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“Del Nero não viaja para não ser preso”, admite Feldman em CPI na Câmara
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Daniel Brito

Em depoimento à CPI da Máfia do Futebol na Câmara dos Deputados, o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, admitiu que o presidente da confederação, Marco Polo Del Nero, não sai do Brasil porque pode ser preso pelo FBI. Segundo o cartola, “mesmo sendo inocente”.
A resposta veio a partir de uma pergunta do deputado João Derly (Rede-RS), já perto do fim da sessão desta terça-feira, 31, em Brasília.

Veja abaixo como se deu o diálogo entre Feldman e Derly sobre o motivo das ausências de Marco Polo em viagens internacionais:

WALTER FELDMAN – Por que o presidente Marco Polo não viaja?  Porque o modelo americano [de investigação] policia o mundo. Qualquer denúncia, prende-se e depois aguarda uma delação. Agora, eu pergunto, se fosse o senhor, deputado João Derly,  viajaria nesta condição? Mesmo tendo convicção da sua inocência?
JOÃO DERLY – Viajaria, porque tenho a consciência tranquila.
FELDMAN – Eu lhe digo que não. Porque o FBI o prenderia mesmo se o senhor fosse inocente. Eu não tenho nenhuma dúivida da minha inocência, mas nesse quadro, eu não viajaria.
DERLY – Então ele tem receio de ser preso…
FELDMAN – Não. Não sei se são essas as razões, mas é assim que funciona. Presidente Marco Polo não viaja porque o sistema de funcionamento de tentativa de delação por parte dos que têm alguma denúncia, mesmo sendo inconsistentes, é assim. Marco Polo tem tomado medidas de defesa, mesmo sem ter elementos sobre o que esta sendo acusado. O que é muito difícil. Imagina que no sistema democrático você tem direito a saber tudo sobre o processo, mas nós não sabemos. Eu vou dizer por mim, eu não viajaria num quadro desses.

Antes desse diálogo, Feldman relativizou a investigação da Justiça americana, que colocou em prisão domiciliar José Maria Marin, antecessor de Del Nero na CBF, e outros dirigentes do continente.
“Vamos supor que o FBI demore dez anos para comprir suas análises. Ficaremos aguardando? Daremos tempo aos americanos de fazer, de acordo com suas normas juridicas e investigatórias, suas análises. Enquanto isso, todo o futebol está sob suspeita, não dá para avançar. E todos que estão aí, em princípio, são puníveis – acho que é este o termo. O FBI também já cometeu seus equívocos, já fez investigações que não eram tão certas.

Ele até considera que a investigação sobre o atual mandatário da confederação pode ser um erro de investigação.
“Do futebol sul-americano, todos caíram, só Marco Polo que não caiu. Que proteção especial que ele tem? Contra todo mundo, contra o FBI, contra a Comissão de Ética da Fifa, contra o senso comum? Eu diria, não é possível. Só ele não caiu, não existe uma denúncia sustentável. Será que não cabe uma dúvida? Sera que não há um equívoco como tantos que ja foram cometidos até em pena de morte lá nos EUA. Fico com a inocência”.

A sessão durou pouco mais de três horas. Foi bastante parabenizado pelo trabalho na CBF por alguns deputados, disse que a Copa Verde é um sucesso, que o técnico Dunga é bom e que Tite não tem experiência com seleção. Ao se despedir, disse que gostaria de ter falado um pouco mais.


Senado dos EUA quer saber: como atletas americanos evitarão o zika no Rio?
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Daniel Brito

Kongres-USA

Senadores temem que zika seja transmitido nos EUA após o fim dos Jogos (divulgação)

Senadores dos Estados Unidos demonstraram precupação com o a exposição de atletas do país ao vírus zika durante os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio-2016. Há uma semana, eles enviaram carta ao USOC (sigla em inglês para Comitê Olímpico dos EUA) pedindo informações sobre como a entiudade esatá se prevenindo contra a doença transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti.

“De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o Brasil é o epicentro da propagação do vírus, com, pelo menos, 120 mil casos suspeitos – mais da metade de todos os casos suspeitos nas Américas”, diz o memorando assinado por 11 senadores Democratas, mesmo partido do presidente Barack Obama. Uma das primeiras assinaturas é de Barabra Boxer, da Califórnia, cuja plataforma eleitoral é a dedicação a temas relativos a saúde e tratamento de doenças contagiosas.

A carta também lembra dos riscos de o zika ser causador da microcefalia em em recém-nascidos, assim como a incerteza quanto à duração da infecção do vírus no corpo humano. “Pode haver possibilidade de transmissão do zika dentro dos Estados Unidos muito tempo após o fim dos Jogos Olímpicos”, registrou Barabra e os demais senadores.

CAMISINHAS POR SEIS MESES
A resposta do USOC veio no mesmo dia. O comitê lembrou que não tem experiência em lidar com doenças infecciosas mas formou um conselho de médicos para auxiliar nos estudos e orientações a atletas e comissão técnica.

O USOC informou que todos os integrantes da delegação receberão repelentes da marca OFF!, uniformes de mangas longas e calças compridas, além de fornecer camisinhas pelos seis meses seguintes aos Jogos. Essa última medida serviria para evitar a transmissão do vírus após o fim da Rio-16 por meio de relação sexual – acredita-se que essa seria uma das formas de transmissão do zika.

O comitê afirmou que todos os atletas ficarão alojados em quartos com ar-condicionado, um item que até dezembro do ano passado o Comitê Organizador pensava em cobrar das delegações para poder usufruir em suas habitações na VIla Olímpica. Esta decisão, contudo, já foi revista.

Os médicos do USOC também estão fazendo mapeamento de alguns dos principais hospitais do Rio para o caso de emergências.
“Criamos um plano médico de Resposta de Emergência para fornecer tratamento médico para qualquer doença ou ferimento. Estamos nos preparando para gerenciar doenças graves no Rio, já identificando hospitais privados além daqueles disponibilizados pelo Comitê Organizador do Rio-2016 para garantir cobertura médica máxima aos membros da delegação”, respondeu o USOC, em carta assinada por Scott Blackmun, executivo chefe do Comitê.

SENADO DÁ R$ 4 BI
Há pouco mais de 10 dias, o Senado dos EUA autorizou que o país empregasse US$ 1,1 bilhão (quase R$ 4 bilhões)no combate ao vírus zika. Este valor seria utilizado para fomentar pesquisas sobre o impacto do zika em recém-nascidos e medidas de combate no período de verão no Hemisfério Norte.

Da parte do USOC, uma das medidas não mencionadas na resposta ao Senado foi a liberação para que os atletas possam decidir por conta própria se querem vir ao Brasil neste período de epidemia. Até agora, surgiram poucos casos de esportistas que abriram mão de disputar uma medalha no Brasil a partir de 5 de agosto – data de abertura dos Jogos Olímpicos.


Inglês pede que Brasil troque preconceito por aceitação aos paraolímpicos
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Daniel Zappe/MPIX/CPB

Sir Craven jogou basquete em cadeira de rodas e é presidente do IPC (Daniel Zappe/MPIX/CPB)

O presidente do IPC (Comitê Paraolímpico Internacional, na sigla em inglês), Sir Philip Craven, espera que o Comitê Organizador dos Jogos do Rio-2016 transforme o preconceito contra o esporte entre pessoas com deficiência em aceitação. A declaração foi dada em entrevista ao blog, quando faltam 100 dias para 7 de setembro – data da abertura do evento.

Ela foi motivada pelo posicionamento do Comitê Organizador do Rio-2016 sobre a venda de ingressos para os Jogos Paraolímpicos. O diretor de comunicação do Comitê, Mario Andrada, disse, no início do ano, que a procura do pública estava muito baixa talvez pela percepção do público em relação ao evento.

“O esporte paraolímpico é feito de histórias emocionantes, embora alguns ainda fiquem um pouco reticentes em acompanhar as competições, até por conta de algum preconceito em relação aos atletas, quando na prática é justamente o contrário”, dissera Andrada, em janeiro, em encontro com a imprensa.

“O IPC está totalmente a par do que foi dito na oportunidade e achamos que precisa ser colocado dentro de um contexto”, disse Sir Philip Craven, por e-mail.

Confira, abaixo, a entrevista completa.

BLOG DO BRITO – Em janeiro, o diretor de comunicação do Comitê Organizador dos Jogos disse que um dos motivos pela baixa procura de ingressos para os Jogos Paraolímpicos pode ser “algum preconceito” do brasileiro contra atletas com alguma deficiência. Como o IPC recebeu esta declaração?
SIR PHILIP CRAVEN – O IPC está totalmente a par do que foi dito e achamos que deve ser colocado dentro de um contexto. Antes dos Jogos de Londres-2012, uma pesquisa do Comitê Organizador local registrou que havia uma apreensão quanto aos Jogos Paraolímpicos porque muitos jamais tinham assistido e não estavam familiarizados com pessoas com deficiência praticando esporte. O Comitê de Londres-12 fez um grande trabalho de transformar esta negatividade em algo positivo. Eles usaram o esporte como uma ferramenta para mudar a percepção sobre o que uma pessoa com deficiência pode alcançar. Por este motivo os Jogos Paraolímpicos são o maior evento esportivo no mundo para inclusão social. Eu espero que o Comitê Organizador do Rio-2016 veja neste próximos 100 dias a oportunidade de transformar este dito “preconceito” em “aceitação” ao esporte paraolímpico, que trata de alta performance envolvendo alguns dos maiores atletas do mundo. Eles precisam se concentrar na habilidade dos atletas em vez da deficiência.

Na última vez que nos falamos, você espera que não houvesse interferência da crise política e econômica no Brasil na organização dos Jogos. Isso foi em setembro do ano passado. Desde então, muita coisa mudou, inclusive a Presidência da República. A posição do IPC sobre o Rio-16 mudou também?
Nós, claramente, preferiríamos que as coisas estivessem mais estáveis, no entanto o impacto global da crise nos Jogos não é tão grande. Mas em circunstâncias difíceis, únicas para qualquer edição anterior dos Jogos, o Comitê Organizador lidou muito bem. Os Jogos Paraolímpicos de setembro serão realizados como o planejado e a equipe brasileira, com muitos dos melhores atletas do mundo, vai apontar para terminar entre os cinco primeiros no quadro de medalhas. Acredito que agora as coisas parecem ter se resolvido um pouco, a população brasileira pode alternar a atenção do momento político para os Jogos-16, que eu realmente acredito que podem transformar o Brasil para sempre. Aqueles que assistirem aos Jogos Paraolímpicos nas arenas ou pela TV vão sentir um enorme orgulho no Brasil.

Está preocupado com a baixa procura pelos ingressos?
O Comitê Organizador do Rio-16 pode passar o cenário exato da venda de ingressos no momento. Claramente, gostaríamos de ter vendido mais ingressos até aqui, porque quanto mais cedo vendermos todos os ingressos em todas as arenas, melhor. Mas nós temos que aceitar que o Brasil é um mercado em que se compra ingressos em cima da hora e o país está atravessando um momento muito desafiador. Mas estamos confiantes que as vendas vão engrenar, assim como eles fizeram com os Jogos Olímpicos agora que o revezamento da tocha olímpica está em curso. Com dois milhões de ingressos custando R$ 10, está bastante acessível para os brasileiros fazerem parte da história. O IPC estava no Rio há 10 dias para a revisão final do projeto, e juntamente com o Comitê Organizador, a prefeitura e Comitê Paraolímpico Brasileiro, não vamos deixar pedra sobre pedra para envolvermos o público brasileiro naqueles que serão os melhores Jogos Paraolímpicos em performance esportiva.

Um dos mais conhecidos atletas paraolímpicos do país, o canoísta Fernando Fernandes, alega falhas no processo de classificação de categorias por nível de deficiência e, por este motivo, ele perdeu a vaga nos Jogos Paraolímpicos do Rio-2016. O IPC entende que há problemas na classificação dos atletas por deficiência?
Sobre a classificação na canoagem, você deve falar com a federação internacional sobre este assunto específico. No entanto, o que eu diria que as pessoas precisam entender que a classificação não se baseia em atletas com a mesma deficiência reunidos na mesma categoria, classificação do atleta é baseada em qual é o impacto dessa deficiência na capacidade de o atleta praticar aquele determinado esporte. Como resultado, você vai ver às vezes atletas com diferentes deficiências competindo na mesma classe. Por que é isso? É porque a deficiência tem um impacto semelhante na sua capacidade de praticar o desporto.


Dilema de um campeão olímpico: ir para o ministério ou tentar a Rio-16?
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Dante foi vice-campeão japonês e maior pontuador do time na temporada (Divulgação/FIVB)

O ponteiro Dante, 35, campeão olímpico com a seleção de võlei, está chegando a uma daquelas esquinas da vida. Recentemente, encontrou-se com o novo ministro do Esporte, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), e ouviu dele que pensa em contar com o atleta para o cargo de secretário Nacional de Esporte de Alto Rendimento.

Para assumir o posto, contudo, ele teria que dar um tempo na carreira de jogador. Seria impossível conciliar as duas funções.

Mas Dante ainda vive a expectativa de disputar os Jogos Olímpicos pela quinta vez seguida – disputou Sydney-2000, foi campeão em Atenas-04, vice em Pequim-08 e em Londres-12. Ele não foi convocado por Bernardinho para a equipe que se prepara para a Rio-16, mas seu nome já foi lembrado pelo treinador, caso a seleção necessite de uma “bola de segurança” na ponta. Ou seja, há chance de estar no Maracanãzinho em agosto, mês dos Jogos. com a seleção.

Dante foi vice-campeão japonês com o Panasonic Panthers, o maior pontuador da equipe na temporada, e entende que ainda tenha muita lenha para queimar em quadra. Largar a carreira de atleta e aceitar a proposta de Picciani seria entrar num ambiente que pouco o tocou ao longo da carreira.

A Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento com seus programas de bolsas e convênios influenciaram  em quase nada na carreira deste goiano da cidade de Itumbiara. É que o Ministério não é exatamente a principal fonte de recursos do vôlei nacional. Por outro lado, se aceitar o convite, Dante agregaria um valor até aqui esquecido por Picciani na montagem de sua pasta.

Os secretários escolhidos pelo pemedebista do Rio são, no mínimo, controversos. No início desta semana, Picciani nomeou Leandro Cruz Froes da Silva para secretário nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social. No currículo, carrega a mácula de ter sido preso em flagrante por porte ilegal de arma e desacato à autoridade.

Gustavo Perrela, filho do senador Zezé Perrella (PTB-MG) deve ser o secretário de futebol. Em novembro de 2013, uma operação da Polícia Federal apreendeu meia tonelada de cocaína no helicóptero de Gustavo Perrella em uma fazenda no município de Afonso Cláudio, interior do estado do Espírito Santo.

Já o provável secretário executivo do ministério será Fernando Avelino, ex-diretor do Detran do Rio e ligado ao PMDB fluminense. Na semana passada, a Folha de S.Paulo publicou que Avelino ficou famoso por estacionar seu carro blindado em local proibido, em frente à sede do Detran —foi flagrado pelo jornal “O Dia'' cometendo a infração por dois dias seguidos. Numa das vezes, o motorista parou o carro no corredor exclusivo de ônibus. Na outra, o carro do presidente do Detran ficou embaixo da placa de proibido estacionar.

A maior acusação que se tem notícia contra Dante diz respeito à sua atuação contra a Argentina nas quartas de final de Sydney-2000, o que causou a eliminação da seleção daquela Olimpíada. Nada que a torcida já não o tenha perdoado.


Diretor da Globo é convidado a colaborar com a CPI da Máfia do Futebol
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Daniel Brito

A CPI da Máfia do Futebol na Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira, 24, o convite ao diretor de direitos esportivos das Organizações Globo, Pedro Garcia. Ante um plenário vazio no final da manhã de hoje, o executivo teve o convite aprovado em decisão unânime.

Um cenário bem diferente da semana passada, quando o requerimento, de autoria de Fernando Monteiro (PP-PE), relator da CPI, foi derrubado da pauta após pedido de verificação de quórum por parte de Vicente Cândido (PT-SP), diretor da CBF e não é membro da CPI.

Nesta terça-feira, contudo, Cândido não estava no plenário da comissão no momento da votação e nem tampouco metade dos que assinalaram presença.

Garcia tem o direito de recusar o convite, se assim entedê-lo necessário, já que não se trata de uma intimação e nem é tido como investigado. Porém, o requerimento de Monteiro convida o executivo para “colaborar com os esforços desta CPI para esclarecer aspectos relacionados a contratos de marketing, direitos de mídia, patrocínios e eventos envolvendo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF)''.

A apuração da Justiça dos Estados Unidos que acarretou na prisão de José Maria Marin, ex-presidente da CBF, vasculha, entre outras coisas, o pagamento de propina em transações de compra e venda de direitos de transmissão.

Os direitos de transmissão da Copa do Brasil, um dos alvos da investigação, pertencem à Globosat, uma das principais empresa das Organizações Globo, da qual faz parte o canal a cabo Sportv. O grupo mantinha acordo com a TV Bandeirantes e a ESPN Brasil para exibição do certame. Não há indícios de que elas possam ser alvo de investigação da Justiça dos Estados Unidos.


Novo secretário do Ministério do Esporte foi preso por porte ilegal de arma
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O ministro do Esporte, Leonardo Picciani (PMDB-RJ) nomeou Leandro Cruz Froes da Silva para secretário nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social. A efetivação no cargo foi publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira, 23.
Froes foi assessor da liderança do PMDB na Câmara quando Picciani fazia as vezes de líder do partido na Casa. E também fez parte da equipe de Picciani em seu gabinete na Câmara. Ele carrega no currículo, no entanto, uma mácula.

Quando era secretário de Transportes e Serviços Públicos de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Froes foi preso em flagrante por porte ilegal de arma e desacato à autoridade. O caso ocorreu em setembro de 2006, quando Froes estava em um carro com outros três amigos no momento da prisão e teria discutido com os policiais, que chegaram ao local através de uma denúncia anônima.

Aqui está a notícia da época da prisão do novo secretário escolhido por Picciani.

Outros secretários escolhidos por Picciani também chegam ao ministério com um histórico de controversias. Basta lembrar que Gustavo Perrela, filho do senador Zezé Perrella (PTB-MG) deve ser o secretário de futebol. Em novembro de 2013, uma operação da Polícia Federal apreendeu meia tonelada de cocaína no helicóptero de Gustavo Perrella em uma fazenda no município de Afonso Cláudio, interior do estado do Espírito Santo.

Já o secretário executivo do ministério será Fernando Avelino, ex-diretor do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) do Rio e ligado ao PMDB fluminense. Na semana passada, a Folha de S.Paulo publicou que Avelino ficou famoso por estacionar seu carro blindado em local proibido, em frente à sede do Detran —foi flagrado pelo jornal ''O Dia'' cometendo a infração por dois dias seguidos.
Numa das vezes, o motorista parou o carro no corredor exclusivo de ônibus. Na outra, o carro do presidente do Detran ficou embaixo da placa de proibido estacionar.


Levantadora levará filha recém-nascida para concentração da seleção no Rio
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Fabíola se apresenta em 30 dias à seleção, em Saquarema-RJ (Flavio Florido/UOL)

A levantadora Fabíola, 33, passará 30 dias de resguardo com Annah Vitória, nascida ontem, e na segunda quinzena de junho – talvez antes – se apresentará ao técnico da seleção feminina de vôlei, José Roberto Guimarães, em Saquarema, Rio de Janeiro, com a filha a tira colo.

Esta é uma das condições para que Fabíola possa se juntar ao time que se prepara para defender o Brasil nos Jogos Olímpicos-2016. Tudo para que mãe e filha não se separem neste período tão importante das duas. Mas elas ficarão distante quando agosto chegar e a seleção entrar na Vila Olímpica – ali, Annah Vitória não poderá acompanhar Fabíola, só fazer visitas e na “zona internacional”, espaço aberto a convidados dos atletas.

Ela nasceu quase 10 dias após o esperado, mas veio cheia de saúde após parto normal. Não fosse por isso, Fabíola poderia abandonar de vez a possibilidade de disputar a Rio-16. A recuperação de uma cesariana demoraria bem mais que os 30 dias aguardados por Guimarães.

“Vou levar toda estrutura daqui de Brasília para Saquarema. Entre os treinamentos, após as refeições, sempre que sobrar um tempinho, vou lá amamentar, cuidar dela, ficar com ela”, explicou Fabíola ao blog antes da vinda de Annah Vitória.

Retomar a atividade de atleta 30 dias após o parto não é exatamente uma novidade para Fabíola. Há 10 anos, ela voltou a jogar 28 dias após o nascimento de Andressa, sua primogênita, também trazida ao mundo em parto normal. No início do mês, o UOL Esporte mostrou como era a rotina da levantadora para integrar o time olímpico na Rio-2016. Até agora, todas as etapas foram cumpridas com sucesso.


Rio-16 é autorizada pela Justiça a utilizar jovens de 14 anos como gandula
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O goleiro Hart xinga um gandula durante jogo da Copa-14 em Manaus (reprodução da TV)

O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio-2016 pretende escalar menores de idade como gandulas em quatro modalidades. Hóquei, golfe, tênis e natação paraolímpica poderão contar com adolescentes a partir dos 14 anos na função de “repositores”, expressão utilizada pela organização.

A medida foi publicada no Diário da Justiça em 20 de abril. Está no artigo 3º da Recomendação nº 21 da  Corregedoria Nacional de Justiça. Foi fixada a idade mínima de 14 anos para participação de jovens e crianças em atividades como acompanhamento de atletas, porta-bandeiras, gandulas, amigos de mascotes, condução de tocha e performances culturais.

De acordo com o Comitê Organizador, a participação de adolescentes faz parte do legado dos Jogos. “A recomendação do CNJ permite que o Comitê ponha em prática o programa ‘Jovens Voluntários’, criado com a missão de envolver jovens atletas no Movimento Olímpico.  Os jovens atuarão como boleiros no hóquei e no tênis olímpico e paraolímpico, ‘cestinhas’ na natação paraolímpica, e ‘Standard Bearers’ no golfe”, explicou a Rio-2016 em nota por e-mail.

A recomendação, contudo, vai de encontro com o que versa o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), a resolução 138 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) e até a Constituição Federal.

Assédio moral e pressão psicológica
A resolução 138 da OIT, absorvida pela legislação do Brasil, tipifica a atividade de gandula como como uma das piores formas de trabalho infantil, especialmente na atmosfera do esporte de alto rendimento – que é exatamente o caso dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos.

“As pessoas pensam: ‘Ah, isso não é trabalho, porque o adolescente acha bom estar ali, perto dos ídolos, de graça’. Mas é importante sempre lembrar da série de riscos que envolve esta atividade: riscos físicos, psicológicos, sociais, assédio moral, xingamento, pressão altíssima. Isso tudo influencia no desenvolvimento do adolescente”, explicou ao blog o procurador do MPT (Ministério Público do Trabalho), Tiago Ranieiri. Ele é vice-coordenador nacional da Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente do MPT.

A atividade análoga à de gandula, ou repositores, é regulamentada no Brasil e prega que, em ambientes abertos, seja exercida por adolescentes a partir dos 18 anos e devidamente remunerado. Evita, assim, que clubes de futebol, por exemplo, utilizem os jogadores das categorias menores como gandula em partidas entre profissionais. A partir dos 14 anos, adolescentes podem atuar como “menor aprendiz”. A própria CBF possui uma resolução que impede jovens abaixo de 18 anos de atuar como gandula.

A assessoria do Rio-2016 explicou que apenas essas quatro modalidades foram selecionadas pela tradição. “No hóquei e no tênis atuam na reposição de bolas. No golfe, postam a pontuação dos atletas em estandartes, a cada par de buraco. E na natação paraolímpica coletam os kits [muletas e/ou próteses] dos atletas”, informou o Comitê. ''O programa contempla cerca de 350 jovens, entre 14 e 18 anos, já iniciados no esporte, e planta a semente do trabalho voluntário, inspirando-os a se tornarem atletas de alto rendimento através da oportunidade de estarem no centro dos Jogos'', completou.

Nos esportes praticados indoor, como vôlei e basquete, por exemplo, serão designados gandulas maiores de idade durante a Rio-16. Assim como no torneio olímpico de futebol.

Polêmica no Mundial Fifa-2014
Durante a Copa do Mundo de 2014 houve polêmica semelhante. Envolveu a Coca-Cola, patrocinadora oficial da Fifa, que selecionou mais de 450 jovens de 13 a 16 anos, após realizar uma promoção com a venda de seus produtos, para atuar como gandula no Mundial do Brasil. O MPT chegou a ajuizar ação, mas os menores de idade ainda assim atuaram trajados com uniformes do patrocinador.

No caso dos Jogos Olímpicos, os adolescentes atuarão sob a égide de “voluntários” da Rio-2016, o que, ainda assim, se configura como desrespeito às diretrizes da OIT, do ECA e da Constituição Federal. De acordo com Tiago Ranieri, o diálogo com o Comitê Organizador do Rio-2016 é muito bom e ele acredita que esta portaria não será levada adiante.

“Trata-se de uma recomendação para fins de padronização. Mas a recomendação desta Portaria do CNJ está abaixo da Constituição Federal. É totalmente discutível se quiserem pautar o exercício dessa atividade [gandula] com base em uma recomendação. Esta Portaria não tem o fundo de preconizar e padronizar as relações de trabalho”, explicou o procurador.


Diretor da CBF obstrui convocação da Globo para CPI da Máfia do Futebol*
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Daniel Brito

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Cândido é deputado pelo PT-SP, diretor da CBF e sócio de Marco Polo (Alan Marques/Folhapress)

Vicente Cândido acumula o cargo de deputado federal pelo PT de São Paulo e diretor de “assuntos internacionais” da CBF. Nessa terça-feira, 17, ele teve atuação pequena, porém decisiva, na CPI da Máfia do Futebol, na Câmara dos Deputados, em Brasília.

No último minuto da sessão, o parlamentar pediu a verificação dos votos que aprovaram o convite a representante da Rede Globo para comparecer à CPI para esclarecer “aspectos relacionados a contratos de marketing, direitos de mídia, patrocínios e eventos envolvendo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF)''.

O requerimento é de autoria de Fernando Monteiro (PP-PE), relator da comissão, e foi o último a ser apreciado nessa terça-feira, 17. Havia mais de duas horas que a sessão estava em curso. Mais cedo, Neymar da Silva Santos, pai do atacante Neymar do Barcelona, falara aos deputados. 

Cândido nem sequer é membro desta comissão parlamentar de inquérito, mas permaneceu o tempo inteiro no plenário, sempre calado. Até a aprovação do convite à Globo, que ocorreu de forma simbólica, dado que ja era o fim da sessão. Outros requerimentos haviam sido outorgados da mesma maneira naquela tarde sem necessidade de verificação de votos.

Porém, Cândido utilizou do artifício, uma tática conhecida de obstrução para evitar a aprovação pelo método simbólico. Posição contrária à de seu colega de partido, Sibá Machado (PT-AC), e de Silvio Torres (PSDB-SP). “Essa verificação vai derrubar a sessão”, alertou Torres.
Eram preciso 15 deputados em plenário para a aprovação, o que não ocorreu. Assim, o convite à Globo foi derrubado da pauta.

Vicente Cândido já nem estava em plenário quando o requerimento foi derrubado. Ele é sócio de Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, no escritório de advocacia em São Paulo que leva o nome dos dois: ''Marco Polo Del Nero e Vicente Cândido Advogados''. Em sua campanha para deputado federal em 2014, Cândido declarou ter recebido uma doação de R$ 100 mil do escritório. Ele foi vice-presidente da Federação Paulista de Futebol enquanto Del Nero esteve à frente da entidade.

Não é a primeira vez que a verificação de votos é evocada na CPI da Máfia do Futebol em assuntos que tocam a TV Globo e a CBF. Na reunião de 14 de abril, o deputado Arnaldo Faria de Sá, ex-presidente da Lusa, utilizou desse instrumento para barrar o encaminhamento da cópia de todos os contratos de direitos de transmissão firmados entre a Rede Globo  e a CBF. Foram necessárias duas semanas até que o requerimento voltasse à pauta e fosse aprovado em plenário.

O convite à Globo pode ser incluído na pauta das próximas sessões.

*Atualizado às 17h15: a assessoria de imprensa de Vicente Cândido enviou mensagem ao blog informando que a sociedade entre o parlamentar e o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, foi desfeita em dezembro de 2015. Portanto, os dois não mais possuem sociedade em escritório de advocacia, de acordo com a assessoria de Cândido.


Jadel Gregório, 35, treina nos EUA para último salto da carreira na Rio-16
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Daniel Brito

Jadel Gregório vem aí.

Não é a primeira vez que o leitor atento ao noticiário olímpico lê esse tipo de aviso. Mas esta pode ser a última. Pelo menos, no que diz respeito à participação do triplista paranaense em Jogos Olímpicos.

Nascido há 35 anos na pequenina Jandaia do Sul, de apenas 20 mil habitantes, Jadel dedica-se para conquistar a vaga no salto triplo nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. É lá no Estádio Engenhão onde ele espera se despedir da carreira como atleta.

É a quinta vez que ele tenta garantir-se em uma Olimpíada. Participou de Atenas-2004 e Pequim-2008. Não fosse pelas lesões, poderia ter ido a Londres-2012 e até Sydney-2000, quando ainda nem completara 20 anos.

Desta vez, ele exilou-se voluntariamente em San Diego, Califórnia. Foi com a mulher e os filhos. Lá treina, estuda e compete. No mês passado, ganhou destaque no jornal da cidade pelos resultados obtidos em competições locais.

“A ressureição da carreira de triplista brasileiro”, estampou o San Diego Tribune em sua edição impressa e online. A matéria assinada pelo jornalista Mark Zeigler traça um perfil discreto de Jadel na prova em San Diego. “Jadel já saltou mais longe do que qualquer um ali na competição, com seus 20 e poucos anos, poderia sonhar. Sem roupas de marca e com seu tênis resistido, sem marca. ‘Comprei esses aqui por US$9 na internet’”, relatou Zeigler em seu texto.

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Importante lembrar que Jadel passou por cirurgia nos dois joelhos em 2011 e, coincidentemente, após este episódio, perdeu o patrocínio de uma fabricante de material esportivo.

Do Brasil, Jadel recebe orientações de Antônio Carlos Gomes, seu técnico há cinco anos, e superintendente de alto rendimento da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo). A partir de suas orientações, Jadel tem conquistado marcas importantes. No dia em que falou ao San Diego Tribune, em 16 de abril, alcançou 16,27m, e foi segundo lugar. Melhorou a marca nove dias mais tarde, em outra competição com 16,35m e sagrou-se campeão do Triton Invitational, na Universidade de San Diego.

“Jadel virá ao Troféu Brasil muito bem. Até agora está indo muito bem nos torneios nos Estados Unidos, acreditamos que virá para o índice olímpico em junho”, projetou o técnico Antônio Carlos Gomes.

Para garantir vaga, ele precisa saltar 16,85m, no mínimo, no Troféu Brasil, no final de junho, em São Bernardo do Campo, São Paulo. Atualmente, é o quarto do ranking nacional. Só os três primeiros com índice vão ao Rio-2016. “Jadel cumpriu o papel dele no atletismo, foi medalhista mundial indoor e outdoor, campeão do Pan-Americano, recordista brasileiro e sul-americano, enfim…Fizemos uma preparação longa para que ele encerre bem a carreira aqui no Brasil, nos Jogos Olímpicos do Rio-2016”, disse Gomes.