Blog do Daniel Brito

COB gastou mais de R$ 300 mil em hospedagem a cartolas no Canadá
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Daniel Brito

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Sheraton Centre de Toronto é 4 estrelas e localização privilegiada (Divulgação)

O COB (Comitê Olímpico Brasileiro) gastou mais de R$ 300 mil em hospedagens para presidentes das confederações esportivas ligadas à entidade e diretores do próprio comitê durante os Jogos Pan-Americanos de Toronto-2015, no Canadá. Esse dinheiro é de origem pública, provém de um percentual arrecadado na premiação das loterias federais, chamada de Lei Piva.

No total, o COB gastou US$ 142 mil. Dos quais, US$ 102 mil foram para 409 diárias no hotel Sheraton Centre Toronto Hotel, classificado como 4.1 estrelas, no centro da cidade que sediou o Pan, com vista para a famosa CN Tower e para a Nathan Philip Square, praça principal de Toronto. Outros US$ 25 mil foram gastos apenas para pagar o café da manhã dos cartolas e mais US$ 15 mil para pagar por uma sala de trabalho.

As informações constam do relatório produzido pela equipe técnica do TCU (Tribunal de Contas da União), levado a plenário na semana passada, pelo relator do processo, ministro Vital do Rêgo.

O valor total em reais à época chegou a R$ 318 mil contratado de forma direta, sem licitação.

“A prestação de serviços de hospedagem pelo Hotel Sheraton Centre Toronto foi atestada pela Gerente de Relações Internacionais do COB sem que constassem do processo os dados que permitiriam liquidar a despesa. Não foram anexadas lista de hóspedes, indicação do período, recibo ou nota fiscal”, informa o Relatório de Fiscalização do TCU,

Ao Tribunal de Contas da União, o COB expressou que o hotel foi escolhido por ser o local oficial de hospedagem do Comitê Olímpico Internacional. Além disso, os dirigentes participaram de atividades que ajudam a fomentar as modalidades olímpicas no Brasil.

“O fomento de uma atividade esportiva perpassa pelas atividades desenvolvidas pelo dirigente da entidade esportiva, no estrito cumprimento da sua função de representante daquela modalidade, e que a participação dos dirigentes das entidades em eventos esportivos internacionais, tais como o Pan Americano de Toronto, é atividade de fundamental importância para o fomento da modalidade. No caso concreto, as atividades executadas com recursos da Lei são estritamente institucionais”, justificou o Comitê Olímpico Brasileiro.

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Foram 409 diárias em 2015 no Sheraton Centre de Toronto (Divulgação)

E prosseguiu: “Não é possível concluir pela ilegalidade na aplicação dos recursos oriundos da Lei Agnelo/Piva por dois motivos sintetizados: (i) não há proibição legal; (ii) as atividades são inerentes ao fomento da atividade desportiva''.

A equipe técnica do TCU, no entanto, tem outro posicionamento. Consta do relatório que recursos da lei não devem ser empregados para a contratação de serviços de hospedagem e de alimentação a dirigentes e a pessoal de apoio do COB, “salvo quando demonstrado de forma inequívoca a importância da presença dos mesmos para a participação dos atletas na competição, inclusive, com justificativas específicas para pagamentos das retrocitadas despesas em dias que antecedem e/ou sucedem à competição”.

Já o ministro relator, o paraibano Vital do Rêgo, conhecido em seu Estado de origem como Vitalzinho, posicionou-se de forma contrária aos técnicos no seu voto: “Não percebi, entre os critérios avaliados e as evidências trazidas pela equipe de fiscalização, confronto legal a ponto de culminar em uma irregularidade. (…) No caso concreto, porquanto os indícios da auditoria não demonstraram que a participação dos dirigentes nos eventos tenha sido desvinculada do propósito estabelecido na lei e no decreto em questão”.

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Vitalzinho relatou a matéria no TCU foi senador e está citadao na Lava Jato


“Não me sinto como um herói”, diz “anjo” colombiano da Chapecoense
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Daniel Brito

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Johan Ramirez passou a sexta-feira, 16, em Brasília, onde foi homenageado (Divulgação/FAB)

É com olhar baixo, de timidez, e fala mansa que o colombiano Johan Alexis Ramirez, 15, evita receber o rótulo de herói do resgate dos sobreviventes do acidente com o avião da Chapecoense, há três semanas, nas cercanias de Medellin, na Colômbia.

“Não me sinto como herói. Sinceramente, não sei dizer o que sinto”, começou o jovem Johan, em entrevista à imprensa brasileira no Palácio do Planalto, em Brasília, na última sexta-feira, 16. Ele veio ao Brasil para uma visita relâmpago para receber a Ordem de Rio Branco, pelo presidente Michel Temer, ao lado de uma delegação de colombianos que ajudaram no resgate.

Johan ficou conhecido como ''anjo'' por ter sido um dos primeiros a socorrer os sobreviventes em uma área montanhosa próxima ao aeroporto de Medellin, onde o voo da empresa Lamia se encerrou de forma trágica na noite do dia 28 para 29 de novembro. Não fosse por orientação do garoto, os bombeiros poderiam demorar até duas horas para chegar ao local do acidente. Johan conduziu a equipe por um atalho, uma vez que mora no local com os pais e conhece bem a área. A agilidade no socorro garantiu a sobrevivência de seis passageiros.

“Sinceramente, não sei explicar, sinto-me alegre por ajudar, é maior presente que se pode levar para toda a vida. Mas herói, não me sinto”, afirmou Johan, após a condecoração em Brasília.

O pai do garoto, Miguel, em entrevista ao meu colega de UOL Esporte, Leandro Carneiro, quatro dias após a tragédia, disse: ''Estou muito orgulhoso porque foi salvar vidas e não saquear as coisas que não eram dele, como fizeram muitas pessoas. É muito lindo que não tenha medo dos mortos, colaborando muito. Graças a Deus, fui premiado com esse herói'', falou Miguel, que também auxiliou no resgate.

“Ouvimos um barulho, mas estávamos vendo TV. Depois soubemos que era o avião da Chapecoense. Descobrimos, em seguida, que foi ali na nossa região. Mas nunca pensamos que aquele acidente pudesse ter sido tão pertinho da nossa casa. Dez minutos mais tarde chegaram os bombeiros, ambulâncias, Nos arrumamos e fomos ao local do acidente, vimos o avião destroçado e toda aquela gente ali”, rememorou Johan, em Brasília.

“Tenho lembranças das vítimas e das pessoas com frequência. Um momento de muita dor foi quando resgatamos uma vítima ainda com vida. Mas 10 ou 15 metros após o resgate, ele morreu. Foi um golpe muito duro para mim”, disse Johan.

A visita dele ao Brasil durou menos de 12 horas. Chegou no meio da manhã da sexta-feira, em voo da FAB (Força Aérea Brasileira) após cinco horas de viagem desde Bogotá, capital colombiana. Foi recebido com tapete vermelho na Base Aérea de Brasília, almoçou na embaixada de seu país, e seguiu para o Palácio do Planalto, onde foi homenageado. No começo da noite daquela mesma sexta-feira, já estava de volta no jato Legacy da FAB rumo à Colômbia. Antes de partir, disse que gostaria de conhecer Chapecó e de conversar com Alan Ruschel e Jackson Follmann, dois dos sobreviventes que Johan ajudou a resgatar.

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Johan recebeu o grau de cavaleiro da Ordem de Rio Branco (Beto Barata/P.R.)


Autódromo abandonado ganha R$ 30 mi em reforma e passa à iniciativa privada
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Daniel Brito

Cancelamento da Indy deixou Autódromo do DF com obras paradas

Cancelamento da Indy deixou Autódromo do DF com obras paradas

O Autódromo Internacional Nelson Piquet, em Brasília, está em pedaços e em desuso desde que o GDF (Governo do Distrito Federal) decidiu abrir mão de receber uma etapa da Fórmula Indy, em março de 2015. Desde então, tornou-se um elefante branco no centro da capital do país, que tem como “vizinho de porta” outro animal da espécie: o Estádio Nacional de Brasília.

Ambos oneram o DF, que arde em uma grave crise financeira, com dificuldades até para pagar o 13º salários dos servidores. A solução encontrada pela equipe do governador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) foi repassar o autódromo à iniciativa privada, com a forma de uma parceria público-privada.

Ciente de que dificilmente conseguirá interessados em um autódromo aos cacos, o GDF vai contingenciar R$ 30 milhões para refazer a obra que começou a ser feita para a Indy e, aí sim, repassar ao consórcio vencedor da concorrência pública. “Cerca de R$ 30 milhões serão investidos para reformar a pista, guard rail, barreiras de pneus e defensas metálicas”, explicou.Júlio César Reis, presidente da Terracap, a  Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal , dona do terreno.

A empresa que apresentar a melhor proposta ainda terá que arcar com a reforma das edificações e construção de boxes, galpão multiuso e heliporto após as intervenções citadas por Reis. A previsão de volta ao funcionamento normal é setembro de 2017.

O Estádio Nacional também está à espera de parceria público-privada, mas ainda não foram anunciados vencedores ao chamamento público. Enquanto isso, ele onera em mais de R$ 700 mil mensais o GDF com os gastos de manutenção.


Relatório enviado à Fifa aponta políticos ligados à CBF na Lava Jato
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Daniel Brito

*Com Marcel Rizzo

Está a caminho de Zurique, na Suíça, um relatório recheado de informações acerca do grupo que está no poder na CBF. São diversos dados, informações, atualizações e denúncias públicas já divulgadas no Brasil sobre Marco Polo Del Nero e sua equipe. Eles foram compilados pelo grupo político que tinha como figura central Delfim Peixoto, presidente da Federação Catarinense de Futebol, morto no acidente com o avião da Chapecoense no final do mês passado.

Um dos capítulos de relatório conta da relação da confederação nacional com políticos brasileiros. Vai apontar para parlamentares como Romero Jucá (PMDB- RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado. A Fifa será informada – e se já tiver esta informação, será relembrada -, de que ambos estão no centro do escândalo de corrupção em apuração pela operação Lava Jato.

Além disso, a atuação de ambos no plenário do Senado foi decisiva para sepultar as investigações da CPI do Futebol, encerrada há uma semana. Na reta final dos trabalhos, quando havia provas concretas de que a CBF bancou caixa dois em campanha eleitoral de Gustavo Feijó para prefeitura de Boca da Mata-AL, os pemedebistas manobraram para travar o andamento da CPI. Feijó além de ter sido eleito (e reeleito neste ano) prefeito no município alagoano é vice-presidente da CBF.

Jucá usou de sua influência para aprovar um relatório final da CPI classificado como chapa branca, porque não pediu o indiciamento de nenhum cartola, em que pese as robustas provas de ilicitudes. Um relatório paralelo, confeccionado pela equipe dos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Romário (PSB-RJ), de quase 1.300 páginas será anexado ao relatório enviado à Fifa.

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Jucá (à dir.) venceu Romário na CPI do Futebol e aprovou relatório ''chapa branca'' (Divulgação)

O documento que irá à Fifa também deve incluir o presidente do Senado, destacado artigo do estatuto da CBF que diz que a entidade não deve ter atividades político-partidárias. É importante lembrar que a confederação possui um diretor de assuntos legislativos. Vandembergue Machado é mais assíduo no Congresso do que muitos deputados e senadores. Compareceu em todas as sessões da CPI e, por vezes, passava orientação aos parlamentares do baixo clero que não tinham segurança no discurso da CBF.

O relatório lembrará que dois diretores da entidade são deputados federais – Marcelo Aro (PHS-MG), de ética e transparência, e Vicente Cândido (PT-SP), de assuntos internacionais. E um é vice-presidente: Marcus Vicente (PP-ES). Vicente, Marco Polo e outras seis pessoas tiveram pedido de indiciamento no relatório paralelo da CPI, aquele que Jucá ignorou no encerramento da comissão.

Em poder dessas informações sobre políticos brasileiros, a Fifa não pode fazer muita coisa. Até porque até decisão do STF tem sido desconsiderada no Senado por esses dias, mas o grupo que se opõe a Marco Polo na CBF acredita que sirva como base para denúncia contra o cartola no Comitê de Ética da Fifa.


COB escala ex-diretor da Rio-16 como “bombeiro” nas confederações em crise
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Daniel Brito

O novo diretor executivo de esportes do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Agberto Guimarães 59, tem como uma de suas missões atuar como “bombeiro” nas confederações que estejam em crise. Atualmente, pelo menos três entidades filiadas ao comitê atravessam momento de grave turbulência: taekwondo (CBTKD), basquete (CBB) e desportos aquáticos (CBDA).

“Neste meu retorno ao COB, uma das missões que me foi dada pelo presidente Nuzman diz respeito a trabalhar mais junto às confederações para incrementar ou ajudar a melhorar a governança, gestão, prestação de contas, todo esse tipo de coisa. Todo problema de gestão atrapalha e interfere no objetivo fim, que é trabalhar com os atletas no alto rendimento”, disse Guimarães.

Ele está no cargo desde outubro deste ano, após o fim dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio-2016. Até então, trabalhara como diretor de esportes da Rio-16. Também estivera envolvido no comitê de candidatura-2016, e no Pan do Rio-07. Antes disso, atuara no COB na área de solidariedade olímpica. Nos anos 1980, foi um dos grandes meio-fundistas do país, com três participações olímpicas: Moscou-80, Los Angeles-84 e Seul-88.

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Agberto Guimarães disputou três Olimpíadas como corredor (reprodução/TV Câmara)

Em seu discurso, durante sessão na comissão de esporte da Câmara dos Deputados, na semana passada, em Brasília, Guimarães deixou claro que o COB vai participar muito mais da gestão das confederações, muitas delas mantidas quase que 100% com recurso da Lei Piva, gerido pelo comitê.

“Nessa reestruturação que foi feita agora com nossa equipe de esportes, dividimos as tarefa. Vamos ter uma área que vai cuidar especificamente do relacionamento com as confederações e também oferecendo um apoio às confederações para melhorar o processo de gestão e administração de cada uma delas. Área será lidera pela Adriana Behar e sua equipe”, explicou, citando a vice-campeã olímpica no vôlei de praia, atualmente gerente de planejamento e relacionamento com as confederações do COB.

“O objetivo é oferecer ferramentas para que o processo de gestão melhore. As confederações que hoje têm problemas, precisam resolvê-los. O COB vai, sempre que for necessário, apoiá-las porque são problemas que também nos afetam, se não forem resolvidos”, explicou Guimarães.

Atualmente, a entidade está envolvida na crise pela qual atravessa o basquete brasileiro. A FIBA (Federação Internacional de Basquete) nomeou um interventor para administrar a entidade. O COB, embora não use a palavra “intervenção” e sim apenas “suspensão”, diz estar em contato com a federação internacional e com o “interventor” para tentar encontrar uma solução até o final de janeiro de 2017.


Deputados ignoram visita do COB, mas viajam à Oceania para conhecer comitês
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Daniel Brito

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Olimpicamente ignorados:: Bichara (à dir.) fala para plenário vazio na comissão de esporte (Daniel Brito/UOL)

Dois diretores do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) foram convidados para participar de uma audiência pública na comissão de esporte da Câmara dos Deputados, em Brasília, na quarta-feira, 7. Agberto Guimarães, novo diretor-executivo do COB, e Jorge Bichara, gerente-geral de alto rendimento da entidade, compareceram ao local no dia e horário combinados.

O tema da audiência pública era a participação da delegação brasileira nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Falaram por quase duas horas. Porém, para um plenário vazio, durante a maior parte do tempo se um único deputado, nem sequer na mesa para mediar o debate.

Para não dizer que os dirigentes do COB foram ignorados por todos os 42 parlamentares que compõem a comissão do esporte, somente Arnaldo Jordy (PPS-PA) e João Derly (Rede-RS) participaram da sessão. Muito embora, o quórum oficial tenha sido de 20 parlamentares, que marcaram presença mas não sentaram-se para ouvir o que diziam Guimarães e Bichara.

Jordy e Derly participaram porque foram os autores do requerimento para convocar os dirigentes do COB à Câmara. Jordy comandou a mesa durante quase todo o tempo, mas ausentou-se por cerca de 15 minutos, e Agberto e Bichara se viram numa situação constrangedora e fora de todos os protocolos: havia zero deputado na plateia. A dupla falava apenas para um punhado de assessores e que ocupava as cadeiras do fundo, desinteressados.

Eu era o único representante da imprensa na sala. E até eu tive a oportunidade de fazer perguntas, para que a viagem de Agberto e Bichara a Brasília não fosse perdida, na ausência de quem mais pudesse participar e incentivar o debate. Derly chegou com 1h30 de atraso e justificou a ausência com compromissos em outras comissões e fora da Câmara.

Embora os deputados tenham feito pouco caso para a presença de representantes do COB na Câmara, alguns deles mostraram bastante disposição para atravessar o mundo há um mês e ir à Austrália e Nova Zelândia para conhecer os respectivos comitês olímpicos. Roberto Alves (PRB-SP), José Rocha (PRB-BA), Flávia Morais (PDT-GO), Arnaldo Jordy (PPS-PA), Evandro Roman (PSD-PR),César Halum (PRB-TO), Roberto Góes (PDT-AP).

Foram 11 dias na Oceania, claro, tudo pago pela Câmara.

“A experiência in loco ajuda a conseguir formar uma visão sobre como deve ser construído esse sistema no Brasil”, disse Evandro Roman, ex-árbitro de futebol, após a viagem, ao site da Câmara. Ele foi um dos que marcou presença mas passou longe da comissão enquanto Agberto Guimarães e Jorge Bichara falavam da realidade brasileira do esporte olímpico.

E, agora, com a experiência “adquirida” na Austrália e Nova Zelândia, mas sem ouvir o que o COB tem a dizer, os deputados planejam um projeto de lei para mudar os critérios de distribuição da verba proveniente da Lei Piva, que separa 1.7% do prêmio das loterias federais ao comitê. O que deve ficar para o próximo ano.


Ministro do TCU que julgará contas do COB é um dos alvos da Lava Jato
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Daniel Brito

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Vitalzinho analisará processos sobre o COB e nove confederações (Antonio Cruz/Agência Brasil)

O paraibano Vital do Rêgo é o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) que está encarregado de analisar as contas públicas do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e de nove confederações de esportes olímpicos.

O ministro Vital do Rêgo está citado nominalmente, mais de uma vez, nas delações premiadas da Operação Lava Jato. Frequentemente envolvido em acusações de ter recebido propina. Na semana em curso, Vitalzinho, como é chamado na Paraíba, foi alvo de mandado de busca e apreensão pela Polícia Federal, na operação batizada de Deflexão. As  buscas ocorreram em endereços pessoais, funcionais e empresariais do ministro do TCU.

A investigação foi aberta em maio com base na delação do senador cassado Delcídio do Amaral. Posteriormente, ele voltou a ser citado no depoimento de Léo Pinheiro, da empreiteira OAS. O conteúdo de ambas as denúncias dão conta que Vitalzinho teria recebido propina para para beneficiar empreiteiros e não convocá-los para depoimentos na CPI da Petrobras, no Congresso Nacional, em 2014. O paraibano era presidente da comissão e senador pelo PMDB-PB.

Pinheiro apontou o pagamento de R$ 3,8 milhões pelo “pedágio”. Já Delcídio afirmou ter sido pago R$ 5 milhões a Vitalzinho e outros parlamentares durante a CPI.

Ele chegou à condição de ministro do TCU ao final de 2014, após o fim da comissão, indicado pelo Palácio do Planalto, à época ocupado por Dilma Rousseff.

Pelo cargo no tribunal de contas, tem imunidade e foro privilegiado.

E agora, dedica-se também a analisar as contas públicas das confederações esportivas do Brasil. Os processos ainda correm em sigilo até que sejam analisados em plenário. Eles estavam na pauta da semana passada do TCU, mas Vitalzinho decidiu retirá-los. O motivo? O acidente envolvendo a equipe de futebol da Chapecoense. Dizia a nota do ministro na sessão plenária da última quarta-feira, 30:

Havíamos incluído, na pauta da sessão plenária de hoje, dez processos afetos ao tema esporte, sendo oito fiscalizações e o respectivo consolidado da FOC nas entidades do Sistema Nacional do Desporto, além do FiscEsporte.

Contudo, em razão do lastimável e trágico acidente aéreo ocorrido na madrugada desta terça-feira (29), que interrompeu a vida de 71 pessoas, entre elas, a delegação do time da Chapecoense, decidi retirar da pauta os aludidos processos.

Nesse momento de luto para o esporte e para todo o País, expresso minha solidariedade com as dezenas de famílias das vítimas sobre as quais se abateu essa tragédia.

Submeterei os processos para apreciação na sessão da próxima semana.

Detalhe é que nenhum dos processos dizia respeito ao clube de futebol catarinense. E este, por sua vez, não mantém grandes relações com o esporte olímpico de alto rendimento.

Mas, agora, eles estão de volta à pauta. A expectativa é de que nesta quarta-feira sejam analisados.

Abaixo, a relação de entidades desportivas cujas contas públicas estão sob o escrutínio de Vitalzinho:

Comitê Olímpico Brasileiro;

Comitê Paraolímpico Brasileiro;

Ministério do Esporte

Confederação Brasileira de Ginástica

Confederação Brasileira de Ciclismo

Confederação Brasileira de Judô

Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos;

Confederação Brasileira de Atletismo;

Confederação Brasileira de Clubes;

Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais;

Confederação Brasileira de Hipismo;

Confederação Brasileira de Judô;

Confederação Brasileira de Rúgbi;

Confederação Brasileira de Voleibol;


Bandeiras da Chape e Colômbia estarão em todos os jogos da última rodada
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Daniel Brito

A CBF definiu o protocolo dos nove jogos da última rodada do Nacional em homenagem às vítimas do trágico acidente aéreo envolvendo o elenco da Chapecoense, na terça-feira passada, dia 29.

Pela primeira vez, a bandeira de um outro país estará presente na cerimônia de abertura do jogo do Brasileirão. O pavilhão da Colômbia estará ao lado da bandeira da Chapecoense e do Brasil. Se juntarão aos, já tradicionais, escudos dos clubes que estarão em campo.

Em comunicado enviado aos clubes, a CBF também definiu que os atletas entrarão em campo uniformizados com a logo da Chapecoense estilizada  com a fita preta de luto.

As crianças (mascotes) vestirão camisetas da cor verde, de mãos dadas aos jogadores, com a logo do time catarinense e fita de luto. As camisetas dos mascotes serão doadas pela CBF aos clubes. Nos estádios que possuem telão, serão exibidas imagens dos jogadores da Chapecoense vitimados na tragédia nas cercanias de Medellín, na Colômbia.

Por iniciativa dos clubes, trechos do hino da Chapecoense serão estampados nas camisas dos demais 19 clubes da Série nesta 38º rodada do campeonato.

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Após críticas na Rio-16, De Rose é excluído na Agência Mundial Antidopagem
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Daniel Brito

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Eduardo de Rose foi gerente de dopagem na Rio-16, duramente criticado pela Wada

O médico gaúcho Eduardo de Rose perdeu dois cargos que ocupava na Wada (Agência Mundial Antidopagem, na sigla em inglês), ambos no topo do organograma da entidade, sediada em Montreal. Ele deixou o Comitê de Fundadores (Foundation Board, em inglês) e Comitê Executivo, após reunião da agência em Glasgow, na Escócia, no mês passado.

De Rose integrava o corpo diretivo da Wada havia quase duas décadas e sua saída coincide com o relatório produzido pela agência sobre o trabalho de controle de dopagem durante os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio-2016.
Eduardo de Rose foi gerente-geral da área de antidoping do evento, encerrado em setembro, e um relatório divulgado em outubro espinafrou o trabalho comandado pelo médico na Rio-16. Em mais de 50 páginas, quase todas as ações que seriam de responsabilidade do departamento comandado por De Rose foram duramente criticadas.

Segundo o documento, diversos atletas escolhidos para os exames ''simplesmente não puderam ser encontrados'' e ''mais de 50% dos testes foram abortados''. De acordo com a Wada, houve falta de coordenação na equipe encarregada de dirigir o departamento antidoping dos Jogos.

Uma das justificativas dada por De Rose foi corte de gastos do Comitê Organizador. Porém, havia o compromisso público do governo federal de arcar com os custos das análises de urina e sangue dos atletas, assim sendo, Rio-2016 não teria gastos com esta operação.

No Comitê dos Fundadores, ele foi substituído por Zlatko Matesa, presidente do Comitê Olímpico da Croácia. Esta comissão tem o status de um conselho de administração. É ele que avaliza os nomes para o Comitê Executivo, este sim, administra a gestão da Wada, tanto financeira quanto operacional.

Entre o fim da Rio-2016 e o relatório dos Jogos, o Brasil tentou usar o prestígio de De Rose na Wada para evitar o descredenciamento da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem). O ministro do Esporte, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), levou o médico a Montreal, sede da Wada,  para mostrar que o país seguia todas as exigências.

Não surtiu efeito.

Nesta mesma reunião em que De Rose perdeu os cargos nos comitês, em Glasgow, em novembro, a ABCD foi descredenciada e, em breve, o mesmo pode ocorrer com o LBCD (Laboratório Brasileiro de Controle de de Dopagem), na UFRJ, construído por R$ 188 milhões.

Com a saída de De Rose, o Brasil não tem mais representantes em nenhuma das comissões da Wada.

Aqui no Brasil, o médico gaúcho mantém-se prestigiado.

No final de novembro, após perder os cargos na Agência Mundial Antidopagem, ele foi nomeado como um dos integrantes do Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem, que até fevereiro deve estar em funcionamento, mantido com recursos da União. Além disso, o braço direito de De Rose na desastrada operação na Rio-2016, Alexandre Nunes, atualmente ocupa um cargo diretivo na ABCD.


Correios cortam 75% do patrocínio ao tênis brasileiro
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Daniel Brito

*Com Fábio Aleixo

A CBT (Confederação Brasileira de Tênis) sofreu um corte de 75% no patrocínio dos Correios. A renovação do acordo foi publicada na edição desta segunda-feira, 5, no Diário Oficial da União, no valor de R$ 4 milhões pelo período de dois anos.

O apoio, sem necessidade de licitação, foi firmado sob a rubrica: “Patrocínio Esportivo visando ao desenvolvimento da modalidade esportiva tênis”. Mas, curiosamente, o desenvolvimento da modalidade pode estar comprometido pela queda no valor do patrocínio.

Em setembro, o presidente da CBT, Jorge Lacerda, enviou carta aos presidentes das federações estaduais explicando as dificuldades financeiras dos Correios (prejuízo superior a R$ 2 bilhões em 2015) e os cortes que teriam que ser feitos pela estatal no investimento. A CBT vai mudar a sede de São Paulo para Florianópolis, estado de origem de Lacerda. Além disso, 55 contratos que tinham prazos relacionados ao acordo com os Correios não foram renovados – o que inclui ''pessoal da CBT, treinadores, jogadores e colaboradores''.

Em 2015, último ano da preparação para o Rio-2016, a confederação foi contemplada com R$ 8,6 milhão dos Correios, de um total superior a R$ 17 milhões injetados na entidade pela empresa pública no triênio 2014-2016.
Se não conseguir outros patrocinadores, a CBT pode encontrar dificuldades para fechar as contas nos próximos anos. Visto que o exercício de 2015 terminou com déficit de R$ 45 mil, apesar de ter tido uma receita superior a R$ 15 milhões.