Blog do Daniel Brito

Decisão do vôlei às 9h da manhã faz jogadoras acordarem de madrugada
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Daniel Brito

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Walewska criticou o horário: ''Não somos consultadas'' (Adalberto Marques/Inova Foto/CBV)

A campeã olímpica Natália teve de acordar antes das 6h da manhã para defender o Rexona Ades às 9h no ginásio Nilson Nelson, em Brasília, na final da Superliga 2015/16 contra o Praia Clube, de Uberlândia, Minas Gerais. Por causa da transmissão na TV aberta, o jogo do título do principal campeonato de vôlei do país ocorreu nas primeiras horas deste domingo, 3. Horário cruel para um domingo, ainda mais para as atletas, acostumadas a jogar de tarde ou de noite durante toda a temporada.

“Não é fácil. Acordei 5h50 hoje para despertar, tomar um café forte, para chegar bem às 9h da manhã, a gente não está acostumada a jogar neste horário, são coisas do vôlei”, contou a ponteira, após o jogo em que seu time superou, além do sono da manhã, e o Praia Clube por três sets a um, após duas horas e 16 minutos de embate.

“Mas esse costuma ser o horário da final, então a gente meio que já sabe. Mas é importante comer bem, porque agora já são que horas? Nem sei que horas são, é meio pesado. Eu comi um sanduíche com queijo branco e peito de peru, umas frutas, café, essas coisas”, revelou a jogadora. O ritual deu certo, porque Natália foi eleita a melhor em quadra na decisão deste domingo.

Houve, contudo, quem acordasse cedo há mais dias para não sentir-se mal em quadra. “Eu venho de uma rotina de quatro dias, de acordar às 6h da manhã, que é a hora em que tivemos que acordar hoje. Eu faço um pilates, tenho acordada sozinha, faço há quatro dias, por isso não senti o jogo. Mas à noite eu vou estar quebrada”, contou Walewska, campeã olímpica com a seleção em Pequim-2008, e central do Praia Clube.

Do alto de seus 36 anos e mais de 10 anos de serviços prestados à seleção nacional, Walewska não deixou de se indignar com a situação. “A gente é muito refém da televisão. Ninguém pergunta aos atletas o melhor horário. Dormimos às 21h de ontem, acordamos às 6h da manhã. Jogamos às 9h, muda a rotina toda do atleta. É uma falta de respeito com todos os atletas, tem que ter uma comissão de atletas para rever isso. Nós nunca somos questionados, e isso é sim um protesto” criticou a atleta.


Ele mudou a história do atletismo e hoje é tema de vídeo clipe de DJ sueco
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Daniel Brito

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Americano Dick Fosbury inventou o salto de costas (arquivo)

Já passa das 22 milhões de visualizações o vídeo clipe no YouTube do DJ sueco Avicii intitulado “Borken Arrows” (flechas quebradas, na tradução livre). Levado ao ar na internet pela primeira vez no final de novembro de 2015, romanceia a história de um dos nomes mais importantes da história do atletismo mundial.

O americano Dick Fosbury que revolucionou o salto em altura ao passar pelo sarrafo de costas utilizado até hoje e não mais de frente, como uma grande passada. No clipe do DJ sueco, Dick mora em um trailer mal conservado com a filha e tem tendência ao alcoolismo. Após mais um fracasso em uma competição diante da filha, ele decide mudar de vida e treinando com a própria filha, afeita a acrobacias, tem a ideia de mudar o estilo de salto. A modificação o leva a glória, até o ouro olímpico na Cidade do México-1968.

Por sorte, a primeira cena do vídeo-clipe informa que ele é apenas “inspirado em uma história real”. Porque a história de Dick Fosbury tem muitas diferenças para o que é apresentado em “Broken Arrows” – aliás, a letra não tem qualquer referência ao esporte ou Jogos Olímpicos.
Fosbury.

O americano da cidade de Portland não conseguia superar mais do que 1,50m no salto ao estilo antigo. Tampouco tinha uma filha quando inventou a fórmula revolucionária para vencer o sarrafo e não tinha tendência com alcoolismo (não publicamente). Fãs de Avicii na Europa publicaram no Twitter que o trecho em que se refere a bebida é uma autorreferência ao DJ, que tem um histórico de abuso de aditivos químicos.

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Trecho do clipe de Avicii que é inspirado na história de Fosbury (crédito: reprodução)

Fosbury passou três anos aperfeiçoando a técnica do salto até classificar-se para México-1968, silenciando seus críticos, como o próprio técnico e seus amigos. A técnica ganhou o nome em inglês de “Fosbury Flop”, algo como a “O salto de Fosbury”.

Acostumado a treinar em Los Angeles, na altura do nível do mar, Dick Fosbury voou na Cidade do México-68 com o recorde olímpico e o ouro ao chegar em 2,24m. Para se ter uma ideia o recorde brasileiro hoje é de Jessé Farias, com 2,32m alcançados em 2008, na Suíça.

O triunfo de Fosbury foi muito importante para o mundo do atletismo mas acabou tendo uma espaço menor na história porque foi no México-68 que os americanos John Carlos e Tommy Smith foram ao pódio após a prova dos 200m e protestaram com o braço estendido para o alto e os punhos cerrados pedindo pelos direitos civis aos negros dos Estados Unidos.

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Estádio sede dos Jogos Olímpicos Rio-2016 “bebe” R$ 2 mil de água por dia
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Daniel Brito

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Elefante branco: arena também sofre com manutenção do gramado (Crédito: Daniel Brito/UOL)

O Estádio Nacional Mané Garrincha, palco de 10 jogos de futebol na Rio-2016, vai consumir uma média diária de aproximadamente R$ 2 mil em serviço e água e esgoto. O contrato da arena com a CAESB (Companhia de Água e Esgoto de Brasília) foi divulgado em fevereiro no Diário Oficial do Distrito Federal no valor de R$ 700 mil ao ano.

Para ser mais preciso, é como se todo dia o Mané Garrincha consumisse R$ 1.912,56 em água e esgoto. É mais uma conta que se soma ao custo do estádio, que abocanha quase R$ 800 mil mensais do GDF (Governo do Distrito Federal) em manutenção.

Para efeito de comparação, o Maracanã pagou em anos passados entre R$ 50 mil e 60 mil por mês à Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro). O que dá uma média de consumo semelhante à do Estádio Nacional de Brasília. A diferença é que o Maracanã recebe jogos de futebol com grande público com uma frequência muito mais regular do que o Mané Garrincha.

De acordo com a secretaria-adjunta de turismo do DF, responsável pela administração do estádio, o valor é apenas uma estimativa. “Trata-se de uma previsão orçamentária  para os gastos de 2016 (inclui jogos e eventos), feita com base nos gastos do Estádio anteriormente. Todo ano é necessário fazê-lo. Caso o valor real extrapole o orçamento é ​necessária justificativa pelo executor do orçamento (Terracap). Todas as secretarias fazem plano orçamentário para gastos anuais”, explicou a pasta, em nota da assessoria de imprensa.


Ciúme de Del Nero com ex-namorada rende 27 mil e-mails à CPI do Futebol
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Daniel Brito

A equipe de investigação da CPI do Futebol no Senado está analisando mais de 27 mil mensagens de e-mail do presidente licenciado da CBF, Marco Polo Del Nero. Algumas dessas mensagens já vieram a público na sessão da semana passada. Outras devem ser reveladas para ajudar na investigação e nos trabalhos da comissão.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) revelou, por exemplo, um e-mail entre Gustavo Feijó, vice-presidente da CBF para o Nordeste, e Marco Polo no qual pede que se cumpra um acordo entre a entidade e sua campanha para prefeito de Boca da Mata, Alagoas, em 2012. O cartola afirmou em mensagem que recebera R$ 300 mil e faltavam outros R$ 300 mil a receber, conforme o que havia sido combinado com Ricardo Teixeira, que renunciou à presidência da CBF em março de 2012.

Os e-mails estão em poder da Justiça desde 2012, quando Marco Polo foi alvo da “Operação Durkheim”, da Polícia Federal, que apurava a atuação de um grupo especializado na quebra ilegal de sigilo telefônico, bancário e fiscal.

Marco Polo teve computadores pessoais apreendidos e prestou depoimento à Polícia Federal. Relatou que contratou serviços de detetives para ''vigiar'' a então namorada, a apresentadora de televisão Carolina Galan, hoje alvo de investigações da CPI do Futebol. Del Nero também esclareceu que o caso não tinha ligação com sua atividade na FPF (Federação Paulista de Futebol), do qual foi presidente de 2003 a 2012, e não foi indiciado.

Esta apuração recolheu o laptop pessoal de Marco Polo e nele estava sua caixa e e-mail com as mais de 27 mil mensagens. Muitas das quais possuem informações novas para a CPI do Futebol.

Por exemplo: embora tenha negado em depoimento no Senado que possuísse conta bancária no exterior, foi encontrado uma troca de e-mail com o filho do cartola pedindo que procurasse determinada agência do banco HSBC nos Estados Unidos e falasse com uma gerente específica para tratar de uma transação financeira para a família Del Nero.

Na semana passada, o Blog do Juca, no UOL Esporte, revelou com exclusividade um email de Marco Polo para Valcke pedindo, entre outras coisas, que o governo não tivesse assento no Comitê Organizador da Copa do Mundo Fifa-2014.

Esses e-mails só se tornaram público graças à tentativa da Bancada da CBF na CPI tentar barrar as investigações. Dos 17 senadores membros da comissão, apenas cinco haviam feito registro no sistema de informação para ter acesso aos trabalhos da apuração da equipe.

Por isso, Randolfe Rodrigues quer convocar novamente Del Nero para depor à CPI e, desta feita já com a acusação de falsidade testemunhal, conforme afirmou na sessão da quarta-feira passada.


Italiano consegue a proeza de ser pego no doping com 11 substâncias ilegais
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Daniel Brito

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Foram encontrados 10 anabolizantes e uma substância de uso feminino no sangue de Vasta (reprodução/Twitter)

O italiano Davide Vasta, jogador de rúgbi do Amatori Catania, da terceira divisão italiana, entrou para a história como o que pode ser considerado o atleta mais dopado de todos os tempos. Em teste realizado fora de competição, foram encontradas onze (onze!) substâncias proibidas no sangue. Eram dez anabolizantes e um para combater o aumento dos seios, de uso exclusivamente feminino.

Não há registro confiável de algum outro atleta profissional que tenha ingerido tantos produtos e sido flagrado em controle de dopagem. O caso chocou a agência de combate ao doping da Itália. O clube de Vasta emitiu uma nota, horrorizado, informando tratar-se de um caso estritamente pessoal e alheio à agremiação.

Junto com Vasta, outro companheiro de clube também testou positivo, mas “apenas” para quatro substâncias.
À agência de notícias italiana Ansa, Davide Vasta pediu desculpas. “Cometi um erro, fiz por pura ignorância. Há um ano participei de um concurso de fisioculturismo e tomei substâncias que não sabiam que eram proibidas”, justificou-se.

No sangue do jogador de rúgbi foram encontrados: testosterona, boldenona metabólica,  drostanolona, mesterolona, methandienone, methasterona (popularmente chamada de Superdroll),  Methyl-D (methyldienolone), stenbolone metabólica, clomiphene, 19-noretiocholanolone e, (ufa!) 19-norandrosterona.

Um médico ouvido pelo jornal italiano Gazzetta dello Sport afirmou que é impossível que tamanha combinação permaneça no organismo de uma pessoa por um ano. E afirmou que a ingestão de tais substâncias pode fazer com que Davide Vasta corre o risco de se tornar infértil, sofrer com psicose ou até mesmo morrer por infarto.
Ele está suspenso preventivamente. Ainda não houve o julgamento do caso.


Ricardo Leyser deve ser efetivado como ministro do Esporte
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Daniel Brito

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Está na mesa da presidente Dilma Rousseff a nomeação de Ricardo Leyser como ministro do Esporte, em substituição a George Hilton, demitido na manhã desta quarta-feira, 23. Leyser é remanescente da gestão PC do B na pasta, e está diretamente envolvido com a preparação da delegação brasileira nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio-2016.

Leyser é do PC do B do Rio Grande do Sul e até então ocupava o cargo de secretário Nacional de Esporte de Alto Rendimento (SNEAR). Durante os primeiros 11 meses da administração Hilton na pasta, respondia como secretário-executivo do ministério, o segundo na hierarquia. Porém, para agradar o PRB, então partido de Hilton, Leyser foi exonerado do cargo e realocado na SNEAR. Em sua vaga, assumiu Marcos Jorge, presidente do PRB de Roraima.

Marcos Jorge permanece onde está. Faz parte do acordo político entre Palácio do Planalto e PRB, manter os secretários no Ministério do Esporte e ejetar George Hilton, que transferiu-se para o PROS na esperança de continuar como senhor de um orçamento estimado em R$ 1,3 bilhão só para este ano.

Participou da organização do Pan-07
Diferentemente de Hilton, Leyser conhece os atletas e os dirigentes. Ingressou no Ministério do Esporte em 2003H, na fundação da pasta, como assessor de Agnelo Queiroz. Entre 2005 e 2007, Leyser foi secretário-executivo para os Jogos Pan-Americanos do Rio-07. Trabalhou diretamente na candidatura carioca para receber os Jogos Olímpicos-2016.

Em junho de 2010, o TCU (Tribunal de Contas da União) condenou Leyser a devolver R$ 18 milhões aos cofres públicos por irregularidades cometidas na época do Pan. Segundo o jornal O Globo, a conta incluiu, por exemplo, R$ 4,1 milhões de pagamentos feitos em duplicidade. O dirigente se declarou inocente e chegou a dizer que a decisão parecia encomendada para atingí-lo. Recorreu da decisão e foi inocentado posteriormente.

O dirigente assumiu em 2009 a Secretaria Nacional de Alto Rendimento – substituiu ao ex-nadador Djan Madruga.

Na secretaria, Leyser estreitou o contato do governo com confederações esportivas e atletas. Trabalhou pela reformulação de políticas de apoio governamental a esportistas e foi um dos grandes responsável pelo plano Brasil Medalhas, lançado em 2012 visando a colocar o Brasil entre os dez países com mais medalhas na Olimpíada de 2016 (nos Jogos de 2012, o país foi 22º).


Ex-ministro podia não ser chegado ao esporte, mas se divertiu para valer
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Daniel Brito

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Havia sete meses que George Hilton caíra de paraquedas no Ministério do Esporte. Na cerimônia de entrega de medalhas dos Jogos Pan-Americanos de Toronto-2015, ele subiu ao degrau mais alto do pódio para entregar o ouro ao judoca brasileiro Charles Chibana. Mal percebeu a grande heresia que cometera, ou na linguagem das ruas, uma tremenda gafe.

Quem é do esporte sabe: pódio é solo sagrado, só os atletas premiados podem pisar nele.

Com o gesto, George Hilton apenas confirmou o que deixara avisado no dia de sua posse, ainda na primeira semana de janeiro de 2015: “Posso não entender de esporte, mas entendo de gente”.

O destino reservou a Semana Santa para que o pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, egresso do PRB e hoje no PROS, fosse ejetado do cargo de ministro do Esporte.

Hilton vai-se da Esplanada com um inventário raso para o Esporte, com poucos programas de autoria própria. Foi beneficiado pelo trabalho feito na gestão anterior, de Aldo Rebelo, hoje na Defesa. Mas ocupou o quadro de secretários do segundo escalão com antigos correligionários do PRB, partido que ele trocou para permanecer no cargo. O que não ocorreu. E os secretários permanecem, sem perspectiva de sair.

Pode orgulhar-se, contudo, de ter passado alguns dos 15 meses mais divertidos da sua vida.

Se não, vejamos:

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PRB se reaproxima de Dilma e derruba ministro do Esporte
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Daniel Brito

O deputado federal George Hilton (PROS-MG) deixou o cargo de ministro do Esporte na manhã desta quarta-feira, 23. George Hilton estava no cargo desde janeiro de 2015, em substituição a Aldo Rebelo. Ele é deputado federal e deve retornar à Câmara dos Deputados, agora pelo PROS.

Uma reviravolta política nos últimos dias selou o destino de Hilton.

Tudo por conta da reaproximação do PRB, antigo partido e Geroge Hilton, com o Palácio do Planalto. Há 10 dias, o presidente da legenda publicou um artigo na Folha de S.Paulo em favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ao longo da semana anterior, o PRB deixou clara a resolução de que todos os membros do partido com cargos no governo federal pedissem exoneração.

Pressionou Hilton repetidas vezes, que, em vez de atender ao partido, trocou de legenda. Deixou o PRB, pelo qual havia sido reeleito deputado federal por Minas Gerais, em 2014, e filiou-se ao PROS.

Porém, Dilma e PRB se reaproximaram. Na tarde de ontem, o presidente do PRB, Marcos Pereira, selaram um acordo de paz e cooperação. Pereira pediu o ministério de volta, e no início da noite de ontem, a saída de George Hilton do cargo estava consumada.

Ele teria um evento no Rio de Janeiro com o ministro da Cultura, Juca Ferreira, nesta quarta-feira, 23, mas já não participará mais.

Ricardo Leyser, secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento, remanescente do PC do B na pasta, assume interinamente. Resta saber se o PRB indicará um substituto para a vaga deixada por George Hilton. Os secretários do segundo escalão do Ministério do Esporte, membros do PRB, também devem continuar no cargo.

*ATUALIZAÇÃO: Em nota divulgada na quarta-feira, 23, o PRB negou que tenha retornado à base de apoio da presidente Dilma e mudou o tom do discurso. Em vez de ser pró-impeachment, como no artigo da Folha de S.Paulo de 11 de março, defende uma postura ''independente'' dos parlamentares do partido. Não informou, contudo, se os secretários vão pedir para deixar os cargos no ministério do Esporte.


Você sabia? Brasil vive um surto de doping por EPO
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Daniel Brito

Uênia Fernandes, ciclista e militar, amarga um gancho de quatro por uso de EPO (divulgação)

Uênia Fernandes, ciclista e militar, amarga um gancho de quatro anos por uso de EPO (divulgação)

Um grande atleta olímpico brasileiro costumava dizer, em rodinha entre amigos de confiança, que o atleta brasileiro mal sabe se dopar. É um chiste politicamente incorreto para exemplificar a falta de profissionalismo no chamado “esporte amador” brasileiro. Pois esta frase vai perdendo sentido aos poucos no país.

Porque, sim, os brasileiros estão seguindo os métodos de dopagem mais sofisticados no exterior para tentar melhorar o desempenho nas competições internacionais. Basta observar que do final de 2014 ao início de 2016 foram registrados seis casos positivos de EPO (eritropoetina).

Se tomarmos como parâmetro o relatório mais recente da Wada (Agência Mundial Antidopagem, na sigla em inglês), com estatísticas apenas da temporada 2014, os casos positivos no Brasil representariam quase 10% das ocorrências no mundo inteiro – Wada confirmou 57 atletas flagrados no período.

O número significativo de brasileiros se deve ao trabalho da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem), que passou a investir em exames fora de competição e promover testes de sangue no recentemente erguido LBCD (Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem), antigo Ladetec, na UFRJ.

Antes do advento do LBCD, o Brasil via um ou dois atletas por temporada serem flagrados por EPO. A maioria das punições ocorriam aos que eram flagrados com estimulante, como aqueles que se vendem em farmácias com relativa facilidade. Daí o motivo da tirada infame de um certo grande atleta olímpico brasileiro, que mencionei no início deste texto.

O EPO é um hormônio produzido pelo rim que regula os glóbulos vermelhos (oxigênio) no sangue. Quando injetado em atletas, pode melhorar a performance esportiva em até 30%. É muito utilizado nas provas de endurance, como ciclismo e atletismo. Pode causar grave dano à saúde, por aumentar a viscosidade do sangue.

A ABCD não divulgou o nome dos seis desportistas que testaram positivo para EPO entre o fim de 2014 e o início de 2016.

Pelo andar da carruagem, é provável que mais brasileiros engrossem o sangue com EPO até os Jogos Olímpicos do Rio-2016 e ampliem o surto de doping por esta substância no país.


COL fez repasses milionários para exterior; CPI cita caixa dois na CBF
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Daniel Brito

A sessão da CPI do Futebol desta terça-feira, 22, revelou detalhes da investigação nas contas da CBF e do COL (Comitê Organizador Local) da Copa do Mundo-2014. A reunião, que contou com a presença de seis senadores, discutiu o conteúdo de documentos, até então mantidos em sigilo, obtidos com autorização da Justiça de São Paulo.

Um deles tratava do repasse de recursos do COL para contas fora do país.

Em dezembro de 2013, foram transferidos do COL para uma conta a uma agência do Itaú nos Estados Unidos no valor de R$ 23,7 milhões. Em 2014, o COL repassou R$ 51 mil para uma conta nas Ilhas Canárias, um paraíso fiscal no Atlântico. A informação foi dada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), uma das vozes mais ativas contra a CBF no Senado. “Até onde sabíamos, o COL só possuía contas no Brasil, agora descobrimos duas no exterior”, apontou Randolfe. Em todas as quebras de sigilo bancário e fiscal, a CPI jamais havia encontrado registro dessas duas contas fora do país, cujos donos não estão identificados.

Ele também informou que a Fifa repassou ao COL no Brasil mais de R$ 1 bilhão no período de 2012 a 2015. No ano da Copa das Confederações e da Copa do Mundo, o COL transferiu para Fifa aproximadamente R$ 43 milhões.
“A Fifa teve isenção fiscal no Brasil e há indícios aqui que precisam ser investigados. Isenção fiscal é recurso público, e aqui a gente tem indícios de que recurso público foi utilizado indevidamente pelo esquema CBF-Fifa”, declarou Randolfe.

Suspeita de caixa dois para vice da CBF
Outro documento tornado público na sessão desta terça-feira é uma troca de e-mails de Gustavo Feijó, vice-presidente da CBF para a Região Nordeste, e atual prefeito da cidade de Boca da Mata, Alagoas. É datado de julho de 2012, e o cartola parabeniza Marco Polo pela eleição na CBF (assumira como vice de José Maria Marin) e pede que a entidade transfira valores para sua campanha na eleição municipal de 2012.

“Quando estive na CBF, ainda sobre (sic) a presidência do Dr. Ricardo [Teixeira], falei com ele sobre a intenção do pleito de 2012, naquela data fiou acordado que a participação da casa seria 30% do valor total do orçamento”, diz Feijó em seu email a Marco Polo. “Até o presente momento, já recebi 300 e outra cota de 50, venho solicitar do amigo uma atenção especial para a liberação dos 250 que falta(sic)”.

O email segue com Feijó passando informações sobre o orçamento da campanha eleitoral e sobre o otimismo em sair-se vitorioso. Ele discrimina os gastos, como R$ 900 mil a vereadores e R$ 100 mil em combustível, outros R$ 72 mil para funcionários.

Marco Polo, que trata Feijó no e-mail como “amigo e irmão”, concorda com o pedido do cartola alagoano e ainda pede para que o diretor financeiro da CBF, Antonio Osório, providencie o pagamento a cada 20 dias em parcelas de R$ 50 mil “para manter o nosso fluxo de caixa”.

À Justiça Eleitoral, Gustavo Dantas Feijó declarou receita total de R$ 130 mil de sua campanha à prefeitura. Nem a CBF e nem a Federação Alagona de Futebol aparecem como doadores da campanha, de acordo com a prestação de contas disponível na página na internet do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Marco Polo e Feijó na CPI
Randolfe defende a convocação de Feijó para explicar as suspeitas de caixa dois na campanha eleitoral financiado pela CBF e também uma nova intimação para Marco Polo Del Nero, para explicar a relação com Feijó assim como os do COL para contas bancárias no exterior.

A próxima sessão será na terça-feira, 29, em reunião secreta, para apreciação de novos documentos sigilosos.

Procurada pelo UOL Esporte para comentar sobre a sessão desta terça-feira, 22, da CPI, Feijó e a assessoria da CBF não foram encontradas.