a liberação de visto para os chineses na Câmara dos Deputados, em Brasília, não deve ser colocado em votação, porque não há tempo hábil para apreciação e votação em plenário. O autor da proposta é William Woo (PV-SP), suplente de deputado, que já nem está mais no cargo – devolveu-o para Roberto de Lucena (PV-SP), às vésperas da votação do impeachment, em abril.

Longe de Brasília, Woo vibra com o fato de o projeto não ter ido adiante. “Do jeito que esta Olimpíada está, tenho medo até que os chineses venham e aconteça alguma coisa de ruim com eles aqui”, disse, entre risadas.

RIO DE JANEIRO, BRAZIL - JUNE 09: Tourists take photos of the view by the Christ Redeemer Statue on June 9, 2014 in Rio de Janeiro, Brazil. (Photo by Julian Finney/Getty Images)

Rio de Janeiro durante a Copa-14: sem grandes incidentes envolvendo turistas (Julian Finney/Getty)


Protestos e pau de selfie estão proibidos nas arenas da Rio-16
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Daniel Brito

SYRACUSE, NY - FEBRUARY 14: Fans use a selfie stick to photograph the Syracuse Orange student section before the game against the Duke Blue Devils on February 14, 2015 at The Carrier Dome in Syracuse, New York. (Photo by Brett Carlsen/Getty Images)

Pau de selfie foi vettado da Rio-16 por questões de segurança (Brett Carlsen/Getty Images)

Pau de selfie está vetado nos Jogos Olímpícos. Junto com ele, dezenas de outros itens, como cartazes e faixas de protestos, bandeira de países que não participam dos Jogos do Rio-2016, até instrumentos musicais, como pandeiro, tamborim, tantan, atabaque, e vuvuzelas.

A lista é longa e já está disponível no site do Rio-2016. Os itens proibidos foram distribuídos em sete categorias. O pau de selfie enquadra-se no sétimo item, intitulado apenas de “Outros”. Está junto com “marketing de emboscada”, “Itens com um tema político, religioso ou outro que pode ser usado para ofender ou incitar discórdia.”

Nos outros seis itens há a proibição para objetos que obviamente trazem risco à segurança do público e dos atletas, como explosivos, substâncias tóxicas, instrumentos cortantes ou perfurantes.

Esta não é a primeira vez que o COI (Comitê Olímpico Internacional) veta o pau de selfie nos Jogos Olímpicos. Há dois anos, em Sochi, na Rússia, ele foi proibido nas arenas durante os Jogos de inverno. Aqui no Brasil, nem durante Copa do Mundo Fifa 2014 o item era vetado nos estádios, embora a febre à época fosse muito maior do que atualmente.

A maior preocupação é com a segurança, uma vez que em caso de tumulto, o pau de selfie tem potencial para tornar-se uma arma branca, além de incomodar as pessoas que estão ao redor de quem usa o objeto para tirar um auto-retrato obstruindo a vista de terceiros.

Já o veto aos protestos são praxe em eventos do COI. Cartazes e faixas com ofensas ou mensagens política ou religiosa serão tomados pela segurança nas arenas e do Parque Olímpico.

Bicicleta, skate e patins também são proibidos, assim como animais, a menos que seja cão-guia.

Garrafas plásticas só terão entrada permitida nas instalações olímpicas vazias e sem tampa. Nas Cidades do Futebol (Belo Horizonte, São Paulo, Brasília, Salvador e Manaus) não será permitido o acesso de espectadores portando bolsas, malas, mochilas a menos que sejam  transparentes, de modo a permitir a visualização do conteúdo

Não vai ter samba
Se as regras de segurança forem seguidas à risca, não vai ter samba nas arquibancadas das instalações olímpicas. Instrumentos musicais estão entre os itens vetados pela organização. Pandeiro, atabaque, tantan, chocalho, corneta, nada disso tem autorização para entrar no Parque Olímpico ou qualquer outra arena.